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EvaldoDauto

Dauto Freitas da Silva chegou em Manguinhos em 1967. Trabalhou no tratamento de animais de experimentação numa época em que ainda existia a colônia de macacos na Ilha dos Pinheiros, uma pequena ilha dentro da Baía de Guanabara, nas proximidades do campus da Fiocruz, que com a crescente poluição acabou unindo-se ao continente. Foi atleta da Fiocruz, destaque na corrida de 100 metros. Hoje, é técnico no Laboratório de Pesquisas em Malária, que considera uma família. 

“Deixei o quartel e vim direto para cá, com carta de recomendação do coronel. Meu ingresso foi em 1º de dezembro de 1967. Na época, Dr. Rocha Lagoa era o diretor. Entrei para trabalhar no laboratório de raiva e herpes, com Dr. Estácio Monteiro e Dra. Lourdes. Naquela época, poucos tinham carro e a maioria dos funcionários eram homens.

Lembro que tinha uma carroça de burro que catava o lixo. Eu cuidava dos animais de experimentação: camundongos, macacos e ovelhas. Atravessava a Avenida Brasil para ir à Ilha dos Pinheiros, para tratar os macacos – a criação ficava lá. Naquela época, tínhamos que nos deslocar para a firma que funcionava onde hoje é o Shopping Nova América, apanhávamos a maravalha para os camundongos de caminhão. Na hora de descarregar, caía tudo em cima da gente.

Nesta época era uma família: aqui trabalhou meu pai e dois tios meus, até minha avó vinha se tratar no hospital Evandro Chagas; quando chegava era bem recebida.

Naquele tempo não existia ônibus, havia um caminhão que levava os trabalhadores até a Penha e até Caxias.

Tinha muita abundância nesse tempo. Os funcionários iam para o bandejão. O pessoal da oficina ia para o almoço às 11 horas e o pessoal de laboratório às 12 horas. Os médicos, às 13 horas. Naquela época, não se dizia ‘pesquisadores’, chamávamos de ‘médicos’. Nem se usava ‘técnicos’ – éramos ‘laboratoristas’. 

Era comum descansarmos deitados na grama. Quando passava um médico, todo mundo se levantava. Era um sinal de respeito.

O pagamento a gente recebia no pátio do castelo, depois passou para o almoxarifado. Era a ‘verba da fumaça’, às vezes a gente ficava seis meses sem receber.

Entrei na Associação dos Servidores da Fundação Oswaldo Cruz como sócio atleta nº 46. Eram realizados jogos impressionantes aqui no campus, havia uma pista de atletismo onde hoje é o campo de futebol. Entrei no atletismo na corrida de 100 metros. Representando a Fiocruz nos ‘Jogos Empresariais’, fui o segundo colocado na corrida de 100 metros.

Nos 110 anos do IOC, estou neste lugar, que é a minha casa, desfrutando esses 43 anos. Vi muitos alunos e alunas se tornarem chefes de laboratório. Meu horário é 6 horas da manhã, todos os dias, para começar minhas tarefas.

Dr. Galvão, Dr.ª Fatima, Dalva, Joseli, dr. Claudio, hoje meu chefe, e outros. Este laboratório é uma família. Eles têm um carinho muito grande comigo e por isso dou a minha vida no Instituto Oswaldo Cruz.”

 




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