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Delirdelir

Quando estudante, o encantamento de Delir Corrêa Serra-Freire com mestres como Lauro Travassos e Costa Lima foi determinante para seu ingresso no Instituto, em 1961. Orgulhosa dos anos dedicados ao IOC, a helmintologista relembra saudosa o dia a dia no campus de Manguinhos, onde as rigorosas avaliações eram intercaladas por conversas inesquecíveis nas quais seus mentores, que haviam convivido com os fundadores do IOC, exaltavam a memória das primeiras décadas do Instituto.

“Em 1961, vim ao Instituto Oswaldo Cruz para conhecer o Dr. Lauro Travassos, renomado pesquisador, reconhecido internacionalmente como “Pai da Helmintologia brasileira”. Naquela época, ele era chefe da Divisão de Zoologia Médica, na qual o Departamento de Helmintologia estava inserido. Quem pode imaginar o encantamento que se apoderou de mim e de outras jovens que, como eu, buscavam se inserir no campo da Biologia para aprimorar os estudos? Só quem já viveu emoção semelhante.

A sedução daquele momento nos levou a estagiar no Departamento, lógico que somente após passarmos pela sabatina do grande mestre e de seu assistente e sucessor, João Ferreira Teixeira de Freitas. Nessa avaliação o mais importante era expressar a capacidade de se dedicar ao máximo, trabalhando e estudando tudo que fosse relacionado à Helmintologia. A primeira bolsa de estudos só era concedida após a conclusão, com aprovação, no curso de especialização em Helmintologia do IOC.

Posteriormente, aconteceu a reativação do Curso de Aplicação do IOC, semelhante ao que existia na época do próprio Oswaldo Cruz, realizado no Pavilhão de Cursos, onde passávamos um ano. Tivemos que prestar concurso público para ingressar neste curso. Os professores eram os chefes de departamento, tínhamos aulas teóricas e práticas, e mais nos respectivos laboratórios. Ao término, depois da aprovação nas disciplinas, estávamos habilitados. Todo escopo desse curso foi utilizado como créditos quando da implantação do primeiro curso de pós-graduação do IOC. Depois de cumpridas essa exigências, fomos contratados no Regime CLT e, mais tarde, passamos para Regime Jurídico Único.

Quando começamos como estagiários e logo depois funcionários, todo Campus de Manguinhos era só IOC, com todo seu charme e paisagem bucólica, que podia ser apreciada desde a chegada, subindo a alameda principal a pé, ou de charrete. Havia também a Casa de Chá, com uma figueira em seu centro, circundada pelo balcão de atendimento, com seus galhos frondosos acima do telhado.

Éramos agraciados com a sabedoria e presença de nossos mestres, como Lauro Travassos, Costa Lima e outros, que foram discípulos de Oswaldo Cruz. Eles nos encantavam não só com seus trabalhos, mas também quando contavam as passagens vividas com o fundador desse templo de ciência.

Acredito que para todos nós, discípulos e mestres, esse foi um tempo excepcional, indissolúvel, razão pela qual devemos agradecer de ter tido e vivido essa passagem em nossa história e na história do IOC, que agora completa 110 anos.”

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