Barrasite

LobatoNazareth

Mesmo mãe de sete filhos, Maria de Nazareth Silveira Leal de Meirelles não abandonou sua vocação para a pesquisa e para a ciência. Reingressou na universidade após mais de uma década dedicada exclusivamente à família e, após conhecer o campus de Manguinhos, apaixonou-se por seu ambiente científico único. Tornou-se pesquisadora do Instituto em 1976 e, ao longo de 35 anos, ganhou destaque nos estudos em doença de Chagas, contribuiu para a consolidação da microscopia eletrônica no IOC e deu importantes contribuições para a vida institucional. Maria de Nazareth Meirelles faleceu em 19 de janeiro de 2019, aos 84 anos.

“Interrompi minha carreira acadêmica logo cedo, para dedicar-me à minha família. Assim que terminei minha graduação em História Natural pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 1958, meu marido Márcio, promissor cirurgião vascular, foi convidado a trabalhar nos Estados Unidos. Vivemos fora do país por alguns anos e depois retornamos ao Brasil. Tivemos sete filhos, quatro deles nascidos nos Estados Unidos, que são grandes alegrias na minha vida.

Em nosso retorno, no entanto, senti a necessidade de voltar a estudar e de trabalhar, tanto pela questão financeira quanto por não desejar que minha vida fosse resumida somente a ter filhos e cuidar de nossa casa. Falei a meu marido que era hora de pensarmos na educação de nossas crianças e que, por isso, eu também sentia necessidade de trabalhar e de continuar meus estudos.

Assim que meu último filho nasceu, entrei para um curso de especialização na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), seguido de um mestrado em Biofísica, na mesma instituição. Em todo esse processo contei com o apoio inestimável de minha mãe, Sebastiana, que ajudou a cuidar de meus sete filhos pequenos para que pudesse regressar à vida acadêmica.

Na universidade tive contato com dois professores e pesquisadores que muito me influenciaram. Hertha Meyer, judia alemã radicada no Brasil, e Wanderley de Souza, na época um jovem e promissor professor, discípulo de Hertha. Minha amizade com Wanderley, que foi meu orientador de doutorado, nos levaria a muitas parcerias em estudos no futuro.

Foi através desses professores que acabei conhecendo o IOC. Gostava de visitar o campus, onde ocasionalmente participava de atividades acadêmicas, e acabei me apaixonando pelo Instituto. A beleza e a imponência do Castelo, a interação tão próxima entre pesquisadores e estudantes, o ambiente científico efervescente, a receptividade com que fomos recebidos nos laboratórios, tudo isso acabou por me conquistar e despertar em mim a vontade de dedicar minha vida ao IOC.

Ingressei no Instituto como estagiária do Departamento de Protozoologia e, em 1976, passei a ser pesquisadora do IOC, mesmo ano em que me tornei professora da Universidade. Aqui conheci pessoas maravilhosas, mestres, alunos e amigos queridos. Paralelamente, consegui ter tempo para continuar a dedicar-me à educação de meus filhos e ainda tive tempo para adotar mais uma menina, que tanto representa em minha vida.

Em 1988, já tendo finalizado meu doutorado, passei a integrar a equipe do Centro de Microscopia Eletrônica, mais tarde Departamento de Ultra-estrutura e Biologia Celular, que liderei por 10 anos. Foi com muita alegria, também, que fui coordenadora do Curso de Pós-graduação em Biologia Parasitária do IOC, entre 2001 e 2005.

Durante todos estes anos de dedicação ao Instituto, pude me dedicar à atividade científica que tanto amo e tive a satisfação de orientar muitos estudantes, que acabaram se tornando grandes pesquisadores dessa casa e de outras instituições do Brasil.”

 



 
 
 

 

rodape