Pesquisadores e estudantes discutem o avanço nas pesquisas com células-tronco

Cerca de mil profissionais e estudantes participaram do XIII Congresso da Sociedade Brasileira de Biologia Celular, que discutiu os progressos na área de pesquisas com células-tronco e os avanços da terapia celular entre os dias 26 e 30 de julho na cidade de Búzios. O Instituto Oswaldo Cruz (IOC) foi um dos organizadores do evento, realizado em conjunto com o IX Simpósio Brasileiro de Matriz Extracelular e o IV International Symposium on Extracelular Matriz. Mais de 500 trabalhos de alunos de iniciação científica, pós-graduação e pós-doutorado foram apresentados. Entre os nove premiados, três foram desenvolvidos no IOC. Atividades extra-muros integraram a comunidade local aos debates. .

Gutemberg Brito
Através de pôsteres, foram expostos 510 trabalhos de estudantes de iniciação científica, pós-graduação e pós-doutorado

“As discussões abordaram temas relevantes para a linha de frente da terapia celular, como a perda das células e os mecanismos de controle para sua transferência. Estes mecanismos ainda não estão claros e atualmente são tema de investigação em um projeto liderado por pesquisadores do IOC”, comenta Wilson Savino, chefe do Laboratório de Pesquisas Sobre o Timo do IOC e presidente do evento.  “A terapia celular é uma estratégia promissora, mas ainda há um caminho longo a ser percorrido para que ela se transforme em uma ferramenta médica que possa ser utilizada em qualquer lugar do mundo de maneira corriqueira. É um instrumento potencial para resolver grandes problemas de saúde pública, como doenças cardiovasculares, doenças degenerativas e diabetes”, avalia, ressaltando que o evento é um ambiente favorável para a consolidação e formação de programas de cooperação.

Estudantes de todo o país acompanharam  as oito conferências e 28 mesas-redondas do evento, que contou com cerca de 100 palestrantes. “Aqui estão sendo discutidos os resultados de pesquisas recém obtidos no mundo inteiro. Isto é fundamental para nossa formação porque é uma atualização do que aprendemos em sala de aula”, sintetiza Rafael Cruz, estudante do curso de Biomedicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Gutemberg Brito
O evento contou com um grande número de estudantes,
como Rafael Cruz (direita), Carolina Vitorelli e
Natalia dos Santos, alunos do curso de Biomedicina da UFRJ

Uma exposição de pôsteres reuniu 510 trabalhos de alunos de iniciação científica, pós-graduação e pós-doutorado. Avaliados por um comitê de mais de 40 profissionais, três trabalhos de cada categoria foram premiados. Três deles foram desenvolvidos no IOC. Do Laboratório de Ultra-Estrutura Celular do IOC, conquistaram o segundo lugar Mariana Acquarone, na categoria iniciação científica, e Luciana Garzoni, na categoria pós-doutorado. Também em segundo lugar na categoria pós-doutorado ficou o pesquisador Ingo Riederer, do Laboratório de Pesquisas sobre o Timo do IOC. Ingo expôs o resultado do trabalho Análise da morte celular após a injeção de mioblastos humanos em camundongos RAG gama C , realizado em parceria com o Grupo de Miologia da Faculdade de Medicina Paris 6, da França. Para o estudante, a premiação ultrapassa o reconhecimento. “O trabalho investiga a causa da morte de células humanas injetadas em camundongos que não têm resposta imunológica. Além de ser um reconhecimento, o prêmio mostra que nossa cooperação rendeu bons frutos”, comemora.

A estudante Mariana Acquarone foi premiada com um trabalho que estudou a forma cística do parasita Toxoplasma gondii, agente etiológico causador da toxoplasmose. “O objetivo do nosso trabalho é identificar e caracterizar os cistos responsáveis pela fase crônica da doença, que persistem por toda a vida no paciente, podendo causar danos severos ao tecido nervoso e até uma nova fase aguda no caso de baixa imunológica. Atualmente, não existe tratamento para estes cistos em função do pouco conhecimento sobre sua estrutura. Por isso, uma premiação como esta mostra que o trabalho é bem visto pela comunidade científica e se torna um estímulo para que eu prossiga com o projeto durante minha pós-graduação”, avalia.

As premiações não se restringiram aos cientistas. Afinada à estratégia de integrar a comunidade local aos debates, já na cerimônia de abertura do evento três estudantes de ensino médio foram premiados em um concurso de redação sobre o tema Células-tronco e seu uso em terapia celular, realizado com o apoio logístico da Secretaria de Educação de Búzios. Os estudantes, alunos da Escola Municipal Paulo Freire, receberão bolsas de estudo após ingressarem na universidade. Fernanda dos Santos Brito conquistou o primeiro lugar e os estudantes Ricardo Coutinho e Cristiano da Silva receberam menção honrosa. “A iniciativa gerou um impacto concreto na vida destes estudantes e pode levar a desdobramentos, já que outros estudantes acabam sendo influenciados de forma positiva”, Savino comemora.

Além do concurso de redação, uma mostra de cinema científico com entrada franca completou a programação extra-muros. Durante dois dias, sete filmes foram exibidos no Cine Bardot, no centro do balneário. Entre eles, O mundo macro e micro do mosquito Aedes aegypti – para combatê-lo é preciso conhecê-lo , produzido em 2005 pelo Setor de Produção e Tratamento Imagem do IOC e premiado recentemente no festival internacional de cinema científico Mfi-Science.

Renata Fontoura
03/08/06


 

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