Concluída genotipagem do vírus responsável por surto de sarampo na Bahia

Análises realizadas no Instituto Oswaldo Cruz (IOC) concluíram que o vírus do sarampo que vem circulando no recente surto da doença na Bahia é do tipo D4, o que indica a origem a partir de um caso importado. A conclusão é do Laboratório de Sarampo e Vírus Respiratórios do IOC, que atua como laboratório de referência nacional do Ministério da Saúde para viroses exantemáticas (sarampo e rubéola).

Gutemberg Brito

Desde 1997, o IOC é responsável pela genotipagem do vírus causador dos casos de sarampo circulantes no país

"O Brasil, assim como os demais países das Américas, está em fase de erradicação do sarampo”, destaca a pesquisadora Marilda Siqueira, chefe do Laboratório, acrescentando que a doença, que não é erradicada em nenhum país, causa cerca de 20 milhões de casos por ano no mundo, concentrados sobretudo na África. Destes, cerca de 700 mil são fatais. O processo de erradicação exige uma série de atividades, como a vacinação e o controle epidemiológico. Neste ponto, a atividade do IOC vem sendo fundamental: desde 1996, o Instituto é responsável pela genotipagem dos vírus circulantes, o que permite avaliar a origem do vírus causador dos casos de sarampo no país.

“A genotipagem é uma importante ferramenta para avaliar as estratégias de controle utilizadas e para identificar a origem do vírus circulante”, Marilda sintetiza. “No caso do pequeno surto que vem ocorrendo na Bahia, concluímos que trata-se de um vírus importado. O vírus circulante na epidemia de 1997 que ocorreu no Brasil, por exemplo, não foi mais detectado desde 1998. Isso permite concluir que as estratégias utilizadas naquele momento foram eficazes.” Outra importante função da genotipagem é viabilizar a conclusão segura de diagnósticos. Em alguns casos, a vacinação pode gerar como reação secundária um leve exantema (vermelhidão na pele). Quando ocorrem surtos, esta reação pode ser confundida com o próprio sintoma da doença, confundindo o diagnóstico. A genotipagem torna-se um recurso fundamental para solucionar estas situações.

O sarampo é uma doença altamente contagiosa, transmitida através de secreções nasais. No Brasil, o controle do sarampo foi iniciado com uma campanha realizada em 1992, na qual foram vacinadas 48 milhões de crianças – uma cobertura de 95%. Atualmente, o sarampo está integrado ao calendário nacional obrigatório de imunização na dose tríplice viral (que protege contra sarampo, rubéola e caxumba), aplicada em crianças aos 12 meses de idade. Para prevenir a doença, a orientação é que os pais revejam a carteira de vacinação de seus filhos, verificando se a tríplice viral foi recebida. A dose é gratuita e pode ser solicitada em postos de saúde de todo o país.

Raquel Aguiar
14/11/06