Estudo avalia risco de pessoas que
convivem com pacientes de hanseníase contraírem a doença

Um estudo realizado pelo Laboratório de Hanseníase do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) pode ajudar a delimitar, entre as pessoas que mantêm contato com pacientes de hanseníase, um grupo com maior risco de adoecer. A pesquisa pretende estabelecer o perfil de um possível grupo de risco entre os contatos dos pacientes de hanseníase e também verificar se a segunda dose da vacina BCG, indicada desde 1991 pelo Ministério da Saúde como medida preventiva a quem convive com hansenianos, é realmente eficaz.

O Ambulatório Souza Araújo, do IOC, que atende pacientes hansenianos, vem examinando desde 1987 os comunicantes dos pacientes registrados no serviço. Os resultados destas observações deram origem ao estudo. “Quando diagnosticamos um paciente, nos preocupamos em enfatizar a necessidade dos familiares comparecerem ao serviço para serem examinados e orientados, pois este é o grupo com maior risco de adoecer”, descreve Nádia Duppre, que atua como enfermeira no ambulatório e apresentará a pesquisa como tese de doutorado, orientada pelo pesquisador Luiz Antonio Bastos Camacho, do Departamento de Epidemiologia da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp).

“A utilização da sorologia anti-PGL-1 é um instrumento que tem sido utilizado em vários estudos em diferentes países com a finalidade de detectar os indivíduos infectados pelo Mycobacterium leprae, o bacilo causador da hanseníase”, a pesquisadora explica. O procedimento identifica anticorpos produzidos pelo organismo dos indivíduos infectados pela bactéria que provoca a doença.

“O fato do número de doentes ser maior entre os indivíduos positivos para a sorologia anti-PGL-1 sinaliza que o teste pode ser um bom marcador de grupo de risco”, Nádia afirma. “No entanto, é importante lembrar que nem todas as pessoas que entram em contato com a bactéria produzem anticorpos ou desenvolvem a doença e que, por isso, indivíduos infectados também podem produzir resultados negativos para esta sorologia”. Além de verificar se o anti-PGL-1 é capaz de delimitar um grupo de risco entre os contatos, o estudo avaliará se a segunda dose da vacina BCG é realmente eficaz para a prevenção de pessoas que convivem com portadores da doença.

“Se o efeito imunizante da segunda dose para a vacina BCG para a hanseníase for maior do que o produzido pelo BCG recebido na infância, a imunoprofilaxia poderá se tornar um instrumento bastante útil para a prevenção da doença. A definição de uma população de risco entre os contatos dos pacientes, por sua vez, permitirá o acompanhamento deste grupo com a finalidade de incrementar o diagnóstico precoce, o que poderá evitar seqüelas e incapacidades causadas pelo diagnóstico tardio da hanseníase. Futuramente, poderá ser possível tratar esse grupo com uma quimioprofilaxia específica, que poderá evitar o desenvolvimento da doença”, Nádia prevê.

Bel Levy
17/07/06


 

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