Atendimento ambulatorial: a interface direta da pesquisa com a população

Tecnologia de ponta, informação e profissionalismo. Com estes instrumentos, os laboratórios de pesquisa do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) voltados para o estudo da hanseníase e de hepatites virais aliam a promoção da saúde da população ao avanço do conhecimento científico. Através dos serviços de Referência nos níveis municipal, estadual e federal, auxiliam no atendimento de pacientes confirmando o papel do IOC no controle de importantes problemas de saúde pública brasileiros.

Para os profissionais de saúde integrantes das equipes do Programas de Saúde da Família (PSF), que realizam a atenção básica de acordo com os princípios básicos do Sistema Único de Saúde (SUS), a possibilidade de recorrer a centros capazes de esclarecer casos que apresentam complicações ou dificuldades diagnósticas é fundamental para a qualidade do atendimento. Para o paciente, ser tratado em um Serviço de Referência é sinônimo de segurança. “O acompanhamento por um centro de referência possibilita o acesso a exames de alta complexidade e atendimento por especialistas”, garante a médica Maria Eugênia Noviski Gallo, chefe do Laboratório de Hanseníase do IOC. “A partir dos atendimentos feitos no ambulatório, realizamos pesquisas de caráter clínico, epidemiológico e laboratorial e procuramos conscientizar o paciente a respeito da doença. Assim, ele se torna um propagador desta informação.”

A avaliação do fisioterapeuta é essencial para a prevenção de incapacidades físicas e comprometimentos neurais decorrentes da hanseníase

No Ambulatório Souza Araújo, setor assistencial do Laboratório de Hanseníase do IOC, o paciente diagnosticado é encaminhado também para orientação por assistente social e para os cuidados de fisioterapia, para avaliação e prevenção de incapacidades físicas. “Percebemos o paciente na sua totalidade, respeitando a singularidade de cada um”, afirma a assistente social Rita Maria de Oliveira Pereira. “Por outro lado, é necessário estarmos atentos às questões culturais inerentes à hanseníase, que ao longo do tempo e até hoje continuam afetando a vida dos portadores desta doença em virtude dos símbolos negativos que lhe foram atribuídos, causando, ainda nos dias atuais, discriminação social na escola, no trabalho e, em alguns casos, no próprio ambiente familiar”.

O Laboratório de Hepatites Virais, também de Referência Nacional, segue o mesmo princípio no atendimento a pacientes com quadro clínico de hepatite. Em parceria com o Laboratório Noel Nutels, o laboratório do IOC participa do Programa de Diagnóstico Precoce das Hepatites Agudas, atendendo uma demanda espontânea de em média quinze casos agudos por semana. Com tecnologia e procedimentos médicos de referência nacional, o laboratório diagnostica casos agudos em curto prazo – de três a sete dias –, permitindo que o tratamento do paciente seja acelerado.

Nos ambulatórios do IOC, o esclarecimento e a orientação do paciente são peças-chave para o sucesso do tratamento

“Podemos dizer que o atendimento aqui é diferenciado porque, além de diagnosticar o paciente e indicá-lo à unidade de tratamento mais adequada, realizamos um serviço de esclarecimento”, avalia a médica Lia Lewis, que coordena o serviço. Esta atenção diferenciada é fundamental para a adesão do paciente ao tratamento: é preciso que o paciente primeiro entenda os motivos, para depois seguir as instruções do profissional de saúde.

A experiência do impacto do atendimento diferenciado sobre a adesão ao tratamento também é observada no Ambulatório Souza Araújo. “Só a confirmação do diagnóstico não basta para convencer o paciente a realizar o tratamento, ele precisa de uma orientação específica, que varia de pessoa para pessoa. Por isso, é preciso escutar o silêncio do outro, enxergar nas expressões não-verbalizadas a necessidade da cada um, para então poder atendê-las”, a assistente social do serviço conclui. “O nosso trabalho se propõe, além da orientação de educação em saúde, também atuar no sentido de ajudar os pacientes e suas respectivas famílias a compreenderem melhor as questões culturais que envolvem a doença, buscando minimizar o estigma histórico”.

Por Bel Levy
30/03/2006

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