Projetos do IOC são aprovados em editais da Finep e BNDES

As coleções científicas e o projeto de modernização do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) acabam de receber um importante impulso com a aprovação de projetos voltados para estas duas áreas estratégicas em importantes editais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

A última sexta-feira, 15 de setembro, foi um dia marcante para as coleções científicas macro do IOC. Em solenidade, o presidente do BNDES, Demian Fiocca, e o Ministro da Cultura, Gilberto Gil, anunciaram os vencedores do edital do Programa de Apoio a Projetos de Preservação de Acervos patrocinado pelo Banco. Dos 463 projetos inscritos em todo o Brasil, 295 foram selecionados para a etapa final. O projeto Organização, Modernização e Preservação das Coleções Científicas Macro do Instituto Oswaldo Cruz foi o 4º colocado entre os 20 vencedores.

Gutemberg Brito
Marcelo Pelajo (dir), José Tepedino, Jane Costa, Tania Araújo-Jorge, Gilberto Gil, Silvana Thiengo e Jorge Ayres sobre arte que retrata as quatro coleções do IOC contempladas no edital do BNDES

“O incentivo aos acervos é fundamental para a cultura do país, porque consolida a base sobre a qual futuras gerações poderão conhecer o presente”, apresentou o presidente do BNDES. “Neste ano, devido ao volume de bons projetos recebidos para o edital de Apoio a Projetos de Preservação de Acervos, aumentamos a verba destinada de R$ 5 milhões para R$ 5,4 milhões. Acreditamos que, consolidando esta política de apoio, que tem foco naquilo que é mais raro, contribuiremos para uma melhor situação de guarda, preservação e segurança dos acervos no país”, concluiu, anunciando que para a edição de 2007 o montante de verbas destinado ao edital subirá para R$ 6 milhões.

“Os acervos representam a memória do país”, sintetizou o ministro Gilberto Gil. “A culturalização da economia é um fato evidente. Ao mesmo tempo, existe uma economização da cultura. É esta tendência que o Ministério da Cultura tem em mente em suas ações e que o BNDES, neste edital, demonstra estar acompanhando – sempre dentro do conceito de responsabilidade social. Temos orgulho de sermos os irradiadores desta boa nova, de estarmos na vanguarda desta mudança de paradigma”, opinou.

Gutemberg Brito
A equipe do IOC junto ao presidente do BNDES,
Demian Fiocca (ao centro)

Representando a Fiocruz no evento, a diretora do IOC, Tania Araújo-Jorge, destacou as interfaces entre ciência e cultura. “Temos as coleções científicas mais antigas do país. O mais interessante em iniciativas como esta é que elas acompanham e apóiam um movimento em que as coleções deixam de ser uma questão de guarda pessoal de um pesquisador e passam a consolidar uma política de preservação. A articulação entre ciência, arte, cultura e cidadania só tem a celebrar”, concluiu.

Os benefícios que serão gerados em cada uma das coleções científicas macro do IOC são variados e atendem à especificidade das demandas de cada uma. “Será possível agilizar e finalizar o processo de informatização das Coleções Entomológicas Históricas, bem como melhor proteger, preservar, modernizar e divulgar o acervo como um todo”, antecipou a pesquisadora Jane Costa, curadora da Coleção Entomológica do IOC. “Será iniciado o processo de digitalização e de elaboração de coleções virtuais, além de pesquisas no campo da entomologia médica explorando espécimes depositados nas Coleções. Com estas atividades estaremos não só modernizando nosso acervo, mas também ampliando as possibilidades de colaboração e integração com outras coleções e instituições científicas nacionais e internacionais.” O projeto complementa atividades iniciadas durante os projetos PAPES de apoio a acervos científicos. “Trata-se, portanto, do fruto de uma política institucional voltada para acervos científicos que permitirá projetar nossas coleções e concretizar metas há muito almejadas”, avaliou.  

Gutemberg Brito
O ministro da Cultura, Gilberto Gil, e o presidente do BNDES, Demian Fiocca, anunciaram os vencedores do edital

Com o financiamento recém-anunciado, a Coleção Helmintológica do IOC planeja adquiriir armários de aço inoxidável de uso específico. “Os armários serão utilizados de forma a complementar a modernização de estocagem de parasitos em meios líquidos, diminuindo os prazos em que estes meios têm sido verificados – tendo em vista que, sendo voláteis e submetidos a temperaturas usualmente maiores que 21ºC, rapidamente podem evaporar”, descreveu Dely Noronha, curadora da Coleção Helmintológica. “Para evitar que isso ocorra, estas verificações têm sido realizadas quatro vezes ao ano, o que exige um árduo trabalho de toda a equipe. Os armários permitirão que as equipes tenham suas atividades voltadas para outros pontos de interesse e que o material não esteja sob constante risco de perda, pois as verificações passarão a ser feitas somente a cada três anos. Os armários são capazes de manter a temperatura e umidade adequadas à perfeita preservação dos espécimes, o que dará uma nova dinâmica de trabalho à Coleção, como ocorre desde o século passado nas maiores e mais importantes coleções de parasitos do mundo, como as preservadas nos museus de Londres, Paris, Nova York e Genebra.”

Com o aporte de verbas, a digitalização do acervo de lâminas e documentos é a principal meta para a Coleção de Febre Amarela. “Este é um projeto antigo, que remonta a 1984, quando o dr. Henrique Lenzi , então curador da Coleção, defendia que ela não fosse perdida”, recordou o pesquisador Marcelo Pelajo , atual curador da coleção de Febre Amarela, que tem as peças mais antigas datadas de1930. “Estamos no caminho do fortalecimento. A preservação e modernização das coleções científicas está se consolidando como uma política institucional de valorização do patrimônio.” E completou: “Precisamos enxergar a relevância histórica desta iniciativa.” Ao mesmo tempo em que investe-se na finalização do inventário, no início da digitalização  do acervo e em sua organização física, a Coleção de Febre Amarela do IOC serve como base para importantes estudos moleculares. “Estamos no caminho para conseguir realizar análises moleculares em amostras bastante antigas, algo que seria impensável alguns anos atrás.”

Para a Coleção Malacológica, o apoio recebido do BNDES também permitirá o avanço na consolidação da infra-estrura necessária para o melhor acondicionamento do acervo e a dinamização da rotina de trabalho. “O aporte de verbas corresponderá à aquisição de armários deslizantes e compactantes, que facilitarão não somente a guarda como também o manuseio do acervo, o que otimizará ao máximo a manutenção e a operacionalização da Coleção”, descreve a pesquisadora Silvana Thiengo, curadora da Coleção Malacológica do IOC.

Outra conquista do IOC foi a aprovação do projeto Modernização de Serviços Tecnológicos da Fiocruz no Rio e na Amazônia: citômica, recursos biológicos e gestão ambiental , submetido a edital da Finep que apoiará a qualificação e modernização de instituições de pesquisa brasileiras. O projeto do IOC enquadra-se na linha 2 do edital – Modernização da Infra-estrutura Laboratorial –, que contemplou 12 das 104 propostas enviadas.

A execução do projeto permitirá a modernização dos serviços tecnológicos desenvolvidos pela Fiocruz no Rio de Janeiro (IOC) e na Amazônia (Centro de Pesquisas Leônidas e Maria Deane – CPqLMD) e a adequação das plataformas instrumentais e coleções científicas à qualidade ambiental e às normas de biossegurança. Para atingir esse objetivo, quatro etapas serão desenvolvidas: modernização dos bancos de dados e adequação às normas internacionais de qualidade e biossegurança das coleções científicas do IOC e do CPqLMD; aquisição de equipamentos-chave para melhoria do atendimento a usuários da plataforma instrumental de citômica do IOC; capacitação institucional para implantação da gestão ambiental nos laboratórios responsáveis pelas coleções científicas e por serviços tecnológicos; e treinamento e capacitação de recursos humanos.

Bel Levy e Raquel Aguiar
22/09/2006


 

Volta