Palestra sobre Paleoparasitologia lotou o Centro de Estudos

Há 25 anos, era defendida a primeira tese de mestrado do curso de pós-graduação em Biologia Parasitária do Instituto Oswaldo Cruz (IOC). Para marcar a data, seu autor, Adauto Araújo, palestrou para um Centro de Estudos lotado no último dia 9 de dezembro. Com o tema Paleoparasitologia, o sonho de um pesquisador de grande imaginação e conhecimento: Luis Fernando Ferreira , Adauto, que atualmente é coordenador de pós-graduação da Fiocruz, homenageou o pesquisador que implantou o curso e consolidou a Paleoparasitologia no Brasil.

Há quase três décadas, Luis Fernando Ferreira foi o primeiro pesquisador a estudar a possível presença de parasitos em épocas pré-colombianas, promovendo uma inovação na Parasitologia. Adauto conta que passou a fazer parte do grupo de pesquisa por acaso. “Eu era aluno da pós-graduação em Biologia Parasitária e havia escrito uma tese para estudar a triconomose, uma parasitose sexualmente transmissível”, diz. “Escrevi o projeto e fui mostrá-lo ao Luis Fernando, que era coordenador do curso na época. Quando entrei na sala, ele e dois pesquisadores falavam justamente sobre o estudo de parasitologia em épocas pré-colombianas. Fiquei fascinado. Eles perceberam e me convidaram para coletar o material no dia seguinte”, conta. O estudo, que procurou identificar ovos de parasitos em fezes fossilizadas de múmias, foi viabilizado pela cooperação com o Instituto de Arqueologia Brasileira.

O termo paleoparasitologia surgiu desta pesquisa, apresentada pela primeira vez no Congresso de Parasitologia, em Campinas, em 1979. No ano seguinte, dois artigos publicados sobre o tema consagraram mundialmente não só o termo, mas também as técnicas e a metodologia desenvolvidas pelos pesquisadores. “Houve uma difusão enorme do nosso trabalho”, Adauto comenta. “Passamos a desenvolvê-lo em cooperação com pesquisadores do mundo todo.”

A primeira turma do curso de Biologia Parasitária, criado em 1976, contava 10 alunos e Adauto foi o primeiro a defender sua tese, intitulada Contribuição ao estudo de helmintos em material arqueológico no Brasil . Ele lembra das dificuldades que existiam na época. “Não tínhamos máquina copiadora, era preciso ir à biblioteca fazer a ficha dos artigos”, diz. “Sem computador, procurávamos bibliografia nas revistas científicas e líamos todos os artigos, um por um”. O trabalho, todo escrito à mão, contou com seis versões antes de ser aprovado.

O curso de Biologia Parasitária marcou a evolução dos programas de pós-graduação no IOC. “Muita coisa aconteceu, não só em relação à modificação e o crescimento do curso de Biologia Parasitária no IOC, mas de toda a Pós-graduação dentro da Fiocruz”, Adauto finaliza.



Turma de 1980 do curso de Biologia Parasitária,
tema de documentário

 

Por Renata Fontoura
Foto: Lab. de Produção e Tratamento de Imagem/IOC
08/12/05

 

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