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Como cientista, Carlos Médicis Morel foi pioneiro no estabelecimento das linhas de pesquisa em bioquímica e biologia molecular no IOC. Enquanto gestor, chegou aos cargos de diretor do Instituto e de presidente da Fiocruz. E pensar que a sorte poderia ter sido muito diferente: por pouco, o convite para integrar-se aos quadros do IOC, em 1978, não foi barrado pelo regime autoritário da época. Morel, que é membro titular da Academia Brasileira de Ciências e foi diretor do Programa Especial de Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais da Organização Mundial da Saúde (TDR/WHO), atualmente dirige o Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde da Fiocruz.

“Cheguei ao IOC em abril de 1978 vindo da Universidade de Brasília, onde lecionava, a convite de Lobato Paraense, que então era vice-presidente de Pesquisa da Fiocruz, para dar início ao setor de bioquímica e biologia molecular. A princípio, meu nome foi vetado pelo Serviço Nacional de Inteligência (SNI), mas no final das contas conseguiu-se a minha liberação.
 
Em 1980, José Rodrigues Coura, diretor do IOC na época, me convidou para dar início ao Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular. O DBBM cresceu muito rapidamente, alcançando grande produtividade. Logo ganharíamos destaque, inclusive internacional. Desenvolvemos trabalhos pioneiros em engenharia genética e sequenciamento de genomas.
 
Em 1985, com a redemocratização, Sergio Arouca assumiu a presidência da Fiocruz. No IOC, fui indicado para a Diretoria por votação do Conselho Deliberativo do Instituto. No ano seguinte, Arouca me convidou para a vice-presidência de Pesquisa da Fundação, cargo que acumulei com a diretoria do Instituto.
 
Como diretor do IOC, algumas realizações me orgulham especialmente. Foi muito relevante a aquisição do primeiro citômetro de fluxo do IOC – o primeiro equipamento do tipo na América Latina. Naquela época não havia uma política de fomento interno na Fiocruz como temos hoje, com o Papes e outras modalidades, nem a prática era ainda bem estabelecida nas agências. O equipamento, de ponta, custou algo como R$ 150 mil nos valores atuais.
 
Arouca, como presidente, fez toda a negociação. Ele, que convencia todo mundo, fez um grande convênio com o INSS e convenceu a se fazer o investimento na Fiocruz, como uma forma de investir no Sistema Único de Saúde.

Na diretoria do Instituto, também foi muito gratificante a criação do programa de pós-graduação em Biologia Celular e Molecular do IOC. Ao mesmo tempo, com muito esforço, conseguimos a indexação da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. Brinco que meu sucessor no cargo, Sergio Coutinho, ficou com a fama, já que a carta com a boa-nova chegou uma ou duas semanas depois do fim do meu mandato.”

 

 

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