Drogas
contra a Aids podem conter vírus, diz estudo
RICHARD
BLACK
da BBC Brasil
Um
estudo feito em Taiwan revelou que dar drogas anti-retrovirais a
pessoas infectadas com o HIV pode reduzir a transmissão do
vírus.
Os
pesquisadores da Universidade Nacional de Taiwan dizem que há
forte evidência de que o tratamento é uma forma efetiva
de controlar a epidemia.
Em
1977, Taiwan começou a oferecer, gratuitamente, drogas anti-retrovirais
modernas, de grande eficácia, a portadores do vírus.
Os
pesquisadores dizem que, desde então, os índices de
infecção caíram pela metade.
Comportamento
Nesse
meio tempo, a incidência de outras doenças transmitidas
sexualmente, como gonorréia e sífilis, permaneceu
constante.
Isso
prova, dizem os pesquisadores, que é realmente a droga, e
não uma mudança no comportamento das pessoas, que
está causando a diferença.
Estudo
após estudo mostra que drogas anti-retrovirais modernas mantêm
portadores do HIV vivos, contendo os níveis do vírus
no corpo do paciente.
Se
isso também reduz a probabilidade de esses pacientes passarem
o vírus a outras pessoas é uma questão que
vem sendo debatida à exaustão pelos cientistas.
O novo
estudo, mencionado no Journal of Infectious Diseases, oferece as
evidências mais concretas já obtidas até agora.
Especialistas
não vinculados ao estudo dizem que a pesquisa oferece mais
uma razão para a introdução de drogas anti-retrovirais
em países em desenvolvimento assim que possível.
Mas
enfatizam que outras medidas de controle, como educação
e distribuição gratuita de preservativos, são
necessárias para uma redução do índice
atual de novas infecções no mundo, que é de
5 milhões de pessoas por ano.
O editor
do UK National Aids Manual, Keith Alcorn, disse: "Este estudo
mostra que, em um país com uma epidemia relativamente pequena,
introduzir logo o tratamento pode conter o alastramento do HIV".
"Resta
saber se isso terá o mesmo efeito em países como a
África do Sul, onde uma em cinco pessoas está infectada
e onde o tratamento vai começar em um estágio mais
avançado da epidemia".
"Os
pontos importantes são garantir que o tratamento será
iniciado rapidamente e oferecer todo o apoio de que as pessoas precisam
para tomar seus remédios todos os dias", concluiu Alcorn.
Folha de SP
- 05/08/2004
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