Amazônia
reivindica maior participação em verbas de pesquisa
Em
congresso no Pará, pesquisadores discutem discriminação
da região e pedem conscientização sobre temas
ambientaisRaimundo José Pinto escreve de Belém para
a ‘Gazeta mercantil’:A Amazônia recebe apenas
2% dos recursos destinados pelo governo federal à Ciência
e Tecnologia, apesar do enorme potencial de conhecimento que a região
representa para esse setor e de gerar em torno de 8% do Produto
Interno Bruto (PIB) brasileiro.“Sem base de conhecimento,
a Amazônia sempre será relegada a um plano inferior
no que diz respeito ao processo de desenvolvimento”, afirma
Cláudio Ribeiro, secretário adjunto de Ciência,
Tecnologia e Meio Ambiente do Pará.Ele citou como exemplo
desse tratamento o fato de Minas Gerais ter mais universidades federais
que o conjunto dos estados que compõem a região amazônica.“Isso
não foi fruto do acaso. O fato é que aqui a baixa
produção de conhecimento, de pesquisas, afeta a qualidade
de vida e a economia”, acrescenta.Esse é apenas um
dos assuntos tratados durante o III Congresso Nacional de Engenharia
Mecânica, realizado em Belém.Segundo seus organizadores,
o evento procura discutir questões gerais, além das
acadêmicas, como a discriminação na distribuição
de recursos para a região Norte, a poluição
ambiental e fornecimento de energia para comunidades isoladas.O
professor Carlos Maneschy, coordenador do congresso, informa que
muitas discussões levantadas pelos cerca de 700 trabalhos
inscritos interessam a profissionais ligados a áreas como
Física, Geologia, Química, Engenharia Química,
Mecatrônica, entre outras.Cláudio Ribeiro disse ainda
que, os fundos setoriais, criados em 2001 para dar mais incentivo
à C&T, não estão destinando os 30% determinados
em Lei Federal para as regiões Norte, Nordeste e Centro-
Oeste.Sem investimentos satisfatórios, ele diz que alguns
estados se tornaram parceiros no financiamento de C&T, deixando
para trás a idéia de que essa deva ser uma preocupação
exclusiva do governo federal.No Pará, por exemplo, foi criado
em 1995 o Fundo Estadual de Ciência e Tecnologia (Funtec),
que recebe 0,4% da receita líquida do estado e tem por finalidade
apoiar o financiamento de programas e projetos de pesquisa e de
qualificação de recursos humanos de relevância
para o desenvolvimento científico e tecnológico.Ao
falar sobre a poluição ambiental, o professor Augusto
Brasil, do Departamento de Hidráulica e Saneamento, da Universidade
Federal do Pará (UFPA), disse que a população
tem um comportamento nada exemplar quando se refere aos cuidados
com o ambiente.“Sempre que se fala em meio ambiente, refere-se
especificamente ao problema ambiental. Mas o que nunca se considera
é que no seio do problema ambiental está a nossa postura
enquanto sociedade. Somos nós, povo, que causamos o problema
ambiental.”A questão da poluição ambiental
na Amazônia é assustadora porque, segundo ele, “vivemos
em uma sociedade em que poucos se preocupam com a quantidade de
água consumida.”(Gazeta Mercantil, 13/8)
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