Nova
era (nano)tecnológica
Por
Thiago Romero, de Cuiabá
Agência FAPESP - A Terra está para o homem assim como
o homem está para a molécula. Essa foi a proporção
encontrada por Henrique Toma, professor do Instituto de Química
da Universidade de São Paulo (USP), para explicar a escala
do universo nanométrico ao público que lotou a sessão
“Os desafios dos nanomateriais e materiais supramoleculares”,
na manhã de terça-feira (20/7), segundo dia de atividades
na 56ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC), em Cuiabá.
Segundo Toma, o interesse dos cientistas está se voltando
cada vez mais para os nanomateriais, onde a funcionalidade se reduz
à dimensão nanométrica (do bilionésimo
do metro) para que os materiais sejam projetados quimicamente com
o objetivo de atingir propriedades e aplicações mais
elevadas.
“Se olharmos para áreas como física, química,
biologia e computação, acharemos um ponto em comum,
a nanociência, que atualmente está no foco central
delas”, acredita Toma. “A nanotecnologia terá
um impacto em todas as disciplinas e quem não acompanhar
essa evolução certamente ficará defasado.”
Toma citou alguns exemplos para ilustrar a afirmação,
como um novo sistema para limpeza automática de superfícies.
No caso, nanopartículas de dióxido de titânio
são aplicadas em vidros para que sejam realizadas reações
fotoquímicas. “A tensão superficial do vidro
é modificada, de maneira que as partículas de sujeira
que grudam no vidro sejam decompostas fotoquimicamente”, disse.
Outro exemplo seria a funcionalização de nanopartículas
fluorescentes para a visualização do medicamento dentro
do organismo humano durante o tratamento médico. “A
trajetória das drogas e o histórico visual do medicamento
podem auxiliar nos diagnósticos clínicos e ainda ajudar
no tratamento de doenças mais complexas”, contou.
Outro exemplo citado pelo professor da USP é o milipede,
segundo ele uma das principais tecnologias da atualidade. Trata-se
de uma nanotecnologia inovadora desenvolvida por cientistas da IBM
capaz de armazenar 25 milhões de páginas em uma superfície
do tamanho de um selo postal.
“O sistema registra os dados em filmes de plástico
com furos de dimensões nanométricas. As informações
são compactadas em bilhões de vezes”, disse.
“Para se ter uma idéia, os gravadores de CD também
são feitos com pequenos buracos, só que os furos de
um CD-ROM podem ser considerados crateras perto dos furos realizados
nos nanoburacos do plástico. Esse é o estado da arte
atual na área de tecnologia da informação.
Trata-se de algo prático e real que estará em breve
disponível no mercado.”
21/07/2004
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