C&T
ganha novo fundo de financiamento
Os
recursos resultarão de operação conjunta entre
o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
e Finep/MCT.
Serão
disponibilizados parte dos fundos do BNDES para a inovação
tecnológica - até 10% do lucro líquido - desde
que não ultrapasse 0,5% do patrimônio líquido
do Banco, o que significa R$ 180 milhões ainda para este
ano.
O ministro
da C&T, Eduardo Campos, disse que o novo fundo poderá
ser investido nas áreas tidas como prioridades na política
industrial, como fármacos, semicondutores, software e bens
de capital, e nos setores listados como estratégicos como
temas nacionais, área espacial, nuclear e recursos do mar.
'Com
esse fundo, o governo deseja aumentar o conjunto de recursos disponíveis
para fazer a inovação tecnológica', declarou
o ministro, explicando que o Funtec é direcionado para projetos
que estejam ligados à inovação e produção,
não à pesquisa.
Ele
disse que os recursos poderão ser usados a fundo perdido,
financiados com juros equalizados e também como participação
acionária em empresa incubada.
Campos
revelou que houve uma melhora nos recursos do MCT e dos fundos setoriais
entre 2003 e 2004, na ordem de 11,6%, o que significou o incremento
de R$ 300 milhões.
'Imaginamos
a continuidade desse processo. O presidente Lula afirmou, inclusive,
que área de C&T será priorizada na revisão
do Plano Plurianual. Isso, somado à Lei de Inovação,
que trará incentivo aos investimentos de pesquisa de desenvolvimento,
mais fundos como esse do BNDES e as parcerias com os estados, vamos
nos aproximar da meta de 2% do PIB em investimentos em ciência
e tecnologia. Hoje, estima-se que temos por volta de 1,2% do PIB',
explicou.
O ministro
informou também mudanças na gestão dos fundos
setoriais, com a substituição de alguns membros dos
comitês gestores que estavam com mandatos vencidos e a constituição
de um comitê formado pelo conjunto dos presidentes do fundos.
Outra
novidade é que o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos
(CGEE) vai analisar os resultados dos projetos financiados pelos
fundos setoriais. Serão avaliados os impactos na produção,
o efeito, e o que gerou para a empresa do valor agregado, de receita
e empregos.
'Esse
mecanismo servirá como controle. Esperamos ter uma gestão
mais eficiente e buscar resultados melhores', avaliou o ministro,
informando que no próximo dia 18, será realizado um
seminário com todos os representantes do comitês gestores
dos fundos setoriais.
Plenária do CCT frustra expectativas, comentário de
José Monserrat Filho
O encontro
deixou muito a desejar na medida em que apresentou resultados bem
menos expressivos do que esperavam todos aqueles que desejam ver
o país comprometido em profundidade com um programa ambicioso
de pesquisa em C&T e de formação de especialistas
em larga escala em áreas prioritárias.
Ficou
clara a ausência de recursos para o fomento indispensável
e urgente à pesquisa científica e à preparação
de quadros qualificados nas áreas definidas como prioritárias
para uma Política Nacional de C&T
A maior
notícia do encontro - a criação do Fundo de
Pesquisa de Ciência e Tecnologia (Funtec) - é positiva,
sem a menor dúvida, mas está longe de atender às
grandes prioridades da Política Nacional de C&T, que
o CCT tem discutido praticamente deste a sua criação
no final do ano passado.
O CCT,
pelo visto, está sendo limitado às tarefas de inovação
nas empresas. Essa restrição, a rigor, não
justifica a existência de um órgão da dimensão
e da importância do Conselho Nacional de C&T.
Parece
confirmar-se a suspeita de que a política industrial e a
política de C&T estão sendo vistas pelo Governo
Lula como se fossem uma única e mesma ação,
sem as peculiaridades e demandas específicas de cada uma
delas.
Isso
explica por que as prioridades da Política Nacional de C&T,
em torno das quais já se alcançou razoável
consenso entre os membros do CCT, não foram proclamadas com
toda a pompa e circunstância, como se aguardava.
Ao
mesmo tempo, cuidou-se de enfatizar as prioridades da política
industrial, discutida e concebida em outra instância do Governo,
que tem no desafio da inovação seu alvo natural e
imprescindível.
Indo
por este caminho, o CCT em breve estará padecendo de uma
crise de identidade, o que poderá lhe ser fatal.
E certamente
será uma derrota pesada para todos neste país deixar
que um Conselho Nacional de C&T definhe por falta de personalidade
própria.
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