IOC
conquista nova patente
Drogas
testadas podem contribuir para tratamento novo contra AIDS
A Fiocruz recebeu recentemente patente de “Protease inhibitors
and their pharmaceutical uses”, inibidores da enzima protease
que podem ser úteis no desenvolvimento de um novo tratamento
de infecção pelo HIV, o vírus da AIDS.
A protease corta e estrutura as proteínas virais, permitindo
que o vírus se torne capaz de infectar outras células.
“Uma das características do vírus da AIDS é
sua altíssima variabilidade, até 30%”, explica
a Dra. Vera Bongertz, do Laboratório de AIDS e Imunologia
Molecular do IOC, que realizou testes com 14 drogas, em colaboração
com Far-Manguinhos.
Mirando o alvo. Foi pensando nisso que o Dr. Octávio Antunes
(UFRJ), começou a desenvolver os novos inibidores de protease,
com mais quatro pes quisadores. Levou em conta a estrutura de outros
inibidores desse tipo e da pró-pria protease. Era preciso
mudar o alvo específico destes remédios na enzima
viral, para obter novos resultados.
Bongertz ressalta que os primeiros inibidores de protease foram
usados em 1996. Faziam cair bastante a carga viral dos pacientes
infectados pelo HIV. Logo se constatou, porém, que em pouco
tempo, os vírus conseguiam resistir a seus efeitos, revelando
uma eficácia limitada a um tempo de uso relativamente curto.
Outros inibidores. A equipe de Antunes estava preocupada também
com outro tipo de inibidor: o elevado custo dos medicamentos, quase
todos importados e de preços proibitivos à grande
maioria dos soropositivos. Começou produzindo 14 drogas e
as enviou a Bongertz, para testá-las. Apenas duas revelaram
boa capaci-dade de inibição, reduzindo bastante a
replicação dos isolados de vírus na cul-tura
de célula, informou ela, que traba-lhou em concentrações
similares às ob-servadas no uso do AZT, como critério
de validação dos testes.
A estrada para criar uma nova droga contra o vírus da AIDS
é cheia de obstá-culos. Não basta querer. Há
passos qua-se intransponíveis: “é altíssimo
o custo dos equipamentos de alta tecnologia”, ressalta a pesquisadora.
Novos testes. Bongertz espera poder dar o passo seguinte: testar
esses ini-bidores em isolados de sangue de bra-sileiros infectados.
“Isto permitiria ana-lisar a eficácia das drogas nos
diferentes tipos de vírus de HIV circulantes no Brasil, proporcionaria
uma base sólida para a continuação das pesquisas”,
afirmou.
A seqüência seriam testes em camun-dongos e em macacos.
Inicialmente para verificar segurança e toxicidade e, só
depois, os ensaios com diferentes doses das drogas. A ética
científica sustenta que, testes em humanos, somente após
com-provada eficácia em animais.
Infelizmente – lamenta Bongertz – a Fiocruz não
está equipada para estes estudos, além de que falta
estrutura ade-quada ao elevado risco de biossegu-rança apresentado
pelo HIV.
Os testes com macacos, por exemplo – acrescentou – exigem
um infectório nível III de biossegurança, que
não te-mos. Mesmo a Fiocruz sendo referência, no país,
em pesquisas.
|