A
Arte Secreta de Michelangelo
Dez quilos
mais magro e quatro meses sem dormir, foi nesse estado de êxtase
que ficou Gilson Barreto, palestrante do Ciência, Cultura
e Arte de julho, quando descobriu “uma lição
de anatomia” na obra de Michelangelo, no teto da Capela Cistina.
A revelação, que impressionou a platéia do
Centro de Estudos, resultou num livro com mais de 30 mil cópias
vendidas – “A Arte Secreta de Miche-langelo: uma lição
de anatomia na Capela Cistina”.
Médico-cirurgião e grande conhe-cedor de anatomia,
Barreto sempre se interessou por artes plásticas. Na sua
opinião, a linguagem de Michelangelo é tão
infantil que talvez justamente por isso ninguém nunca a tenha
decifrado.
Para ele, não há dúvidas quanto às intenções
do artista: “Afinal, Miche-langelo acreditava que a anatomia
era divina e que se o homem era a seme-lhança de Deus, a
anatomia era a sua maior representação”.
Códigos ocultos. Barreto mostrou os passos que deu até
concluir haver uma grande coincidência de códigos ana-tômicos
ocultos nas obras do artista italiano. Segundo ele, em geral, a
estrutura anatômica é indicada no cenário por
pontos de luz, nos gestos dos arcanjos ou pelos próprios
personagens.
“Os movimentos julgados pelos críticos de arte como
‘movimentos sem ação’, na verdade, revelam
a própria estrutura anatômica oculta na cena”,
afirmou.
Sobre os cerca de 500 anos passados até a descoberta, ele
explica pelo fato de os livros sobre a Capela Cistina terem começado
a aparecer há não mais de 20 anos.
Este seria também o motivo de só terem aparecido,
até o momento, duas publicações isoladas sobre
as imagens da Capela, uma em 1990 e outra de 2000: “Seria
quase impossível analisar a obra, por este âmbito,
dentro do am-biente impactante da Capela”.
As semelhanças entre as imagens e peças anatômicas
causaram uma boa polêmica na platéia. Não foram
poucos os que ao final pareciam intrigados com a apresentação.
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