A
milésima tese do IOC
A distribuição
e a dispersão do vetor da leishmaniose visceral americana,
Lutzomya longipalpis (Lutz & Neiva, 1912) (Diptera:
Psycodidae), no Estado da Bahia, foi o tema da milésima
tese de doutoramento defendida no IOC, prestigiada com a presença
do Diretor da unidade, Renato Cordeiro.
A leishmaniose continua letal em 90% dos casos não tratados,
segundo Artur Gomes Dias Lima, bolsista da Capes e aluno do doutorado
do Programa de Biologia Parasitária, do Departamento de Ensino
do IOC. Lima alertou para o fato de que a leishmaniose visceral
americana (LVA) tem crescido no Brasil, onde dezenove estados já
são endêmicos.
Recorde brasileiro. Na tese, o pesquisador demonstrou
como a ação humana influi, tanto com a urbanização
quanto com o desmatamento, na dispersão dos L. longipalpis,
insetos transmissores da LVA, para áreas antes não
afetadas por eles.
Lima realizou seus estudos na Bahia, não por ser baiano,
como disse, mas por preocupar-se com a primazia de o Estado apresentar
o maior número de casos humanos. Informação
que constatou nos locais pesquisados e confirmada pelo registro
de dados da Fundação Nacional de Saúde (Funasa)
de 2002.
Foram analisados 100 exemplares da espécie L. longipalpis,
coletados em áreas distintas do Estado. Lima utilizou também
anotações do banco de dados do Laboratório
de Parasitologia e Entomologia do Centro de Pesquisa Gonçalo
Muniz (LAPEN), no qual atua. Algumas destas anotações,
informou, datam de mais de 45 anos.
Locais preferidos. Segundo o pesquisador, diferentemente
do que se imaginava há anos, os L. longipalpis não
se restringem em habitar as regiões rochosas: “Graças
à presença de poros pequenos nas larvas e nos ovos,
o que possibilita uma menor perda de umidade, eles se adaptam facilmente
a diver-sos ambientes”.
O estudo identificou que estes insetos têm preferência
por regiões secas e sua alimentação é
bastante eclética, o que interfere na distribuição
geográfica. “Portanto – acrescentou – a
expansão das áreas de transmissão da LVA tem
relação estreita com a expansão das áreas
de caatinga pelo processo de erosão do solo”.
Os orientadores. Coincidentemente, a milésima
tese de doutoramento do IOC é do Programa de Biologia Parasi-tária,
o mesmo Programa da primeira tese do Departamento de Ensino, em
1980. Lima foi orientado pelos profes-sores Ítalo Rodrigues
e Araújo Sherlock.
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