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IOC participa de estudo inédito da OMS

Um estudo em condições reais de campo, sobre eficácia e segurança do uso da dose única de 60 mg/kg da substância química praziquantel, no combate à esquistossomose em áreas endêmicas no Brasil, reúne até setembro pesquisadores do IOC e do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, de Recife.

Patrocinado pelo Programa Especial para Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais (TDR) da Organização Mundial da Saúde (OMS), o estudo está sendo feito na área endêmica da Zona da Mata (PE), onde as duas unidades da Fiocruz desenvolvem projetos.
O praziquantel é produzido em Farmanguinhos. Segundo um dos coordenadores do estudo, o Dr Otávio Pieri, do Departamento de Biologia do IOC, é o único quimioterápico usado para tratamento da esquistossomose em campanhas de controle, devido ao baixo custo de produção - hoje, em torno de 0,10 US.

"Mesmo no Brasil - afirma - o tratamento é mais barato que o diagnóstico". Realidade diferente da África subsaariana e das Filipinas, esclarece Pieri. Ele antevê "uma boa oportunidade" para exportação do produto brasileiro. Afinal, os concorrentes são a Coréia e o Egito.

O estudo cobrirá áreas endêmicas dos três continentes e será fiscalizado, tanto lá como aqui, pelo Comitê Independente para Monitorização de Dados (IDMC), criado em 1996. Só atendendo às exigências do Protocolo Padrão da Pesquisa Clínica, poderá obter a chancela da OMS na nova dosagem.

O Brasil está prestes a "sair da pré-história da pesquisa clínica", diz Pieri, referindo-se à liberdade de modificar a dosagem. Pela OMS, ainda é de 40 mg/kg, para o tratamento intra-hospitalar, esclareceu.

O estudo vai criar "prova de princípio" do que já se sabe empiricamente: que a dosagem de 60 mg/kg, administrada oralmente de uma só vez, é eficaz e segura. Principalmente para crianças e adolescentes "em condições reais de campo, onde o paciente sai do tratamento e volta a se infectar", enfatizou.

A base operacional da investigação está sendo montada nas escolas públicas da região. A contaminação mais freqüente ocorre entre os sete e os 14 anos de idade. A escola atrairia também os não-escolarizados. O atendimento à família será nos postos de saúde (PSF).

A esquistossomose no mundo

A esquistossomose é endêmica em 74 países e territórios e encontra-se em expansão em muitas regiões do planeta. Em 54 delas, a forma endêmica da doença é a mansônica ou intestinal.
Estima-se que o número de pessoas infectadas seja de 200 milhões, dos quais: 120 milhões de casos sintomáticos, 20 milhões sofrendo da forma severa da doença e 600 milhões sob risco de infecção.
O Brasil é o mais atingido pela esquistossomose nas Américas. Porém, não há dados atuais confiáveis sobre a prevalência da doença no país. Acredita-se que cerca de sete milhões de pessoas estejam infectadas e que 35 milhões estejam sob risco de infecção.

 


 

 

IOC - CIÊNCIA PARA SAÚDE DA POPULAÇÃO BRASILEIRA