Novo
método de identificação de adenovírus
A metodologia
molecular, que utiliza iniciadores específicos – PCR
espécie-específica e PCR gênero-específica
– mostrou-se eficiente ferramenta para identificar espécies
de adenovírus (AdV), responsáveis, dentre outras enfermidades,
pela gastrenterite.
A técnica permite também a classificação
primária de isolados de vírus desconhecidos dentro
das seis espécies de AdV (A-F), que representam uma ou mais
doenças. Por eficácia, foi implantada no Laboratório
de Virologia Comparada do IOC e, atualmente, é utilizada
por pesquisadores e estudantes de vários estados, em suas
amostras.
Pesquisa. O registro da eficiência da metodologia
faz parte da tese de mestrado do Dr. Edson Pereira Filho: Caracterização
Molecular de Adenovírus Humanos Associados a Casos de Gastrenterite
Infantil Aguda, defendida recentemente.
Ela é um dos insumos de dois projetos: um, do IOC, sobre
vigilância de diarréia de etiologia viral em dois hospitais
municipais (Jesus e Sales Neto, no Rio de Janeiro), e outro do Centro
de Pesquisa Gonçalo Moniz, na Bahia, sobre agentes etiológicos
envolvidos na diarréia infantil.
O projeto é coordenado, no Rio, pelo Dr. José Paulo
Gagliardi Leite, do Departamento de Virologia do IOC, também
orientador da tese de Pereira Filho. Na Bahia, o Dr. Maurício
Barreto, da UFBA, é o coordenador.
A doença. Os adenovírus humanos são
causadores de doenças como conjuntivite, cistite hemorrágica
e gastrenterite. Pereira Filho estudou casos de gastrenterite em
crianças de até cinco anos de idade. A principal espécie
envolvida na etiologia da doença é a F (AdV entéricos),
embora as A, B e C também estejam associadas a ela.
A gastrenterite infantil viral causa diarréia, vômitos
e, em alguns casos, febre, podendo levar ao óbito. A doença
mata, anualmente, 1,4 milhão de crianças até
aquela idade. Só no Brasil, morrem 400 mil. Apesar disso,
a mortalidade vem diminuindo em todo o mundo.
Na tese, as sensibilidades obtidas foram de 97% (PCR espécie-específica)
e 100% (PCR gênero-específica), quando comparadas ao
EIARA.
Inovações técnicas de PCR facilitam
pesquisas
A
metodologia da PCR (Reação em Cadeia da Polimerase)
em Tempo Real permite não apenas saber se uma determinada
seqüência genômica foi ou não amplificada,
como se observava nos modelos anteriores, mas também torna
possível avaliar o número de cópias iniciais
daquela região do genoma, ou seja, a um só tempo (real)
o equipamento fornece ambas informações, qualitativa
e quantitativa, possibilitando diversas análises.
Os
novos modelos de PCR em Tempo Real prometem avanços importantíssimos
para a Ciência brasileira. É grande o entusiasmo dos
pesquisadores do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular
do IOC com o novo Detector de Seqüências ABI PRISM 7000,
operado através de notebook última geração
da Microsoft.
O método in vitro, que sintetiza seqüências
específicas de DNA em uma determinada amostra, realiza a
amplificação do material genético através
de primers, seqüências genômicas capazes
de identificar uma determinada região do DNA, acentuou Constança
Britto, do Laboratório de Biologia Molecular e Doenças
Endêmicas.
Nova aquisição. O mais recente PCR
em Tempo Real do IOC foi adquirido com recursos do PDTIS e já
está em plena operação neste laboratório.
A procura tem sido tão intensa, que foi necessário
criar um cronograma de uso, observou Angélica Cardoso, uma
das responsáveis pelo equipamento.
O aparelho é uma versão nova - "mais moderno
e mais fácil de ser manuseado", segundo Constança
- do Detector de Seqüências 7700, já existente
no laboratório, que é ativado por um computador Macintosh,
enfatizou a pesquisadora.
O ABI PRISM 7700 já permitia fazer análises quantitativas
em tempo real, embora "utilizando um software mais antigo,
complicado de manusear e sem suporte técnico, considerando
que foi o primeiro modelo disponível no Brasil e na América
Latina, o que dificultava muito o trabalho", acrescentou.
Auxílio nos diagnósticos. Para Constança,
que coordena o projeto Infecção chagásica
crônica: abordagens moleculares na avaliação
do controle de cura, a PCR pode ser uma ferramenta em potencial
para a determinação de cura parasitológica.
Ela exemplifica: pacientes tratados, que já demonstraram
a eliminação do DNA circulante do parasito, podem
permanecer por até cinco anos com uma resposta imunológica
positiva pós-tratamento. Os diagnósticos atuais, como
xenodiagnóstico e testes sorológicos convencionais,
não são tão sensíveis e específicos
quanto os ensaios moleculares, acrescentou.
Outros modelos de doenças infecciosas - concluiu - estão
sendo analisados pela tecnologia de PCR em tempo real. Referem-se
ao aprimoramento do diagnóstico molecular da Toxoplasmose
e Hanseníase. A técnica está em fase de validação,
respectivamente, em amostras de sangue e biópsias de pele
e nervo de pacientes infectados.
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