Departamento de Protozoologia | ||||||
Originário da Escola Brasileira de Protozoologia, o Departamento conta entre seus precursores com Carlos Chagas e Henrique de Beaurepaire Aragão e mais tarde Max Hartmann e Stanislas von Prowazek. Os dois últimos auxiliaram os cientistas brasileiros a explorar tanto os protozoários causadores de doenças como os de vida livre ou parasitas de invertebrados de grande importância para a biologia geral. Antes mesmo da vinda desses pesquisadores já haviam sido desenvolvidos no Instituto estudos fundamentais que levaram, entre outras, a duas grandes descobertas. O ciclo esquizogônico do Haemoproteus columbae, descrito por Aragão em 1907, que revelou pela primeira vez a multiplicação de um protozoário do sangue em células de tecido, contribuindo para o melhor conhecimento do processo evolucionário e da situação sistemática dos hemosporídeos entre os esporozoários, e facilitando, muitos anos depois, a compreensão do ciclo exoeritrocitário dos parasitos da malária. E a existência de uma nova tripanossomíase humana de âmbito continental, despistada a partir de 1907 nos sertões mineiros por Carlos Chagas e descrita em toda a sua complexidade no volume inaugural das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz.
Entre outras contribuições originais devem ser destacadas: de Carlos Chagas (1905), a doutrina da infecção domiciliar da malária, base da moderna profilaxia por inseticidas de ação residual; de Arthur Neiva (1910), a primeira demonstração da resistência do parasito da malária humana a um agente terapêutico, no caso da quinina: e de Gaspar Vianna (1911), a caracterização de Leishmania braziliensis, a descoberta do ciclo de multiplicação do Trypanosoma cruzi nas células de tecidos, e não no sangue como nos outros tripanossomos, a demonstração da ação curativa do tártaro emético na leishmaniose e no granuloma venéreo, depois aplicado no tratamento da esquistossomose. Mais tarde, em 1937, cria-se a "Divisão de Zoologia Médica", a qual a "Secção de Protozoologia" ficou subordinada e que evoluiu para a atual estrutura. Hoje, o Departamento abriga os laboratórios de Imunomodulação, incluindo o setor de Imunidade Humoral em Protozoonoses, e o de Biologia de Tripanossomatídeos. No primeiro conduziram-se investigações sobre a importância do timo e da resposta mediada por células na doença de Chagas experimental. Observou-se em 1986, pela primeira vez, a colonização do timo por um protozoário, o T. cruzi, tornando o timo um órgão alvo da resposta imunológica ao parasito. Além disso, estudos em camundongos atímicos demonstraram a importância da resposta T-dependente na resistência e imunopatologia da doença de Chagas experimental. Experimentos de transferência de células T mostraram, pela primeira vez, evidências de fenômenos de citotoxidade na doença de Chagas. Estudos de imunomodulação da resposta mediada por células empregando o BCG e a ciclofosfamida associada a frações de flagelo do T. cruzi ou não, permitiram analisar o papel do infiltrado celular no controle da infecção. Estudos empregando a microscopia confocal mostrou ter o macrófago um papel central nesses processos inflamatórios. Investigações sobre a ecologia, epidemiologia e a quimioterapia das leishmanioses, visceral e tegumentar vem dando importantes contribuições nesta área.
Uma importante contribuição do Departamento ocorreu no Laboratório de Biologia de Tripanossomatídeos, onde verificou-se que em gambás do gênero Didelphis o Trypanosoma cruzi faz um duplo ciclo: epimastigotas multiplicam-se abundantemente e se diferenciam na luz das glândulas de cheiro, e se comprovou ainda que a contaminação de alimentos com a secreção de glândulas causa infecção em animais de laboratório e pode explicar pequenas epidemias de doença de Chagas humana. No Laboratório de Biologia de Tripanossomatídeos também se comprovou que um só hospedeiro pode albergar distintas cepas de T. cruzi e que exercendo pressão seletiva sobre as populações mistas, os métodos de laboratório podem levar a conclusões errôneas quanto à relação cepa de parasito/tipo de patologia. Uma linha de pesquisa mais recente tem evidenciado fenômenos sugestivos de sexualidade em várias espécies da família Trypanosomatidae. LABORATÓRIOS DESTE DEPARTAMENTO : BIOLOGIA
DE TRIPANOSOMATÍDEOS Chefe do Departamento: Sylvio Celso Gonçalves da Costa Email: sycosta@gene.dbbm.fiocruz.br Tel: 0(xx)21 598-4323 |
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