Descoberto na Amazônia peixe considerado fóssil vivo Joubert Lima, de Manaus para 'O Globo' Descoberto na Amazônia um tipo de peixe, ainda sem nome, que possui características incomuns, como nadadeiras que lhe permitem nadar para trás e uma bexiga natatória com dez câmaras - a da maioria das espécies tem apenas duas ou três. Trata-se de um peixe escamoso que não se enquadra em nenhuma das famílias conhecidas. Os ictiólogos acreditam que, por suas características primitivas, a espécie tenha surgido há 50 ou 60 milhões de anos. O termo 'elo perdido' é considerado exagerado pelos cientistas, mas os estudos situam a nova espécie num estágio intermediário entre os peixes pré-históricos e os atuais. Como tubarões e celacantos, o novo peixe é considerado um fóssil vivo, com características hoje já desaparecidas na maioria das espécies modernas. O peixe foi descoberto por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus, e os estudos para detalhamento estão sendo realizados pelos ictiologistas Paulo Petry, do Museu de História Natural de Chicago, nos EUA; Jansen Zuanon e Lúcia Py-Daniel, do Inpa; e Mário de Binna, do Museu de Zoologia de São Paulo. - As semelhanças entre as espécies nos dão uma idéia sobre a evolução - afirmou Zuanon. - Quando encontramos um bicho assim, temos que rever tudo o que sabíamos, pois mexe com todas as relações de parentesco entre os peixes. O primeiro exemplar foi coletado em 1999, nas proximidades de Manaus. Trata-se de um peixe pequeno: o maior espécime já encontrado mede cerca de 15 centímetros. O animal vive sob o tapete de folhas que caem da floresta e se acumulam nas margens dos rios. Nesse ambiente lamacento, se alimenta de peixes menores e invertebrados. Para isso, é dotado de uma boca proporcionalmente grande e dentes afiados. Os dados coletados até agora fazem supor que a densidade populacional da nova espécie é baixa, o que exige cuidados especiais com sua preservação. Por isso, os pesquisadores preferem não divulgar em que ponto do rio Negro a espécie foi localizada. - Se um exemplar for contrabandeado, pode valer mais de US$ 1 mil no mercado internacional - disse Paulo Petry. A espécie foi
apresentada no 83 Encontro Internacional de Ictiologia e Herpetologia,
realizado em Manaus, no último fim de semana.
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