Publicação do Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz - 05/06/2006

 

Biotérios: espaços exclusivos dos animais

Os animais usados em projetos de pesquisa no Instituto Oswaldo Cruz (IOC) vivem em ambientes especiais, chamados biotérios, coordenados pelo Centro de Experimentação Animal. Neles, as palavras de ordem são: qualidade de vida e conforto dos animais, biossegurança e atenção ao meio-ambiente.

Os animais utilizados em pesquisas podem ter status diferenciados, como livre de germes patogênicos específicos (SPF, na sigla internacional), livres totalmente de patógenos ( germ free ) e convencionais, cabendo a escolha ao pesquisador de acordo com a pesquisa a ser desenvolvida. Caso contrário, não será possível garantir a credibilidade dos resultados obtidos. “É necessário controlar ao máximo as variáveis da pesquisa”, explica Carlos Alberto Muller, coordenador do Centro de Experimentação Animal do IOC. “O Instituto conta com oito biotérios, que são plataformas multi-usuário, utilizadas pelos laboratórios do IOC. Fizemos um investimento pesado para termos hoje instalações que são de ponta para a acomodação dos animais”, conclui.

Os biotérios trabalham com roedores – camundongos, que representam 90% do total dos animais utilizados, além de cobaias, ratos e hamsters – coelhos e primatas. “Para cada tipo de pesquisa existe um protocolo. A malária e a leishmaniose, por exemplo, têm experimentos que precisam ser desenvolvidos em espécies específicas de primatas para que produzam resultados válidos”, Muller esclarece.

A maioria dos animais não é retirada da natureza, mas fornecida pelas colônias de criação do Centro de Criação de Animais de Laboratório da Fiocruz (Cecal). “Quando um projeto do IOC é aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Fiocruz, o Centro de Experimentação Animal do IOC é comunicado eletronicamente sobre a liberação. A solicitação dos animais é feita pelo Centro de Experimentação do IOC ao Centro de Criação de Animais de Laboratório (Cecal) da Fiocruz, também através de um sistema online”, Muller descreve. “Os animais são transportados em caminhões refrigerados acomodados em caixas de papelão descartáveis com filtro, para que não sejam contaminados. O controle de ausência de patógenos é feito no centro do controle de qualidade do Cecal.”

Questionado sobre as imagens chocantes que circulam na internet de animais sendo usados em testes, o coordenador é taxativo. “O que estas imagens mostram é uma barbaridade. Aqui os animais são tratados com respeito, em condições absolutas de higiene e com o mínimo de estresse.” Com um cuidado a mais: “Existem salas separadas para a manutenção dos animais e para a realização de procedimentos. Assim, nenhum procedimento é realizado na frente de outros animais.”

Segundo Muller, a alta tecnologia dos equipamentos foi fundamental. “Os animais são mantidos em estantes ventiladas, que são dispositivos próprios para comportar roedores e coelhos, e em racks. Cada um possui dimensões específicas, conformepreceitos internacionais, para atender as necessidades de espaço para o conforto de cada animal”, descreve.

Pensando na economia de recursos naturais, todo o sistema de iluminação dos biotérios é ativado por sensores de movimento. Outra preocupação com o meio ambiente está traduzida no uso de maravalha – como é chamada a serragem que acomoda os animais nas gaiolas. Produzida a partir do pinus, uma madeira de baixo custo e alta qualidade para a função desejada, toda a maravalha utilizada nos biotérios do IOC é fornecida por um produtor certificado, que utiliza apenas árvores de plantio próprio. “Em cuidado ao ambiente, todos os resíduos gerados nos biotérios são descartados após descontaminação em um equipamento chamado autoclave”, Muller conclui. “Assim, garantimos a biossegurança integral nos biotérios, da entrada dos animais ao descarte de resíduos.”

Bem-estar e biossegurança no ambiente dos biotérios

 

O trabalho nos biotérios é orientado pelos princípios do bem-estar dos animais, da biossegurança e do cuidado ao meio-ambiente

Todas as janelas são protegidas por telas, o que impede a entrada de insetos e evita a possível contaminação dos animais

O uso de luz natural e a ativação da iluminação por sensores de movimento economiza recursos naturais

Os profissionais sempre trabalham munidos do equipamento de proteção individual: luvas, jaleco e máscara

A temperatura e umidade das salas são controladas 24 horas por dia

Todos os resíduos são descartados após passar pelo sistema de autoclave, que garante a descontaminação

Os biotérios contam com equipamentos reserva, para substituição imediata em caso de pane

A manutenção dos equipamentos utilizados nos biotérios é realizada mensalmente

 

Estantes Ventiladas e Racks: tecnologia de ponta para o conforto dos animais

O Centro de Experimentação Animal do IOC conta com 8 biotérios equipados com 70 estantes ventiladas e 9 racks. Cada equipamento pode comportar um número variado de animais, de acordo com a espécie.

As estantes ventiladas são construídas em polipropileno e aço inoxidável, a prova de som

O polipropileno substitui o uso de vidro, o que reduz o risco de acidentes

Cada animal possui dois bebedouros, o que garante o suprimento de água conforme a necessidade individual

O prontuário de cada animal inclui a espécie, a data de entrada, o projeto de pesquisa a que está ligado e o número da licença da Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA)

O ar é duplamente filtrado nas estantes ventiladas até chegar do ambiente aos animais e é filtrado quando sai das estantes para ser liberado no ambiente

As estantes ventiladas permitem controlar as condições de temperatura e umidade

As estantes contam com sistema de emergência para quedas de eletricidade

Por Raquel Aguiar

 

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