Publicação do Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz - 08/06/2006

 

Índice inédito no Brasil pode contribuir para biomonitoramento das águas

O primeiro índice multimétrico a ser estabelecido no Brasil acaba de ser definido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC). Inserido em uma técnica de biomonitoramento, que analisa as respostas de organismos vivos para avaliar as mudanças ocorridas no meio ambiente, o índice é construído com base em um conjunto de indicadores biológicos e permite definir o nível de degração de rios, tendo como referência a fauna que habita rios preservados.

A metodologia, que já é consolidada nos Estados Unidos e na maioria dos países europeus, inclusive com amparo na legislação ambiental, se tornou uma importante ferramenta para analisar a integridade ecológica em ambientes aquáticos. “Adaptamos o que está sendo aplicado no mundo todo para a nossa realidade”, explica Darcílio Fernandes Baptista, chefe do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental (LAPSA) do IOC, que desenvolve o estudo. Ele ressalta que o trabalho está restrito aos rios localizados na Serra do Mar, no estado do Rio de Janeiro. “O método é baseado na fauna de rios limpos. Como os rios de maiores dimensões não estão preservados, não foi possível estender o estudo a eles”, esclarece.

Entre os indicadores definidos, além da biodiversidade está a tolerância dos organismos à poluição - também chamado de índice biótico e utilizado como metodologia padrão nos países europeus até o ano de 2000. “O índice biótico, que consiste na avaliação da presença de organismos sensíveis às mudanças na qualidade da água em determinados habitats aquáticos, fazem parte do conjunto de indicadores que formam o índice multimétrico. Já estamos com duas metodologias prontas para serem aplicadas em pequenos riachos do estado do Rio de Janeiro”, conclui Darcílio.

O estudo reuniu informações sobre aproximadamente 200 mil animais, levantadas em quatro teses de mestrado e doutorado de alunos do LAPSA. Segundo o pesquisador, o principal resultado do estudo foi o nivelamento do Brasil em relação a outros países quanto à metodologia usada para biomonitoramento das águas.

“Estamos na fronteira do conhecimento junto com a Europa e os Estados Unidos. Já temos a técnica, agora precisamos cultivar a tradição de implantá-la”, dispara. Além disso, o pesquisador comemora o avanço em relação à legislação ambiental brasileira. “Pela primeira vez, foi inserida uma recomendação para que se utilizem organismos aquáticos ou testes ecotoxilógicos como medidas complementares para o monitoramento das águas”.

O próximo desafio a ser alcançado pelo estudo é transformar a metodologia em um procedimento de rotina. “O índice, que proporciona análises detalhadas, ainda exige um trabalho sofisticado para ser aplicado. Estamos trabalhando para transformá-lo em um protocolo rápido, permitindo que seja aplicado por agentes ambientais e até voluntários nos municípios do Estado”, o pesquisador finaliza.

Por Renata Fontoura

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