Publicação do Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz - 08/06/2006

 

Estudo antropológico busca integrar conhecimento de pescadores a estratégias de preservação

Entender um problema através da percepção de quem convive com ele é fundamental para uma solução eficiente. A partir dessa premissa, o biólogo marinho Lucas Hassel, mestre em Ensino em Biociências e Saúde pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC), sob orientação de Brani Rozemberg, do IPEC, desenvolveu um estudo antropológico com pescadores fluminenses com o objetivo de adequar estratégias de conservação de mamíferos marinhos à realidade da população local.

Durante seu mestrado, concluído em maio de 2006, Lucas entrevistou 65 pescadores de Barra de São João e de Armação dos Búzios, na costa leste do Estado do Rio de Janeiro, e constatou que o entendimento deles sobre os temas abordados era, na maioria das vezes, equivalente às referências científicas. Em 50 questionários padronizados e 15 entrevistas aprofundadas, os pescadores revelaram histórias pessoais da atividade, conhecimentos sobre os mamíferos marinhos presentes na região e a preocupação sobre o impacto da pesca sobre a conservação das espécies.

“Os entrevistados demonstraram preocupação em relação à pesca predatória, à diminuição de pescado, à conservação de baleias e golfinhos e às futuras gerações de pescadores”, o biólogo apresenta. “Apesar disso, órgãos ambientais responsáveis pela conservação destas áreas raramente levam em consideração o conhecimento destes trabalhadores, verdadeiros decanos da pesca.”

Para Lucas, o perfil dos pescadores e suas experiências de vida devem ser avaliados para a formulação e implementação de planos de conservação. “O contato empírico com os entrevistados forneceu informações contundentes, a serem utilizadas não somente como estratégias educativas mas também para a elaboração de normas e leis que objetivam o manejo e a conservação de ambientes costeiros e populações de organismos marinhos vulneráveis”, conclui.

Por Bel Levy

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