Publicação do Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz - Ano XIV - n0 09- 10/07/2007

 


Nomeação de auditório homenageia Maria Deane

A excelência em pesquisa, desenvolvimento e inovação científica do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) é resultado do esforço cotidiano de pesquisadores empenhados no enfrentamento de importantes problemas de saúde pública – homens e mulheres que em 108 anos de história contribuíram para produção de conhecimento na área da saúde e firmaram-se ícones da ciência brasileira. É o caso da protozoologista Maria Deane (1916-1995), que registrou significativas descobertas sobre leishmaniose visceral, malária e doença de Chagas durante a carreira científica iniciada em 1936, no Pará. Em homenagem à pesquisadora, que na década de 1980 atuou como vice-diretora do IOC, o Instituto promove dia 18 de julho cerimônia de nomeação do Auditório Maria Deane do Pavilhão Leonidas Deane. O evento integra edição especial do Centro de Estudos, que acontece excepcionalmente no Pavilhão Leonidas Deane, às 10h.

Maria Deane esteve à frente de seu tempo: uma mulher que na década de 1930 formou-se médica, tornou-se cientista e desbravou o interior do país para investigar doenças até hoje negligenciadas. Uma trajetória condizente à sua produção científica extremamente original, que até hoje levanta discussões. A vida e a carreira científica da pesquisadora têm estrita relação com seu marido e colaborador, Leonidas Deane. Juntos desde a década de 1930, quando se conheceram na Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, viveram e trabalharam em intensa parceria até o falecimento do parasitologista, em 1993.

Parte da equipe de jovens pesquisadores coordenada por Evandro Chagas na década de 1930, o casal registrou importantes descobertas sobre a leishmaniose visceral, como o estabelecimento da relação entre o meio ambiente e a ocorrência da doença, a determinação do inseto Lutzomiya longipalpis como vetor do parasito Leishmania chagasi, a identificação da raposa como importante reservatório silvestre e do cão como fonte de infecção. Na década de 1940, contribuíram para erradicação do mosquito africano Anopheles gambiae, que invadiu o Brasil provocando grave epidemia de malária no Nordeste, e para o conhecimento da epidemiologia e transmissão da malária em toda a Amazônia e região nordeste do país. Como pesquisadora do IOC, Maria descreveu, em parceria com seus colaboradores do Instituto, a existência de um duplo ciclo de multiplicação do Trypanosoma cruzi, agente etiológico da doença de Chagas, no gambá,  um dos reservatório mais antigo do parasito.

 

 

IOC - Ciência para a Saúde da População Brasileira