Publicação do Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz - Ano XII - n0 47- 21/12/2006

 

IOC encerra 2006 com boas-vindas aos novos servidores

O intenso ano de atividades do Instituto Oswaldo Cruz ganhou um encerramento com gosto de recomeço com a cerimônia de boas-vindas aos 88 novos servidores do Instituto, realizada na última terça-feira, dia 19. A solenidade foi oportunidade para o encontro entre a experiência dos servidores mais antigos e as expectativas dos recém-concursados.

Aumento de 20% no quadro de servidores

“É um prazer muito grande encerrar um ano de realizações com um evento como esse, que dá as boas-vindas à maior leva de concursados que já tivemos”, afirmou Tania Araújo-Jorge, diretora do IOC, dando início à apresentação da estrutura organizacional e física do Instituto. Tania destacou também a missão, a visão de futuro e o Plano Diretor do IOC – aprovado pelo Conselho Deliberativo do IOC no último dia 25 de outubro.

Gutemberg Brito
No público, novos e antigos servidores  
comemoraram o ingresso de 88 novos funcionários no IOC


A evolução da ocupação espacial da região de Manguinhos, questões sobre orçamento, os programas de pós-graduação e cursos técnicos, os projetos de cooperação nacionais e internacionais e o impacto das ações do Instituto sobre a sociedade foram alguns dos aspectos ressaltados. A diretora acrescentou a importância da participação dos novos servidores em instâncias de debate e decisão, como as Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho. “Foram mais de 300 artigos publicados estes ano, e temos 282 projetos registrados para 2007. É importante que vocês percebam que as ações de cada um de nós concorrem para este resultado do Instituto”, completou.

O vice-diretor de Desenvolvimento Institucional, Christian Niel, forneceu dados sobre o concurso público. Christian lembrou que o processo se iniciou em 2005, dentro do contexto de desprecarização da força de trabalho na Fiocruz, de modo a implantar e concretizar uma política de valorização do trabalhador. Em um dos maiores concursos públicos do país e o maior da história da Fiocruz, o Instituto Oswaldo Cruz aumentou em 20% sua força de trabalho.

Além do perfil técnico-científico, Christian descreveu o perfil etário, de gênero e profissional dos servidores. Destacou que as mulheres são maioria entre os novos funcionários, com idade entre 23 e 56 anos. Do total, 51 já tiveram algum vínculo com o IOC e 18 pessoas são egressas de universidades, sendo 12 da UFRJ. Christian finalizou a sua participação fazendo um rápido balanço qualitativo dos funcionários.

Palmas para vocês

Para contrastar com os mais novos funcionários da casa, o evento contou com uma palestra de Wladimir Lobato Paraense, servidor do IOC desde 1939. Notabilizado como malacologista, Lobato deu em sua palestra, demonstrando memória invejável, um depoimento sobre o início de sua carreira em histopatologia. Lobato arrancou risadas do público ao descrever sua trajetória, desde o interesse por ciências naturais na infância passada em Igarapé-mirim, interior do Pará. Sua primeira área de interesse foi a astronomia, sendo um ávido leitor da revista Eu sei de tudo . “Acho que essa revista não existe mais”, brincou. “Na época fiz muitas descobertas que, mais tarde, descobri que já haviam sido feitas há muito tempo.”

Gutemberg Brito
Lobato Paraense, pesquisador do IOC há 60 anos, parabenizou os novos servidores

“Eu decidi desde novo ter o meu laboratório em casa, então disse a um amigo que iria comprar lâminas, lamínulas e corante na farmácia. Ele riu de mim e disse que isso não vendia na farmácia. Mesmo assim eu fui lá e pedi lâminas, lamínulas e corante. O homem me deixou esperando quase uma hora e voltou com alguns cacos cortados e um corante meio duvidoso. Ele provavelmente foi lá dentro e fez na hora. O corante nunca funcionou”, contou, obtendo mais risos da platéia.

Estudante da Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará (1931-34), conta, vendeu o anel que ganhara na formatura do curso de contador da Escola de Comércio que fazia à noite – até então seu único bem – e viajou de navio na terceira classe, usando seu melhor terno e levando apenas roupas e alguns livros. Sua intenção era estudar na Faculdade de Medicina de Recife, onde permaneceu durante dois anos (1936-37) como voluntário no Laboratório de Anatomia Patológica. Em 1938, Lobato especializou-se em Anatomia Patológica , na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Gutemberg Brito
Juliana de Méis compartilhou com o público
a satisfação de ter ingressado no IOC

O interesse por Manguinhos, conta, começou em parte pela leitura ávida que fazia das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz . “Li todos aqueles artigos”, comenta. Lobato lembra que seu primeiro emprego no IOC foi como “biologista extranumerário mensalista”, já que não era do quadro de funcionários e recebia mês a mês. Após algum tempo, tornou-se biologista do quadro através de concurso. “Naquela época o concurso não era essa sopa, não”, brincou. “Eram 30 inscritos para 15 vagas. Apenas 15 apareceram para fazer a prova. Somente 8 passaram.“ Com apreço, Lobato dirigiu-se aos novos servidores: “Espero que façam uma brilhante carreira. Palmas para vocês”.

O retrato do início de uma trajetória
Representando os 88 novos servidores, três recém-concursados foram convidados para dar seu depoimento. Márcia Pereira de Oliveira, do Laboratório de Imunopatologia, contou que toda a sua trajetória profissional esteve ligada ao IOC. “Comecei como estudante de iniciação científica, fiz mestrado e doutorado no Instituto, sempre no Laboratório de Imunopatologia. Mesmo quando comecei graduação, eu tinha a absoluta certeza de que queria trabalhar aqui. É com grande alegria que consegui alcançar este objetivo de vida”, contou. “Parabéns a todos nós”, concluiu.

Juliana de Meis, do Laboratório de Pesquisas sobre o Timo, também teve grande parte de sua vida acadêmica ligada ao Instituto. “Passei praticamente 10 anos da minha formação aqui: fiz iniciação científica, mestrado e doutorado no IOC. Saí para fazer pós-doutorado na UFRJ. Minha alegria, neste momento, tem duas partes: a primeira é a de voltar para a minha velha casa, agora como pesquisadora do quadro. A segunda é ter conseguido passar em um concurso disputado por tantas pessoas, extremamente qualificadas.” E conclui: “aos que ainda não conheciam a Fiocruz, que se encantem, e que vistam a camisa.” 

Único concursado com origem em outro Estado , Fernando Ariel Genta, do Laboratório de Bioquímica, Fisiologia e Imunologia de Insetos, destacou que a Fiocruz possui uma boa fama em São Paulo , sua terra natal, e que já estava completamente acostumado ao Rio. “Fui recebido excepcionalmente bem no laboratório. Tenho que admitir que, quando voltei para visitar minha família há alguns dias, senti saudades daqui”, brincou.

Gustavo Barreto


IOC - Ciência para a Saúde da População Brasileira