Publicação do Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz - 24/08/2006

O IOC e a Saúde Pública

Essa é uma semana especial para a Fiocruz, e, portanto, especial para o IOC. Durante o 11º Congresso Mundial de Saúde Pública, estamos sendo homenageados com duplo prêmio por nossa contribuição à saúde coletiva mundial: o prêmio institucional, concedido à Fiocruz, e o prêmio pessoal de liderança sanitária internacional, entregue ontem a Paulo Buss , presidente da Fundação, por definição da World Federation of Public Health Associations (Federação Mundial das Associações de Saúde Pública).

Saúde coletiva num mundo globalizado: rompendo barreiras sociais, econômicas e políticas é o eixo do congresso. Na abertura, segunda-feira passada, a diretoria do IOC testemunhou a emocionante saudação aos “compañeros salubristas”, feita pelo presidente da Federação aos mais de 12 mil participantes. Os discursos foram muito tocantes e delinearam sucessos e desafios para os dirigentes políticos da saúde no Brasil e no mundo, a ABRASCO, a OPAS-OMS, MS, e até a presidência da República, pois a abertura do congresso contou com a presença do presidente Lula e de seus três ministros: Luiz Dulci, Tarso Genro e Agenor Álvares.

Lula ressaltou a responsabilidade global para com a erradicação da pobreza e a conseqüente inclusão dos menos favorecidos economicamente em parâmetros de qualidade de vida que permitam o exercício do direito à construção saudável do próprio destino. Só mesmo uma emocionante apresentação de dança Xavante e um recital da Orquestra de Câmara da UFRJ com musica clássica brasileira para suceder ao arrebatamento dos participantes pelo tom dos discursos.

No dia seguinte ouvi um comentário entre estudantes no restaurante da Fiocruz: “- Você vai ao Abrascão no Riocentro? – Não. Aquele não é um congresso só da ENSP?”

Enganam-se os que pensam que o IOC nada tem a ver com a saúde pública brasileira. Somos a maior e mais antiga instituição de pesquisa em saúde na América Latina, e fazemos pesquisa para a saúde da população brasileira desde 1900. O foco nas doenças da pobreza é majoritário e nossos temas de investigação se inserem entre as doenças negligenciadas, que dependem de investimentos de seus próprios países para avanços significativos em diagnóstico, prevenção e tratamento.

Dois vídeos apresentados nesse congresso refletem pesquisas do IOC: o internacionalmente premiado vídeo de Genilton Vieira sobre o ciclo do mosquito da dengue e o documentário do doutorando Marcos Campos sobre o “povo invisível”, a população de rua e suas necessidades de acolhimento para o trato da saúde. Também em mesas redondas e pôsteres percebemos a contribuição do IOC no congresso. E nossas atividades de Referência para a OMS, o Ministério da Saúde e as Secretarias Estaduais e Municipais, que contribuem para o esclarecimento de situações-problema para a saúde dos brasileiros com diagnósticos etiológicos e identificação de vetores são o grande destaque da atuação do Instituto na saúde pública. Mais do que nunca percebemos a propriedade da resolução do II Encontro do IOC, em março deste ano, quanto à nossa visão de futuro: reafirmamos que orientaremos o IOC para que em 2015 seja “um Instituto reconhecido pela qualidade de sua ação de referência de diagnóstico, assistência e vigilância epidemiológica pelo MS e sociedade, assim como pela diversidade e qualidade de suas coleções científicas, devidamente acreditado e certificado considerando a gestão da qualidade, sendo pró-ativo na formulação de políticas do MS, atuando em saúde ambiental, em vigilância e ensino, e atendendo a demandas emergentes em doenças”. Portanto, o orgulho de ser Fiocruz, no IOC, se funde ao compromisso com a saúde pública.


Tania Araújo-Jorge