Publicação do Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz - Ano XII - n 0 32 - 31/08/2006


Interação entre ciência e natureza impressiona visitantes

Como transformar natureza em ciência? A resposta foi dada ao público do Fiocruz Pra Você pelos pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) que integraram o ambiente Quando a natureza vira ciência, onde 12 estações trabalharam a relação entre saúde pública, insetos vetores, espécies invasoras, parasitos e bactérias. Ferramentas como computadores, microscópios, aquários e terrários foram utilizadas para demonstrar como microorganismos presentes na natureza podem influenciar o homem e o meio ambiente.

Gutemberg Brito
O ambiente Quando a natureza vira ciência aguçou a
curiosidade dos visitantes e mostrou como
pesquisadores transformam natureza em ciência

Os vistantes conheceram insetos transmissores de doenças consideradas importantes problemas de saúde pública – como leishmanioses, doença de Chagas e malária - e aprenderam como controlá-los. Na estação Vida de Mosquito, espécies que não transmitem doenças graves foram observadas em lupa e microscópio e o público pôde perceber que nem todos os mosquitos são iguais. “O objetivo do nosso trabalho é mostrar que existe uma grande diversidade de mosquitos, que podem ser diurnos ou noturnos; do campo ou da cidade; transmitir doenças ou não”, sintetiza Monique Motta, coordenadora da atividade.

Outras atividades chamaram atenção para o risco de doenças transmitidas por insetos aparentemente inofensivos, como carrapatos e piolhos. Os mitos e verdades sobre a pediculose, nome científico dado à infestação por piolhos, foram desvendados por uma cartilha com dicas de tratamento, prevenção e controle, distribuída aos visitantes. Além da divulgação do Disque-Piolho, serviço de atendimento telefônico oferecido pelo IOC que tira dúvidas sobre o tema, foram entregues à população 4 mil pentes finos – principal instrumento para combater a infestação. No mesmo espaço, informações sobre o carrapato transmissor da febre maculosa alertaram sobre a gravidade da doença e os cuidados necessários para evitar a infecção.

Gutemberg Brito
Cientistas por um dia, crianças observam insetos em
microscópio pela primeira vez

Terrários com exemplares do caramujo africano, espécie invasora considerada praga agrícola e comumente confundida com moluscos brasileiros do gênero Megalobulimus, foram expostos por voluntários do Departamento de Malacologia, que indicaram aos visitantes instruções para o controle do molusco africano que pode transmitir doenças ao homem. Para esclarecer futuras dúvidas da população, o serviço Disque-Caramujo, oferecido pelo Setor de Biologia e Controle de Endo e Ectoparasitas de Interesse Médico e Veterinário do Departamento de Biologia, também foi divulgado.

Gutemberg Brito
Dandara compara o caramujo africano ao Megalobulimus, gênero de molusco brasileiro que não transmite doenças

Na estação Verminoses: conhecer para prevenir, coordenada por voluntários do Laboratório de Eco-epidemiologia e Controle de Esquistossomose e Geohelmintoses, a população aprendeu sobre prevenção e transmissão de vermes que podem causar doenças, como esquistossomose, ascaridiose, enterobiose, tricuriose e ancilostomose.

Além de apresentar doenças transmitidas ao homem por insetos vetores, espécies invasoras e parasitos, o ambiente Quando a natureza vira ciência privilegiou temas relacionados ao meio ambiente e apresentou as coleções Entomológica e de Febre Amarela do IOC. “As crianças são muito curiosas e iniciativas como essa estimulam o interesse pela ciência e pela natureza”, considera Débora Baltazar, voluntária do Laboratório da Coleção Entomológica, que expôs espécies de triatomíneos na varanda do Castelo Mourisco.

Coordenada pelo Departamento de Patologia, a atividade sobre febre amarela informou os visitantes sobre a doença e contou a história da Coleção, iniciada em 1931 no Laboratório de Histopatologia do Serviço Nacional de Febre Amarela e transferida ao IOC em 1949, onde permanece até hoje com 498 mil amostras.

Gutemberg Brito
As irmãs Pamela (esq) e Tainá adoraram as estações científicas e prometem voltar no próximo ano: "Aprendi muito sobre ciências aqui. Já tive febre amarela e agora sei como me prevenir para não ficar doente de novo", Pamela conta.

A atividade sobre controle biológico surpreendeu visitantes ao mostrar que bactérias podem ser utilizadas como “inimigos naturais” de pragas agrícolas e insetos vetores sem danificar o meio ambiente como os inseticidas químicos tradicionais.

Gutemberg Brito
A atividade sobre controle biológico ensinou às crianças que bactérias podem fazer bem ao meio ambiente e ao homem

Na estação coordenada pelo Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental, o público conheceu técnicas para o biomonitoramento de rios que utilizam indicadores naturais para avaliar a qualidade da água. Brincadeiras complementaram a atividade e estimularam a criançada a representar o conhecimento adquirido em desenhos e pinturas.

Por Bel Levy e Renata Fontoura

IOC - CIÊNCIA PARA A SAÚDE DA POPULAÇÃO BRASILEIRA
Mais notícias do IOC em www.ioc.fiocruz.br