Substância estudada pelo IOC é aceita por grupo
internacional como candidata a microbicida anti-HIV

A primeira iniciativa brasileira para a produção de um microbicida anti-HIV, uma parceria entre o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Fundação Ataulpho de Paiva (FAP), acaba de receber reconhecimento internacional: a substância eleita para realização da pesquisa, caracterizada como um dolabelano diterpeno e extraída a partir de uma espécie de alga marinha, foi aceita pela Aliança para o Desenvolvimento de Microbicidas, organização internacional apoiada pela Fundação Bill & Melinda Gates, como um candidato potencial à produção de um microbicida. Em documento que será publicado até o fim deste mês, a Aliança reconhece 30 candidatos potenciais para o desenvolvimento de um microbicida anti-HIV. O dolabelano diterpeno é o único latino-americano.

Gutemberg Brito
Substância estudada pelo IOC é a única latino-americana entre 30 candidatas internacionais para o desenvolvimento de microbicida anti-HIV

Resultado da canalização de diferentes interesses científicos em prol da investigação de um produto nacional que possa combater o HIV, a iniciativa recebe apoio do Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids do Ministério da Saúde e deve iniciar em maio estudos pré-clínicos em animais de experimentação – etapa já aprovada pela Comissão de Ética em Uso de Animais (CEUA) da Fiocruz. Na primeira fase da pesquisa, realizada in vitro, o dolabelano diterpeno mostrou-se bastante promissor ao inibir em até 95% a replicação do vírus em linfócitos e macrófagos, células de defesa do organismo humano infectadas pelo HIV. Durante os estudos pré-clínicos serão realizados testes de segurança em camundongos fêmeas, a partir da aplicação tópica da substância, para que sejam avaliadas alterações locais (na área genital) ou sistêmicas (em outros órgãos e no sangue). Em paralelo, serão realizados testes em fragmentos de tecido humano, em cérvix uterino, retirados por biópsia e mantidos vivos em cultura, em laboratório.

Clique aqui para ler reportagem que, em janeiro deste ano, divulgou a pesquisa.

 

Bel Levy
23/03/07