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A perseguição na Ditadura, a viagem à Venezuela e o retorno para o Brasil

No episódio conhecido como Massacre de Manguinhos, quando dez eminentes cientistas da Fiocruz foram cassados pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5), promulgado pela ditadura militar em 1970, o Brasil perdeu Moussatché
Por Jornalismo IOC23/03/2010 - Atualizado em 21/11/2019

::anterior::

No episódio conhecido como Massacre de Manguinhos, quando dez eminentes cientistas da Fiocruz foram cassados pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5), promulgado pela ditadura militar em 1970, o Brasil perdeu Moussatché. Em 1971, ele começou a trabalhar na recém-criada Universidade Centro-Ocidental Lisandro Alvarado. “Foi uma sorte para a Venezuela”, brinca Perales, que começou neste período uma longa colaboração com o pesquisador no estudo da resistência de alguns animais, como o gambá, ao veneno de cobra – tema ao qual ainda dedica parte de sua produção científica atual. “Como escreveu uma vez Luiz Laboriou, Moussatché foi para a Venezuela, onde, ao longo de 16 anos, escreveu, com atos e com trabalhos, o mais belo
capítulo de sua carreira”, cita Perales.
 

Gutemberg Brito

 

 Jonas Perales guarda em seu escritório o jaleco que Moussatché usava no IOC

“A pesquisa na universidade era muito incipiente e se iniciaria mesmo com a chegada do Haity. Mas ele não se conformou em fazer pesquisa apenas no seu laboratório de veterinária e lutou para fundar na universidade o Consejo Asesor de Investigación y Servicios. Como era um líder nato, conseguiu como presidente do conselho que a direção da universidade destinasse uma verba para o fomento à pesquisa. Assim, foram criados vários centros de pesquisa”, avalia Perales.

 Arquivo pessoal/Renato Cordeiro

 

Renato Cordeiro, Sergio Arouca, Moussatché, Carlos Morel e Otto Gottlieb na época da reintegração

Inicialmente, Moussatché planejara permanecer apenas um ano na Venezuela, seguindo para a Inglaterra, de onde já havia recebido convite. Acabou se apaixonando por seus estudos e ficando por lá durante 16 anos. Anna Helena conta que aos que o questionavam sobre a escolha da Venezuela, Moussatché respondia: “Esse país precisa muito mais de ciência do que os países europeus.”

Após o retorno ao Brasil, em 1985, Moussatché foi convidado a reorganizar o então Departamento de Fisiologia e Farmacodinâmica do IOC, e, em 1986, aos 76 anos, foi reintegrado ao quadro da Fiocruz, juntamente com os outros cassados pela ditadura. Aos 88 anos, no dia 24 de julho de 1998, Moussatché morreu, deixando dois filhos do primeiro casamento, Anna Helena e Mendel, e sua segunda esposa, Cadem Moussatché.


Luís Amorim

No episódio conhecido como Massacre de Manguinhos, quando dez eminentes cientistas da Fiocruz foram cassados pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5), promulgado pela ditadura militar em 1970, o Brasil perdeu Moussatché
Por: 
jornalismo

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No episódio conhecido como Massacre de Manguinhos, quando dez eminentes cientistas da Fiocruz foram cassados pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5), promulgado pela ditadura militar em 1970, o Brasil perdeu Moussatché. Em 1971, ele começou a trabalhar na recém-criada Universidade Centro-Ocidental Lisandro Alvarado. “Foi uma sorte para a Venezuela”, brinca Perales, que começou neste período uma longa colaboração com o pesquisador no estudo da resistência de alguns animais, como o gambá, ao veneno de cobra – tema ao qual ainda dedica parte de sua produção científica atual. “Como escreveu uma vez Luiz Laboriou, Moussatché foi para a Venezuela, onde, ao longo de 16 anos, escreveu, com atos e com trabalhos, o mais belo
capítulo de sua carreira”, cita Perales.
 

Gutemberg Brito

 

 Jonas Perales guarda em seu escritório o jaleco que Moussatché usava no IOC

“A pesquisa na universidade era muito incipiente e se iniciaria mesmo com a chegada do Haity. Mas ele não se conformou em fazer pesquisa apenas no seu laboratório de veterinária e lutou para fundar na universidade o Consejo Asesor de Investigación y Servicios. Como era um líder nato, conseguiu como presidente do conselho que a direção da universidade destinasse uma verba para o fomento à pesquisa. Assim, foram criados vários centros de pesquisa”, avalia Perales.

 Arquivo pessoal/Renato Cordeiro

 

Renato Cordeiro, Sergio Arouca, Moussatché, Carlos Morel e Otto Gottlieb na época da reintegração

Inicialmente, Moussatché planejara permanecer apenas um ano na Venezuela, seguindo para a Inglaterra, de onde já havia recebido convite. Acabou se apaixonando por seus estudos e ficando por lá durante 16 anos. Anna Helena conta que aos que o questionavam sobre a escolha da Venezuela, Moussatché respondia: “Esse país precisa muito mais de ciência do que os países europeus.”

Após o retorno ao Brasil, em 1985, Moussatché foi convidado a reorganizar o então Departamento de Fisiologia e Farmacodinâmica do IOC, e, em 1986, aos 76 anos, foi reintegrado ao quadro da Fiocruz, juntamente com os outros cassados pela ditadura. Aos 88 anos, no dia 24 de julho de 1998, Moussatché morreu, deixando dois filhos do primeiro casamento, Anna Helena e Mendel, e sua segunda esposa, Cadem Moussatché.

Luís Amorim

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)