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Histórico de dedicação aos pacientes de hanseníase

Cerca de 700 novas consultas, em média, são realizadas anualmente pelo Ambulatório Souza Araújo, que atua no diagnóstico, tratamento e acompanhamento terapêutico dos pacientes
Por Lucas Rocha30/05/2014 - Atualizado em 10/01/2024

No antigo Hospital Frei Antônio funcionava o Serviço Nacional de atendimento à lepra, termo mais comum para designar a hanseníase até a década de 1970 no Brasil.

A partir do seu desmembramento, na década de 1970, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) absorveu parte dos funcionários e pacientes, dando início, em 1976, ao Ambulatório Souza Araújo. O espaço, juntamente com outros centros pilotos, foi pioneiro em adotar a poliquimioterapia no Brasil, ainda no final da década de 1980, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

À frente do Laboratório de Hanseníase do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) desde 1985, Euzenir Sarno coordena uma equipe multiprofissional formada por dermatologistas, neurologistas, fisioterapeuta, assistente social, enfermeiros, farmacêutico e técnicos de enfermagem.

A pesquisadora acompanhou a mudança do panorama da doença no país. “Quando começamos o nosso trabalho, ainda na década de 1970, não havia o controle sobre a hanseníase como realizado atualmente. Avançamos muito no que diz respeito à pesquisa, tratamento e cuidado ao paciente”, afirma.
 

Atual espaço do Ambulatório Souza Araújo no campus da Fiocruz em Manguinhos, no Rio de Janeiro, que recebe até 700 novas consultas por ano

Presente
Em 2008, o Ambulatório migrou para um novo espaço físico, inaugurado pelo então Ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Hoje, o Souza Araújo atua como centro de referência nacional em hanseníase para o Ministério da Saúde e desenvolve ações na área de tecnologia em saúde, incluindo atividades de assistência, pesquisa básica e aplicada e ensino sobre a doença.

O atendimento aos pacientes vai desde o diagnóstico ao tratamento, passando por acompanhamento terapêutico, incluindo seus familiares, que são examinados e recebem orientação de educação em saúde.

Anualmente, cerca de 700 pacientes são atendidos no Ambulatório Souza Araújo para realizar a primeira consulta. O centro é responsável pelo diagnóstico de 7 a 10% dos casos de hanseníase notificados no Estado do Rio de Janeiro e de 20 a 30% dos casos notificados no município.

De acordo com a enfermeira do Ambulatório, Nádia Duppre, na rotina de trabalho é necessário articular com outras instituições de saúde.

“Nós prestamos auxílio em caso de dúvidas de diagnósticos ou em casos de quadros reacionais – episódios inflamatórios agudos, de origem imunológica – aos pacientes encaminhados de hospitais ou postos de saúde”, ressalta.

O Ambulatório atua no registro de novos pacientes e atende aqueles que já estão em tratamento para receber o medicamento e acompanhar a evolução do quadro de saúde.

A doença
Com registros milenares, que remontam à Bíblia, a hanseníase ainda carrega uma série de mitos e estigmas. No passado, os pacientes diagnosticados eram isolados em leprosários e a falta de informações era motivo para reforçar o preconceito e discriminação.

De acordo com Nádia, as atividades do Ambulatório têm como objetivo esclarecer sobre o agravo e promover a qualidade de vida dos pacientes.

“Embora tenha diminuído, ainda existe preconceito e medo quando se trata de hanseníase. Alinhado às ações do Ministério da Saúde, que realiza campanhas nacionais, amplamente divulgadas pelos meios de comunicação, nós promovemos um trabalho direcionado: orientamos pacientes e familiares, prestamos auxílio a instituições de ensino e tiramos qualquer dúvida daqueles que entram em contato”, afirma.

Busca ativa
Uma das formas de controle e cuidado da hanseníase é a busca ativa, momento em que a dedicação se volta aos familiares dos pacientes. Eles recebem orientações sobre saúde e passam por avaliações periódicas.

“Após o diagnóstico do paciente sempre fazemos o exame dos contatos, com a avaliação da pele. Essa é uma das medidas de prevenção que possibilita fazer um diagnóstico precoce”, explica a enfermeira.

Os familiares que apresentam diagnóstico negativo da doença recebem a vacina BCG, utilizada primariamente na imunização da tuberculose, mas também adotada de forma preventiva para a hanseníase, uma vez que reforça a proteção.

Semanalmente, é realizada uma atividade com amigos próximos e familiares dos pacientes – os chamados ‘comunicantes’. No encontro, são abordados diferentes aspectos da doença, como os primeiros sinais e sintomas, formas de contágio, tipos de tratamento, possíveis complicações e sequelas, direitos e deveres dos portadores de hanseníase, entre outros temas.

“O intuito dessa iniciativa é ressaltar que o paciente pode e deve permanecer no seu convívio familiar, profissional e social. Além disso, o apoio familiar é fundamental para ajudá-lo no enfrentamento da doença”, completa Nádia.

Tratamento
O paciente pode ser classificado como multibacilar – que tem muitos bacilos – ou paucibacilar, com poucos bacilos. Essa identificação é importante para definir a duração e a dosagem de medicação.

O tratamento da hanseníase, denominado poliquimioterapia, é constituído pela associação de três antibióticos (rifampicina, dapsona e clofazimina). A duração varia entre seis e doze meses. Para os pacientes com menor número de bacilos são seis doses distribuídas mensalmente.

Essa forma de tratamento pode ser prorrogada por até nove meses em caso de interrupção durante o processo. O caso multibacilar é tratado em 12 meses e pode ser estendido até 18 meses.

“Caso o paciente ultrapasse o período estipulado é preciso reiniciar o tratamento, isso acontece em casos de abandono ou irregularidade na frequência”, explica Nádia. Para evitar o abandono, o Ambulatório estabelece um trabalho próximo com os pacientes.

As ações para garantir a regularidade do tratamento vêm desde o início: a educação em saúde alerta sobre o prejuízo de interrupções e a equipe entra em contato por telefone em busca daqueles que faltam às consultas.

Cerca de 700 novas consultas, em média, são realizadas anualmente pelo Ambulatório Souza Araújo, que atua no diagnóstico, tratamento e acompanhamento terapêutico dos pacientes
Por: 
lucas

No antigo Hospital Frei Antônio funcionava o Serviço Nacional de atendimento à lepra, termo mais comum para designar a hanseníase até a década de 1970 no Brasil.

A partir do seu desmembramento, na década de 1970, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) absorveu parte dos funcionários e pacientes, dando início, em 1976, ao Ambulatório Souza Araújo. O espaço, juntamente com outros centros pilotos, foi pioneiro em adotar a poliquimioterapia no Brasil, ainda no final da década de 1980, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

À frente do Laboratório de Hanseníase do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) desde 1985, Euzenir Sarno coordena uma equipe multiprofissional formada por dermatologistas, neurologistas, fisioterapeuta, assistente social, enfermeiros, farmacêutico e técnicos de enfermagem.

A pesquisadora acompanhou a mudança do panorama da doença no país. “Quando começamos o nosso trabalho, ainda na década de 1970, não havia o controle sobre a hanseníase como realizado atualmente. Avançamos muito no que diz respeito à pesquisa, tratamento e cuidado ao paciente”, afirma.
 

Atual espaço do Ambulatório Souza Araújo no campus da Fiocruz em Manguinhos, no Rio de Janeiro, que recebe até 700 novas consultas por ano

Presente
Em 2008, o Ambulatório migrou para um novo espaço físico, inaugurado pelo então Ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Hoje, o Souza Araújo atua como centro de referência nacional em hanseníase para o Ministério da Saúde e desenvolve ações na área de tecnologia em saúde, incluindo atividades de assistência, pesquisa básica e aplicada e ensino sobre a doença.

O atendimento aos pacientes vai desde o diagnóstico ao tratamento, passando por acompanhamento terapêutico, incluindo seus familiares, que são examinados e recebem orientação de educação em saúde.

Anualmente, cerca de 700 pacientes são atendidos no Ambulatório Souza Araújo para realizar a primeira consulta. O centro é responsável pelo diagnóstico de 7 a 10% dos casos de hanseníase notificados no Estado do Rio de Janeiro e de 20 a 30% dos casos notificados no município.

De acordo com a enfermeira do Ambulatório, Nádia Duppre, na rotina de trabalho é necessário articular com outras instituições de saúde.

“Nós prestamos auxílio em caso de dúvidas de diagnósticos ou em casos de quadros reacionais – episódios inflamatórios agudos, de origem imunológica – aos pacientes encaminhados de hospitais ou postos de saúde”, ressalta.

O Ambulatório atua no registro de novos pacientes e atende aqueles que já estão em tratamento para receber o medicamento e acompanhar a evolução do quadro de saúde.

A doença
Com registros milenares, que remontam à Bíblia, a hanseníase ainda carrega uma série de mitos e estigmas. No passado, os pacientes diagnosticados eram isolados em leprosários e a falta de informações era motivo para reforçar o preconceito e discriminação.

De acordo com Nádia, as atividades do Ambulatório têm como objetivo esclarecer sobre o agravo e promover a qualidade de vida dos pacientes.

“Embora tenha diminuído, ainda existe preconceito e medo quando se trata de hanseníase. Alinhado às ações do Ministério da Saúde, que realiza campanhas nacionais, amplamente divulgadas pelos meios de comunicação, nós promovemos um trabalho direcionado: orientamos pacientes e familiares, prestamos auxílio a instituições de ensino e tiramos qualquer dúvida daqueles que entram em contato”, afirma.

Busca ativa
Uma das formas de controle e cuidado da hanseníase é a busca ativa, momento em que a dedicação se volta aos familiares dos pacientes. Eles recebem orientações sobre saúde e passam por avaliações periódicas.

“Após o diagnóstico do paciente sempre fazemos o exame dos contatos, com a avaliação da pele. Essa é uma das medidas de prevenção que possibilita fazer um diagnóstico precoce”, explica a enfermeira.

Os familiares que apresentam diagnóstico negativo da doença recebem a vacina BCG, utilizada primariamente na imunização da tuberculose, mas também adotada de forma preventiva para a hanseníase, uma vez que reforça a proteção.

Semanalmente, é realizada uma atividade com amigos próximos e familiares dos pacientes – os chamados ‘comunicantes’. No encontro, são abordados diferentes aspectos da doença, como os primeiros sinais e sintomas, formas de contágio, tipos de tratamento, possíveis complicações e sequelas, direitos e deveres dos portadores de hanseníase, entre outros temas.

“O intuito dessa iniciativa é ressaltar que o paciente pode e deve permanecer no seu convívio familiar, profissional e social. Além disso, o apoio familiar é fundamental para ajudá-lo no enfrentamento da doença”, completa Nádia.

Tratamento
O paciente pode ser classificado como multibacilar – que tem muitos bacilos – ou paucibacilar, com poucos bacilos. Essa identificação é importante para definir a duração e a dosagem de medicação.

O tratamento da hanseníase, denominado poliquimioterapia, é constituído pela associação de três antibióticos (rifampicina, dapsona e clofazimina). A duração varia entre seis e doze meses. Para os pacientes com menor número de bacilos são seis doses distribuídas mensalmente.

Essa forma de tratamento pode ser prorrogada por até nove meses em caso de interrupção durante o processo. O caso multibacilar é tratado em 12 meses e pode ser estendido até 18 meses.

“Caso o paciente ultrapasse o período estipulado é preciso reiniciar o tratamento, isso acontece em casos de abandono ou irregularidade na frequência”, explica Nádia. Para evitar o abandono, o Ambulatório estabelece um trabalho próximo com os pacientes.

As ações para garantir a regularidade do tratamento vêm desde o início: a educação em saúde alerta sobre o prejuízo de interrupções e a equipe entra em contato por telefone em busca daqueles que faltam às consultas.

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)