Portuguese English Spanish
Interface
Adjust the interface to make it easier to use for different conditions.
This renders the document in high contrast mode.
This renders the document as white on black
This can help those with trouble processing rapid screen movements.
This loads a font easier to read for people with dyslexia.
Busca Avançada
Você está aqui: Notícias » Fêmeas do mosquito Aedes aegypti podem ter sobrevida maior em comunidades carentes

Fêmeas do mosquito Aedes aegypti podem ter sobrevida maior em comunidades carentes

Informação foi confirmada por estudo realizado pela equipe do Laboratório de Transmissores de Hematozoários do IOC
Por Jornalismo IOC24/03/2006 - Atualizado em 17/01/2023

Estudo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) aponta que a sobrevivência e a dispersão de fêmeas do mosquito Aedes aegypti , vetor da dengue, podem ser influenciadas pelas diferentes condições urbanísticas e pela densidade humana de uma região.

O tempo de vida do mosquito está diretamente ligado à sua capacidade de atuar como vetor da dengue: são necessários de 12 a 14 dias entre o momento em que o mosquito suga o sangue de uma pessoa infectada até que as partículas virais cheguem às glândulas salivares do inseto, tornando possível a inoculação do vírus em outra pessoa o chamado período de incubação extrínseco do vírus no mosquito.

Por isso, quanto menor a sobrevida do mosquito, menor a chance de uma fêmea do Aedes aegypti transmitir o vírus da dengue.

A pesquisa estudou duas áreas no Rio de Janeiro: Comunidade Amorim, localizada no Complexo de Manguinhos, e Tubiacanga, bairro da Ilha do Governador.

Para calcular a taxa de sobrevivência e dispersão do mosquito em cada localidade, a equipe do Laboratório de Transmissores de Hematozoários do IOC utilizou experimentos de coleta, marcação, soltura e captura, autorizados pelo Comitê de Ética da Fiocruz.

A marcação dos mosquitos foi feita com um pó fluorescente e a captura com o uso de aspiradores e armadilhas que possuem um atraente químico que simula o odor de substâncias presentes na pele humana, capazes de exercer eficiente atração sobre os mosquitos.

"Aplicamos dois modelos matemáticos já descritos na literatura, um exponencial e um não-linear, para chegarmos à taxa de sobrevivência diária de fêmeas de Aedes aegypti em cada área", esclarece o entomólogo Rafael Maciel de Freitas, que apresentou os resultados como sua dissertação de mestrado orientado pelos pesquisadores Cláudia Codeço e Ricardo Lourenço.

"Na Comunidade Amorim o fornecimento de água e a coleta de lixo são inadequados. As casas possuem geralmente um cômodo e não contam com ambiente peridomiciliar. A densidade humana é de 904 hb/ha", o pesquisador observa.

Por outro lado, em Tubiacanga há saneamento básico e coleta de lixo adequados, as casas possuem de dois a três quartos e amplo espaço peridomiciliar, com uma densidade de cerca de 339 hab/ha. Este foi o primeiro estudo a avaliar tanto a sobrevivência quanto a dispersão da espécie Aedes aegypti nas condições específicas do Rio de Janeiro, considerado um dos mais importantes pontos de disseminação de dengue no país.

Os resultados mostraram que a sobrevivência de Aedes aegypti é maior na Comunidade Amorim, enquanto maiores deslocamentos foram observados em Tubiacanga.

Enquanto neste bairro a maioria das fêmeas se deslocou mais de 130m, com distância máxima percorrida de 363m, na Comunidade Amorim a média das distâncias percorridas pelos insetos foi entre 70m e 90m .

Possivelmente, por se tratar de uma área onde a população está melhor distribuída, com menor aglomeração de casas, os mosquitos dispersaram mais em Tubiacanga, em busca de sítios de oviposição e fontes sanguíneas, ao contrário da Comunidade Amorim, o entomólogo avalia.

As taxas de sobrevivência diária dos mosquitos da Comunidade Amorim foram maiores que no bairro de Tubiacanga, sugerindo haver fêmeas mais longevas nas áreas de maior aglomeração humana e pior saneamento fêmeas que, por serem mais longevas, estão teoricamente mais aptas a transmitir o vírus da dengue.

"Por outro lado, ainda é preciso realizar o experimento em outras localidades para confirmar a hipótese de que as condições do ambiente urbano influenciam diretamente a sobrevivência das fêmeas do mosquito . Afinal, foram selecionadas apenas duas áreas para este estudo e cada localidade pode possuir características específicas, que em última análise, poderão influenciar a sobrevivência e a dispersão de fêmeas de Aedes aegypti localmente", conclui.

 

Por Bel Levy
24/03/2006

Informação foi confirmada por estudo realizado pela equipe do Laboratório de Transmissores de Hematozoários do IOC
Por: 
jornalismo

Estudo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) aponta que a sobrevivência e a dispersão de fêmeas do mosquito Aedes aegypti , vetor da dengue, podem ser influenciadas pelas diferentes condições urbanísticas e pela densidade humana de uma região.

O tempo de vida do mosquito está diretamente ligado à sua capacidade de atuar como vetor da dengue: são necessários de 12 a 14 dias entre o momento em que o mosquito suga o sangue de uma pessoa infectada até que as partículas virais cheguem às glândulas salivares do inseto, tornando possível a inoculação do vírus em outra pessoa o chamado período de incubação extrínseco do vírus no mosquito.

Por isso, quanto menor a sobrevida do mosquito, menor a chance de uma fêmea do Aedes aegypti transmitir o vírus da dengue.

A pesquisa estudou duas áreas no Rio de Janeiro: Comunidade Amorim, localizada no Complexo de Manguinhos, e Tubiacanga, bairro da Ilha do Governador.

Para calcular a taxa de sobrevivência e dispersão do mosquito em cada localidade, a equipe do Laboratório de Transmissores de Hematozoários do IOC utilizou experimentos de coleta, marcação, soltura e captura, autorizados pelo Comitê de Ética da Fiocruz.

A marcação dos mosquitos foi feita com um pó fluorescente e a captura com o uso de aspiradores e armadilhas que possuem um atraente químico que simula o odor de substâncias presentes na pele humana, capazes de exercer eficiente atração sobre os mosquitos.

"Aplicamos dois modelos matemáticos já descritos na literatura, um exponencial e um não-linear, para chegarmos à taxa de sobrevivência diária de fêmeas de Aedes aegypti em cada área", esclarece o entomólogo Rafael Maciel de Freitas, que apresentou os resultados como sua dissertação de mestrado orientado pelos pesquisadores Cláudia Codeço e Ricardo Lourenço.

"Na Comunidade Amorim o fornecimento de água e a coleta de lixo são inadequados. As casas possuem geralmente um cômodo e não contam com ambiente peridomiciliar. A densidade humana é de 904 hb/ha", o pesquisador observa.

Por outro lado, em Tubiacanga há saneamento básico e coleta de lixo adequados, as casas possuem de dois a três quartos e amplo espaço peridomiciliar, com uma densidade de cerca de 339 hab/ha. Este foi o primeiro estudo a avaliar tanto a sobrevivência quanto a dispersão da espécie Aedes aegypti nas condições específicas do Rio de Janeiro, considerado um dos mais importantes pontos de disseminação de dengue no país.

Os resultados mostraram que a sobrevivência de Aedes aegypti é maior na Comunidade Amorim, enquanto maiores deslocamentos foram observados em Tubiacanga.

Enquanto neste bairro a maioria das fêmeas se deslocou mais de 130m, com distância máxima percorrida de 363m, na Comunidade Amorim a média das distâncias percorridas pelos insetos foi entre 70m e 90m .

Possivelmente, por se tratar de uma área onde a população está melhor distribuída, com menor aglomeração de casas, os mosquitos dispersaram mais em Tubiacanga, em busca de sítios de oviposição e fontes sanguíneas, ao contrário da Comunidade Amorim, o entomólogo avalia.

As taxas de sobrevivência diária dos mosquitos da Comunidade Amorim foram maiores que no bairro de Tubiacanga, sugerindo haver fêmeas mais longevas nas áreas de maior aglomeração humana e pior saneamento fêmeas que, por serem mais longevas, estão teoricamente mais aptas a transmitir o vírus da dengue.

"Por outro lado, ainda é preciso realizar o experimento em outras localidades para confirmar a hipótese de que as condições do ambiente urbano influenciam diretamente a sobrevivência das fêmeas do mosquito . Afinal, foram selecionadas apenas duas áreas para este estudo e cada localidade pode possuir características específicas, que em última análise, poderão influenciar a sobrevivência e a dispersão de fêmeas de Aedes aegypti localmente", conclui.

 

Por Bel Levy
24/03/2006

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)