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História em Quadrinhos leva esclarecimento sobre a Hanseníase

A falta de informação sobre a doença é um dos fatores que levam o Brasil a ser um dos países com elevado índice de casos
Por Jornalismo IOC19/07/2006 - Atualizado em 06/04/2023

Hoje curável em 100% dos casos e com tratamento gratuito disponível para a população, a hanseníase ainda carrega o estigma e o preconceito que levaram seus portadores ao isolamento durante séculos. A falta de informação sobre a doença é um dos fatores que levam o Brasil a ocupar a triste quinta posição entre os nove países endêmicos listados pela Organização Mundial de Saúde em 2005. Com o objetivo de contribuir para vencer o preconceito através do esclarecimento, o Laboratório de Hanseníase do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) desenvolveu uma história em quadrinhos sobre a doença tendo como público-alvo alunos do ensino fundamental.

A iniciativa é fruto do trabalho da bióloga Karina Saavedra Acero Cabello no curso de especialização no Programa de Pós-Graduação em Ensino em Biociências e Saúde do IOC, orientada pelo pesquisador Milton Ozório Moraes. O material surgiu com a idéia inicial de uma simples cartilha e ganhou forma. Eu mesma comecei a rascunhar os desenhos e, aos poucos, percebi que uma história em quadrinhos era mais dinâmica e atrativa para as crianças. Queria que elas aprendessem sobre a doença de uma forma divertida, explica a bióloga, que contou com a colaboração do ilustrador Bruno Esquenazi, do Setor de Produção e Tratamento de Imagens do IOC. Esta parceria foi de vital importância, pois o Bruno deu uma excelente formatação aos desenhos.

Para o mestrado desenvolvido no mesmo programa, a bióloga aplicou o trabalho em três escolas da rede pública e privada. O objetivo foi conhecer o impacto e ver como as crianças receberiam o projeto. Pude comprovar nessa trajetória que o preconceito ainda é muito forte, avalia. Antes da introdução da história em quadrinhos, um questionário foi realizado com professores e alunos das escolas escolhidas para dar a dimensão do quanto conheciam sobre o tema.

A aplicação foi iniciada com alunos de uma escola privada no Rio de Janeiro. Trabalhamos a história e depois fizemos uma discussão em grupo. Os alunos foram muito receptivos e não se restringiram a responder o que eu perguntava, também fizeram muitas perguntas. Superou as expectativas, Karina comemora.

A aplicação na rede pública de ensino foi realizada em escolas de Itaboraí, no interior do estado. Considerada uma região endêmica, o município abriga o Hospital Estadual Tavares Macedo, especializado no atendimento da doença. Na primeira tentativa, a maior parte dos pais dos alunos da escola escolhida relutaram em autorizar a participação dos filhos no projeto. Dos cem questionários prévios enviados, recebi apenas 20 de volta. Foi um choque para mim, dispara Karina, que preferiu não prosseguir o estudo nesta instituição.

Em outras duas escolas, uma próxima e a outra distante do hospital, a timidez dos alunos ao falar sobre o assunto foi uma característica comum. Os alunos ficaram sem graça e eu senti que não estavam à vontade. A diferença é que os alunos da escola mais próxima ao hospital sabiam mais sobre o tema, enquanto que os da escola mais distante tinham o mesmo nível de conhecimento dos que o da instituição privada, considerou.

Outro aspecto importante levantado pelo estudo é que temas como a hanseníase não são abordados por professores de ciências, mesmo em uma região endêmica como Itaboraí. Conversei com coordenadores pedagógicos e professores e todos confirmaram que não trabalham o tema em sala de aula. Como as crianças irão saber que a doença tem cura?, indaga a bióloga, ressaltando que os pais também contribuem para que o preconceito ainda exista. A criança é prejudicada, já que os pais alimentam este preconceito, passado dentro de casa, conclui.

Karina foi convidada pelo Programa de Hanseníase de Itaboraí para dar continuidade ao trabalho de divulgação e esclarecimento, não só através da história em quadrinhos, mas também treinando e capacitando agentes de saúde para atuar na região.

Renata Fontoura
22/06/06

A falta de informação sobre a doença é um dos fatores que levam o Brasil a ser um dos países com elevado índice de casos
Por: 
jornalismo

Hoje curável em 100% dos casos e com tratamento gratuito disponível para a população, a hanseníase ainda carrega o estigma e o preconceito que levaram seus portadores ao isolamento durante séculos. A falta de informação sobre a doença é um dos fatores que levam o Brasil a ocupar a triste quinta posição entre os nove países endêmicos listados pela Organização Mundial de Saúde em 2005. Com o objetivo de contribuir para vencer o preconceito através do esclarecimento, o Laboratório de Hanseníase do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) desenvolveu uma história em quadrinhos sobre a doença tendo como público-alvo alunos do ensino fundamental.

A iniciativa é fruto do trabalho da bióloga Karina Saavedra Acero Cabello no curso de especialização no Programa de Pós-Graduação em Ensino em Biociências e Saúde do IOC, orientada pelo pesquisador Milton Ozório Moraes. O material surgiu com a idéia inicial de uma simples cartilha e ganhou forma. Eu mesma comecei a rascunhar os desenhos e, aos poucos, percebi que uma história em quadrinhos era mais dinâmica e atrativa para as crianças. Queria que elas aprendessem sobre a doença de uma forma divertida, explica a bióloga, que contou com a colaboração do ilustrador Bruno Esquenazi, do Setor de Produção e Tratamento de Imagens do IOC. Esta parceria foi de vital importância, pois o Bruno deu uma excelente formatação aos desenhos.

Para o mestrado desenvolvido no mesmo programa, a bióloga aplicou o trabalho em três escolas da rede pública e privada. O objetivo foi conhecer o impacto e ver como as crianças receberiam o projeto. Pude comprovar nessa trajetória que o preconceito ainda é muito forte, avalia. Antes da introdução da história em quadrinhos, um questionário foi realizado com professores e alunos das escolas escolhidas para dar a dimensão do quanto conheciam sobre o tema.

A aplicação foi iniciada com alunos de uma escola privada no Rio de Janeiro. Trabalhamos a história e depois fizemos uma discussão em grupo. Os alunos foram muito receptivos e não se restringiram a responder o que eu perguntava, também fizeram muitas perguntas. Superou as expectativas, Karina comemora.

A aplicação na rede pública de ensino foi realizada em escolas de Itaboraí, no interior do estado. Considerada uma região endêmica, o município abriga o Hospital Estadual Tavares Macedo, especializado no atendimento da doença. Na primeira tentativa, a maior parte dos pais dos alunos da escola escolhida relutaram em autorizar a participação dos filhos no projeto. Dos cem questionários prévios enviados, recebi apenas 20 de volta. Foi um choque para mim, dispara Karina, que preferiu não prosseguir o estudo nesta instituição.

Em outras duas escolas, uma próxima e a outra distante do hospital, a timidez dos alunos ao falar sobre o assunto foi uma característica comum. Os alunos ficaram sem graça e eu senti que não estavam à vontade. A diferença é que os alunos da escola mais próxima ao hospital sabiam mais sobre o tema, enquanto que os da escola mais distante tinham o mesmo nível de conhecimento dos que o da instituição privada, considerou.

Outro aspecto importante levantado pelo estudo é que temas como a hanseníase não são abordados por professores de ciências, mesmo em uma região endêmica como Itaboraí. Conversei com coordenadores pedagógicos e professores e todos confirmaram que não trabalham o tema em sala de aula. Como as crianças irão saber que a doença tem cura?, indaga a bióloga, ressaltando que os pais também contribuem para que o preconceito ainda exista. A criança é prejudicada, já que os pais alimentam este preconceito, passado dentro de casa, conclui.

Karina foi convidada pelo Programa de Hanseníase de Itaboraí para dar continuidade ao trabalho de divulgação e esclarecimento, não só através da história em quadrinhos, mas também treinando e capacitando agentes de saúde para atuar na região.

Renata Fontoura
22/06/06

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)