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Recurso da medicina popular é alvo de pesquisa científica

Um cogumelo utilizado popularmente para o tratamento de feridas começa a ser estudado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC).
Por Jornalismo IOC19/07/2006 - Atualizado em 17/01/2023

Um cogumelo utilizado popularmente para o tratamento de feridas começa a ser estudado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC). A ideia surgiu a partir da investigação de uma região ao sul de Minas Gerais onde lavradores do campo, distantes de assistência médica e submetidos a condições precárias de higiene, utilizam a espécie Langermannia wahlbergii, conhecida como Bufo, como curativo biológico para o tratamento de feridas.

O projeto será desenvolvido no Laboratório de Imunomodulação do IOC a partir da contribuição da pesquisadora Sônia Maria Neumann Cupolilo, atual chefe do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que estudará as propriedades do fungo durante a realização de seu pós-doutorado.

A sabedoria popular defende essa prática em detrimento de cuidados médicos tradicionais, como a sutura, em várias regiões do Brasil.

Segundo relatos locais, o procedimento leva à interrupção instantânea do sangramento das feridas e acelera a cicatrização, conta a pesquisadora, que realizou os projetos de mestrado e doutorado também no IOC, no estudo da leishmaniose.

Segundo Sônia, o objetivo é investigar cientificamente as propriedades cicatrizantes do Bufo e sua capacidade hemostática ligada ao estancamento do sangramento e a partir destas informações gerar diferentes linhas de pesquisa.

Para iniciar o estudo, uma experiência em campo confirmou o poder cicatrizante do cogumelo. A pesquisadora observou durante 30 dias a evolução de ferimentos induzidos em três grupos de ratos, cada um com 20 indivíduos.

No primeiro grupo as feridas foram tratadas cirurgicamente, com sutura e assepsia; em outro, foi observada a cicatrização espontânea dos animais, sem a intervenção de nenhum método; e no terceiro foi aplicado o Bufo, conforme observado no uso popular.

"A cicatrização realmente é mais adequada quando o tratamento é feito com assepsia e sutura, mas, para nossa surpresa, o procedimento mediado pelo fungo também ocorreu de maneira bastante satisfatória", avalia Sônia.

As feridas diminuíram em tamanho e largura e a cicatrização pelo cogumelo se mostrou mais eficiente que o processo espontâneo. Em alguns dias, os ferimentos tratados pelo método da sabedoria popular já apresentavam resultados comparáveis à cicatrização cirúrgica.

Em seu pós-doutorado, Sônia pretende esclarecer os mecanismos que permitem ao fungo acelerar a cicatrização de feridas e, para isso, precisará descobrir o princípio ativo medicamentoso que favorece a cicatrização.

A iniciativa, portanto, abre diversas linhas pesquisas na área de imunologia. O projeto prevê a integração de diversas áreas do conhecimento, a pesquisadora afirma. No futuro, poderemos estudar o princípio ativo medicamentoso do Bufo para avaliar a atividade bactericida e a toxicidade da substância em células humanas, conclui.

Bel Levy
29/06/06

Um cogumelo utilizado popularmente para o tratamento de feridas começa a ser estudado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC).
Por: 
jornalismo

Um cogumelo utilizado popularmente para o tratamento de feridas começa a ser estudado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC). A ideia surgiu a partir da investigação de uma região ao sul de Minas Gerais onde lavradores do campo, distantes de assistência médica e submetidos a condições precárias de higiene, utilizam a espécie Langermannia wahlbergii, conhecida como Bufo, como curativo biológico para o tratamento de feridas.

O projeto será desenvolvido no Laboratório de Imunomodulação do IOC a partir da contribuição da pesquisadora Sônia Maria Neumann Cupolilo, atual chefe do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que estudará as propriedades do fungo durante a realização de seu pós-doutorado.

A sabedoria popular defende essa prática em detrimento de cuidados médicos tradicionais, como a sutura, em várias regiões do Brasil.

Segundo relatos locais, o procedimento leva à interrupção instantânea do sangramento das feridas e acelera a cicatrização, conta a pesquisadora, que realizou os projetos de mestrado e doutorado também no IOC, no estudo da leishmaniose.

Segundo Sônia, o objetivo é investigar cientificamente as propriedades cicatrizantes do Bufo e sua capacidade hemostática ligada ao estancamento do sangramento e a partir destas informações gerar diferentes linhas de pesquisa.

Para iniciar o estudo, uma experiência em campo confirmou o poder cicatrizante do cogumelo. A pesquisadora observou durante 30 dias a evolução de ferimentos induzidos em três grupos de ratos, cada um com 20 indivíduos.

No primeiro grupo as feridas foram tratadas cirurgicamente, com sutura e assepsia; em outro, foi observada a cicatrização espontânea dos animais, sem a intervenção de nenhum método; e no terceiro foi aplicado o Bufo, conforme observado no uso popular.

"A cicatrização realmente é mais adequada quando o tratamento é feito com assepsia e sutura, mas, para nossa surpresa, o procedimento mediado pelo fungo também ocorreu de maneira bastante satisfatória", avalia Sônia.

As feridas diminuíram em tamanho e largura e a cicatrização pelo cogumelo se mostrou mais eficiente que o processo espontâneo. Em alguns dias, os ferimentos tratados pelo método da sabedoria popular já apresentavam resultados comparáveis à cicatrização cirúrgica.

Em seu pós-doutorado, Sônia pretende esclarecer os mecanismos que permitem ao fungo acelerar a cicatrização de feridas e, para isso, precisará descobrir o princípio ativo medicamentoso que favorece a cicatrização.

A iniciativa, portanto, abre diversas linhas pesquisas na área de imunologia. O projeto prevê a integração de diversas áreas do conhecimento, a pesquisadora afirma. No futuro, poderemos estudar o princípio ativo medicamentoso do Bufo para avaliar a atividade bactericida e a toxicidade da substância em células humanas, conclui.

Bel Levy
29/06/06

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)