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Entre filhos, teses e afetos: o legado de Maria de Nazareth Meirelles

Somos Manguinhos celebra a trajetória científica e afetuosa da cientista
Por Yuri Neri08/08/2025 - Atualizado em 28/08/2025

 

 

No dia em que Oswaldo Cruz completaria 153 anos, 15 mulheres que ostentam seu legado na ciência foram homenageadas com a ‘Medalha Maria de Nazareth Meirelles de Mérito Feminino na Ciência’. 

A celebração aconteceu na terça-feira (05/08), durante a quinta edição do projeto Somos Manguinhos, iniciativa do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) dedicada a preservar a memória institucional e reconhecer trajetórias que transformam a ciência e a sociedade.

Nesta edição, a atividade integrou o primeiro dia do 2º ato do Simpósio IOC Jubileu 125 Anos. 


Pesquisadoras que receberam a 'Medalha Maria de Nazareth Meirelles de Mérito Feminino na Ciência’. Foto: Rudson Amorim

A cientista que dá nome à medalha, Maria de Nazareth Meirelles, foi uma das figuras mais marcantes da história recente do Instituto. Mãe de sete filhos, conciliou a maternidade com a vida científica e reafirmou, com sua trajetória, que academia e dedicação à família não são caminhos excludentes. 

“Nazareth mostrou que maternidade e excelência acadêmica não são opostos. Ao contrário, podem conviver e se potencializar”, contou a pesquisadora do Laboratório de Biologia Estrutural, Helene Barbosa.  

Reconhecida sobretudo pelos estudos sobre a doença de Chagas, Nazareth também deixou uma marca profunda na formação de novas gerações. Ao longo de 35 anos dedicados ao IOC, orientou 37 dissertações e teses e ajudou a moldar uma linhagem de 899 “filhos científicos” — número que faz os seus 7 filhos parecerem poucos.  

 

O exemplo de Nazareth segue inspirando a comunidade do Instituto, que agora reconhece, em outras trajetórias femininas, os mesmos valores que marcaram sua vida.  

Quinze pesquisadoras foram condecoradas com a Medalha Maria de Nazareth Meirelles de Mérito Feminino na Ciência: 

— Ana Jansen 
— Anna Kohn 
— Delir Correa 
— Elba Lemos 
— Helene Santos Barbosa 
— Margareth Dalcolmo 
— Marilda Siqueira 
— Marilza Maia Herzog 
— Mariza Morgado 
— Marli Maria Lima 
— Martha Pereira 
— Miriam Tendler 
— Monika Barth 
— Rita Nogueira 
— Yara Traub Cseko 

Confira a transmissão do evento na íntegra. 

Exemplo, dedicação e afeto 

Pesquisadora dedicada, autora de inúmeros artigos científicos e mãe de sete filhos, Maria de Nazareth Silveira Leal de Meirelles construiu uma trajetória marcada pela conciliação entre afeto e excelência acadêmica.  

Formada em História Natural em 1958 pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), interrompeu os estudos quando o marido, médico, foi convidado a trabalhar nos Estados Unidos. Deixou claro, no entanto, que retomaria a carreira após dez anos. 

E assim o fez. De volta ao Brasil, foi professora na rede estadual e fez mestrado e doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisadora do IOC desde 1976, destacou-se nos estudos sobre doença de Chagas, na consolidação da microscopia eletrônica e na formação de novas gerações de profissionais.  


Nazareth Meirelles durante evento relativo ao Centenário da Descoberta da Doença de Chagas, em 2008. Foto: Gutemberg Brito

Ao longo de sua carreira, publicou 130 artigos científicos — cerca de quatro por ano, em média —, com temas como morfologia celular, biofísica celular, protozoologia de parasitos e mais. Sua facilidade com as palavras e a escrita acadêmica era um talento que não passava despercebido nem dentro de casa. 

“Era impressionante como ela conseguia sintonizar os trabalhos e as referências e 'sair escrevendo'. Entre um filho e outro, uma briga e outra, ela simplesmente sentava e escrevia”, brincou o filho e médico Sérgio Meirelles. 


Além da produtividade como pesquisadora, Maria de Nazareth Mereilles também teve papel de liderança em diversas posições no Instituto. Foto: Arquivo pessoal

Um levantamento publicado na Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, inclusive, reconheceu Nazareth entre os autores mais produtivos do mundo em pesquisas sobre a doença de Chagas no período de 1940 a 2009. 

Além do destaque acadêmico, Nazareth teve papel de liderança no Instituto: foi vice-diretora entre 1989 e 1993, chefiou o então Departamento de Ultraestrutura e Biologia Celular, o Laboratório de Ultraestrutura Celular e coordenou o Programa de Pós-graduação em Biologia Parasitária. 

Também integrou sociedades científicas nacionais e internacionais, como a Sociedade Americana de Biologia Celular e a Sociedade Brasileira de Microscopia Eletrônica, da qual foi vice-presidente em dois mandatos. Foi ainda membro do corpo editorial da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. 


A diretora do IOC, Tania Araujo-Jorge, foi a segunda orientanda de Nazareth no Instituto. Foto: Rudson Amorim.

Maria de Nazareth Meirelles faleceu em 19 de janeiro de 2019, mas seu legado científico permanece vivo, junto ao carinho que espalhou entre colegas, alunos e familiares. Prova disso foi a emoção visível nos rostos e nas vozes daqueles que participaram da homenagem durante o projeto ‘Somos Manguinhos’. 

“Lançar a medalha nesse dia significa reconhecer o papel das mulheres na história brasileira, dando a elas a devida importância que têm no desenvolvimento da ciência. E não há ninguém melhor do que Maria de Nazareth Meirelles para expressar a feminilidade, a doçura e o acolhimento que são tão característicos das mulheres”, comentou a diretora do IOC e segunda orientanda da homenageada, Tania Araujo-Jorge. 


Parentes, amigos e colegas de trabalho de Nazareth prestigiaram a homenagem no Auditório Emmanuel Dias. Foto: Rudson Amorim

A comemoração começou com depoimentos de familiares de Nazareth, que ressaltaram como a ciência sempre esteve presente em sua vida, inclusive nas relações mais íntimas. Ana Luiza Leal de Meirelles, neta e estudante de medicina, compartilhou lembranças que mostraram o quanto o olhar científico da avó também habitava o cotidiano da família. 

“Ela sempre transmitiu o conhecimento dela, seja como pesquisadora e professora, seja como avó. Nos deixava mexer na maquiagem e pintava quadros com os netos, mas também nos ensinou sobre a formação dos continentes, vulcões, divisão de embrião e até sobre os insetos que entravam na casa dela”, contou. 

Essas memórias afetivas revelam uma cientista que não restringia o saber aos muros da academia, mas o levava para dentro de casa, entre pincéis e brincadeiras. Mais do que repassar conteúdos, Nazareth educava com o exemplo, inspirando com sua presença firme e afetuosa. 


A pesquisadora Helene Barbosa, amiga e colega de trabalho de Nazareth, foi uma das palestrantes que se emocionaram durante a homenagem. Foto: Rudson Amorim

“A forma como ela mais ensinou foi através do exemplo. Ela sempre foi uma mulher terna e maternal, mas, acima de tudo, firme nos seus princípios e nas suas metas”, completou. 

A psicóloga Cristina Meirelles, filha da pesquisadora, destacou a importância de sua mãe como um ícone feminino na ciência, ressaltando não apenas sua contribuição intelectual, mas também sua capacidade de abrir caminhos para outras mulheres. 

“Ela deixou um legado. Trouxe para o mundo da ciência um monte de mulheres maravilhosas que hoje são líderes de laboratórios pelo Brasil e pelo mundo. Isso é absolutamente relevante, porque nós vivemos em um mundo muito masculino, onde tudo é feito pelos homens, com os homens, para os homens”, apontou. 


A psicóloga Cristina Meirelles, filha deNazareth, representou a família da pesquisadora na cerimônia. Foto: Rudson Amorim.

Entre publicações científicas, filhos de casa e filhos acadêmicos, Maria de Nazareth Meirelles construiu um legado que transborda gerações. A medalha que agora leva seu nome celebra não apenas sua história, mas a de todas as mulheres que, como ela, fazem da ciência um ato de cuidado, rigor e transformação. 

In Memoriam e Fórum Oswaldo Cruz 

Se a homenagem à trajetória de Maria de Nazareth Meirelles foi marcada por emoção e alegria, a programação de abertura do segundo ato do Simpósio IOC Jubileu 125 Anos também reservou um momento de luto e reflexão.  

Pela manhã, o projeto “In Memoriam – Presenças para além da COVID-19” inaugurou uma placa no Pavilhão Leônidas Deane em memória de Juliana de Meis e Délcio Freitas da Silva, profissionais do Instituto que faleceram precocemente em decorrência da Covid-19. 

“O mais importante é lembrar que cada uma dessas perdas esteve atravessada por questões políticas muito sérias. É essencial que o Instituto e a Fiocruz preservem essa memória, para que ela sirva de reflexão crítica nos momentos decisivos”, destacou a chefe do Laboratório de Pesquisas sobre o Timo, Adriana Bonomo. 

O pesquisador do Laboratório de Pesquisa sobre o Timo e ex-diretor do IOC, Wilson Savino, também apontou o caráter político das perdas provocadas pela pandemia e a urgência de responsabilização.

"Uma parte significativa das mortes por Covid-19 foi um crime — e esse crime continua impune. Júlia e Délcio foram vítimas", afirmou.


Adriana Bonomo, Wilson Savino e outros representantes da comunidade científica do IOC posam em frente à placa em homenagem a Juliana de Meis e Délcio Freitas da Silva, ao fundo. Foto: Rudson Amorim.

Ainda como parte da programação do simpósio do IOC, mas organizado pela presidência da Fiocruz, foi realizado o ‘Fórum Oswaldo Cruz – Conexões para o futuro da ciência’.  

Com foco no diálogo coletivo e na construção de diretrizes estratégicas para a Fiocruz, o evento aconteceu no auditório do Centro Administrativo Vinícius Fonseca, de Bio-Manguinhos e também contou com transmissão pelo YouTube. 

O professor e ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal, Manuel Heitor, proferiu a conferência ‘Desafios da ciência no mundo contemporâneo: o papel da pesquisa na Fiocruz’, que teve como debatedora a reitora da UERJ, Gulnar Azevedo. 

Somos Manguinhos celebra a trajetória científica e afetuosa da cientista
Por: 
yuri.neri

 

 

No dia em que Oswaldo Cruz completaria 153 anos, 15 mulheres que ostentam seu legado na ciência foram homenageadas com a ‘Medalha Maria de Nazareth Meirelles de Mérito Feminino na Ciência’. 

A celebração aconteceu na terça-feira (05/08), durante a quinta edição do projeto Somos Manguinhos, iniciativa do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) dedicada a preservar a memória institucional e reconhecer trajetórias que transformam a ciência e a sociedade.

Nesta edição, a atividade integrou o primeiro dia do 2º ato do Simpósio IOC Jubileu 125 Anos. 


Pesquisadoras que receberam a 'Medalha Maria de Nazareth Meirelles de Mérito Feminino na Ciência’. Foto: Rudson Amorim

A cientista que dá nome à medalha, Maria de Nazareth Meirelles, foi uma das figuras mais marcantes da história recente do Instituto. Mãe de sete filhos, conciliou a maternidade com a vida científica e reafirmou, com sua trajetória, que academia e dedicação à família não são caminhos excludentes. 

“Nazareth mostrou que maternidade e excelência acadêmica não são opostos. Ao contrário, podem conviver e se potencializar”, contou a pesquisadora do Laboratório de Biologia Estrutural, Helene Barbosa.  

Reconhecida sobretudo pelos estudos sobre a doença de Chagas, Nazareth também deixou uma marca profunda na formação de novas gerações. Ao longo de 35 anos dedicados ao IOC, orientou 37 dissertações e teses e ajudou a moldar uma linhagem de 899 “filhos científicos” — número que faz os seus 7 filhos parecerem poucos.  

 

O exemplo de Nazareth segue inspirando a comunidade do Instituto, que agora reconhece, em outras trajetórias femininas, os mesmos valores que marcaram sua vida.  

Quinze pesquisadoras foram condecoradas com a Medalha Maria de Nazareth Meirelles de Mérito Feminino na Ciência: 

— Ana Jansen 
— Anna Kohn 
— Delir Correa 
— Elba Lemos 
— Helene Santos Barbosa 
— Margareth Dalcolmo 
— Marilda Siqueira 
— Marilza Maia Herzog 
— Mariza Morgado 
— Marli Maria Lima 
— Martha Pereira 
— Miriam Tendler 
— Monika Barth 
— Rita Nogueira 
— Yara Traub Cseko 

Confira a transmissão do evento na íntegra. 

Exemplo, dedicação e afeto 

Pesquisadora dedicada, autora de inúmeros artigos científicos e mãe de sete filhos, Maria de Nazareth Silveira Leal de Meirelles construiu uma trajetória marcada pela conciliação entre afeto e excelência acadêmica.  

Formada em História Natural em 1958 pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), interrompeu os estudos quando o marido, médico, foi convidado a trabalhar nos Estados Unidos. Deixou claro, no entanto, que retomaria a carreira após dez anos. 

E assim o fez. De volta ao Brasil, foi professora na rede estadual e fez mestrado e doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisadora do IOC desde 1976, destacou-se nos estudos sobre doença de Chagas, na consolidação da microscopia eletrônica e na formação de novas gerações de profissionais.  


Nazareth Meirelles durante evento relativo ao Centenário da Descoberta da Doença de Chagas, em 2008. Foto: Gutemberg Brito

Ao longo de sua carreira, publicou 130 artigos científicos — cerca de quatro por ano, em média —, com temas como morfologia celular, biofísica celular, protozoologia de parasitos e mais. Sua facilidade com as palavras e a escrita acadêmica era um talento que não passava despercebido nem dentro de casa. 

“Era impressionante como ela conseguia sintonizar os trabalhos e as referências e 'sair escrevendo'. Entre um filho e outro, uma briga e outra, ela simplesmente sentava e escrevia”, brincou o filho e médico Sérgio Meirelles. 


Além da produtividade como pesquisadora, Maria de Nazareth Mereilles também teve papel de liderança em diversas posições no Instituto. Foto: Arquivo pessoal

Um levantamento publicado na Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, inclusive, reconheceu Nazareth entre os autores mais produtivos do mundo em pesquisas sobre a doença de Chagas no período de 1940 a 2009. 

Além do destaque acadêmico, Nazareth teve papel de liderança no Instituto: foi vice-diretora entre 1989 e 1993, chefiou o então Departamento de Ultraestrutura e Biologia Celular, o Laboratório de Ultraestrutura Celular e coordenou o Programa de Pós-graduação em Biologia Parasitária. 

Também integrou sociedades científicas nacionais e internacionais, como a Sociedade Americana de Biologia Celular e a Sociedade Brasileira de Microscopia Eletrônica, da qual foi vice-presidente em dois mandatos. Foi ainda membro do corpo editorial da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. 


A diretora do IOC, Tania Araujo-Jorge, foi a segunda orientanda de Nazareth no Instituto. Foto: Rudson Amorim.

Maria de Nazareth Meirelles faleceu em 19 de janeiro de 2019, mas seu legado científico permanece vivo, junto ao carinho que espalhou entre colegas, alunos e familiares. Prova disso foi a emoção visível nos rostos e nas vozes daqueles que participaram da homenagem durante o projeto ‘Somos Manguinhos’. 

“Lançar a medalha nesse dia significa reconhecer o papel das mulheres na história brasileira, dando a elas a devida importância que têm no desenvolvimento da ciência. E não há ninguém melhor do que Maria de Nazareth Meirelles para expressar a feminilidade, a doçura e o acolhimento que são tão característicos das mulheres”, comentou a diretora do IOC e segunda orientanda da homenageada, Tania Araujo-Jorge. 


Parentes, amigos e colegas de trabalho de Nazareth prestigiaram a homenagem no Auditório Emmanuel Dias. Foto: Rudson Amorim

A comemoração começou com depoimentos de familiares de Nazareth, que ressaltaram como a ciência sempre esteve presente em sua vida, inclusive nas relações mais íntimas. Ana Luiza Leal de Meirelles, neta e estudante de medicina, compartilhou lembranças que mostraram o quanto o olhar científico da avó também habitava o cotidiano da família. 

“Ela sempre transmitiu o conhecimento dela, seja como pesquisadora e professora, seja como avó. Nos deixava mexer na maquiagem e pintava quadros com os netos, mas também nos ensinou sobre a formação dos continentes, vulcões, divisão de embrião e até sobre os insetos que entravam na casa dela”, contou. 

Essas memórias afetivas revelam uma cientista que não restringia o saber aos muros da academia, mas o levava para dentro de casa, entre pincéis e brincadeiras. Mais do que repassar conteúdos, Nazareth educava com o exemplo, inspirando com sua presença firme e afetuosa. 


A pesquisadora Helene Barbosa, amiga e colega de trabalho de Nazareth, foi uma das palestrantes que se emocionaram durante a homenagem. Foto: Rudson Amorim

“A forma como ela mais ensinou foi através do exemplo. Ela sempre foi uma mulher terna e maternal, mas, acima de tudo, firme nos seus princípios e nas suas metas”, completou. 

A psicóloga Cristina Meirelles, filha da pesquisadora, destacou a importância de sua mãe como um ícone feminino na ciência, ressaltando não apenas sua contribuição intelectual, mas também sua capacidade de abrir caminhos para outras mulheres. 

“Ela deixou um legado. Trouxe para o mundo da ciência um monte de mulheres maravilhosas que hoje são líderes de laboratórios pelo Brasil e pelo mundo. Isso é absolutamente relevante, porque nós vivemos em um mundo muito masculino, onde tudo é feito pelos homens, com os homens, para os homens”, apontou. 


A psicóloga Cristina Meirelles, filha deNazareth, representou a família da pesquisadora na cerimônia. Foto: Rudson Amorim.

Entre publicações científicas, filhos de casa e filhos acadêmicos, Maria de Nazareth Meirelles construiu um legado que transborda gerações. A medalha que agora leva seu nome celebra não apenas sua história, mas a de todas as mulheres que, como ela, fazem da ciência um ato de cuidado, rigor e transformação. 

In Memoriam e Fórum Oswaldo Cruz 

Se a homenagem à trajetória de Maria de Nazareth Meirelles foi marcada por emoção e alegria, a programação de abertura do segundo ato do Simpósio IOC Jubileu 125 Anos também reservou um momento de luto e reflexão.  

Pela manhã, o projeto “In Memoriam – Presenças para além da COVID-19” inaugurou uma placa no Pavilhão Leônidas Deane em memória de Juliana de Meis e Délcio Freitas da Silva, profissionais do Instituto que faleceram precocemente em decorrência da Covid-19. 

“O mais importante é lembrar que cada uma dessas perdas esteve atravessada por questões políticas muito sérias. É essencial que o Instituto e a Fiocruz preservem essa memória, para que ela sirva de reflexão crítica nos momentos decisivos”, destacou a chefe do Laboratório de Pesquisas sobre o Timo, Adriana Bonomo. 

O pesquisador do Laboratório de Pesquisa sobre o Timo e ex-diretor do IOC, Wilson Savino, também apontou o caráter político das perdas provocadas pela pandemia e a urgência de responsabilização.

"Uma parte significativa das mortes por Covid-19 foi um crime — e esse crime continua impune. Júlia e Délcio foram vítimas", afirmou.


Adriana Bonomo, Wilson Savino e outros representantes da comunidade científica do IOC posam em frente à placa em homenagem a Juliana de Meis e Délcio Freitas da Silva, ao fundo. Foto: Rudson Amorim.

Ainda como parte da programação do simpósio do IOC, mas organizado pela presidência da Fiocruz, foi realizado o ‘Fórum Oswaldo Cruz – Conexões para o futuro da ciência’.  

Com foco no diálogo coletivo e na construção de diretrizes estratégicas para a Fiocruz, o evento aconteceu no auditório do Centro Administrativo Vinícius Fonseca, de Bio-Manguinhos e também contou com transmissão pelo YouTube. 

O professor e ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal, Manuel Heitor, proferiu a conferência ‘Desafios da ciência no mundo contemporâneo: o papel da pesquisa na Fiocruz’, que teve como debatedora a reitora da UERJ, Gulnar Azevedo. 

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)