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Fortalecimento da vigilância contra resistência antimicrobiana

Laboratório do IOC recebeu visita do CDC que acompanhou avanço em projeto de rede nacional
Por Jornalismo IOC05/06/2023 - Atualizado em 14/06/2023
Representantes do CDC conheceram as instalações do Laboratório de Bacteriologia Aplicada a Saúde Única e Resistência Antimicrobiana do IOC. Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz

Dois anos após o seu início, o projeto de ‘Fortalecimento do Sistema Brasileiro de Vigilância à Resistência Antimicrobiana’ já conta com uma rede de 25 hospitais-sentinelas e 10 Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens) pelo país.

Entrando, em breve, em seu terceiro ano, a iniciativa deverá reforçar o treinamento para aumentar o controle de qualidade e padronizar a operação nas diferentes regiões para, então, seguir ampliando a rede.  

O balanço fez parte dos resultados e propostas apresentados ao grupo técnico dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos durante a visita que acompanhou os avanços no projeto. 

A iniciativa é liderada pela Fiocruz em parceria com Ministério da Saúde (através da SVSA/DAEVS/CGLAB); Laboratório Central de Saúde Pública do Paraná (Lacen/PR), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).  

Com financiamento do CDC, o projeto tem como objetivo principal apoiar a estruturação da Rede de Monitoramento de Resistência aos Antimicrobianos no Brasil. 

Durante dez dias, integrantes da agência americana percorreram hospitais e laboratórios que fazem parte do projeto em diferentes estados. O roteiro terminou com uma vista de dois dias à Fiocruz.  

Em 18/05, a comitiva conheceu o Laboratório de Bacteriologia Aplicada a Saúde Única e Resistência Antimicrobiana do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que coordena o projeto e atua como um dos centros de referência da rede nacional de vigilância.  

Em 19/05, foi realizada uma reunião com representantes da presidência da Fiocruz e integrantes do projeto na Residência Oficial do campus Manguinhos da Fiocruz. 

Pesquisadora Ana Paula Assef detalhou avanços da iniciativa para estabelecer rede de monitoramento da resistência antimicrobiana no Brasil. Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz

Durante a reunião, a chefe do Laboratório de Bacteriologia Aplicada a Saúde Única e Resistência Antimicrobiana e principal pesquisadora do projeto, Ana Paula Assef, destacou a ampliação da rede de monitoramento da resistência antimicrobiana no país e a melhoria da qualidade dos dados coletados.

As informações sobre bactérias resistentes aos antibióticos recolhidas pelos hospitais-sentinela são enviadas para o BR-GLASS, sistema que integra uma plataforma de vigilância global (Global Antimicrobial Resistance Surveillance System).  

Iniciado com um projeto piloto que incluía cinco hospitais da região Sul, o sistema já contempla informações dos 25 hospitais-sentinelas inseridos no projeto, abrangendo todas as regiões do país.  

“O desenvolvimento desta plataforma nacional é fundamental para entender o perfil de resistência no país e subsidiar a tomada de decisão dos gestores em saúde neste tema. Estão sendo feitos também testes de suscetibilidade dos micróbios para novos medicamentos que estão chegando ao Brasil – um dado importante para apoiar hospitais a decidirem qual o melhor remédio a ser usado”, contou a pesquisadora. 

“Os laboratórios regionais estão recebendo treinamento para implementar a detecção de genes de resistência por PCR em tempo real, num trabalho que tem intensificado os esforços de padronização do controle de qualidade", acrescentou. 

Além de bactérias, fungos resistentes aos tratamentos estão na mira da iniciativa. A intenção é que as informações também venham a ser incluídas no BR-GLASS.  

“Queremos melhorar a identificação e detecção de resistência de Candida nos hospitais, treinar os profissionais para identificar diferentes espécies, principalmente a Candida auris, que é um grande problema atualmente”, informou Ana Paula. 

Parceria estratégica

Integrantes do CDC afirmaram que o Brasil é um parceiro estratégico na América do Sul, que pode, no futuro, prestar assistência aos países vizinhos. 

“Um dos temas que tenho discutido com o nosso escritório em Brasília é como pensar a atuação do Brasil na região. No CDC, recebemos vários pedidos de assistência. O mundo é muito grande. É estratégico ter parceiros que possam estender essa assistência a vizinhos”, comentou Fernanda Lessa, brasileira que chefia o Programa Internacional de Controle de Infecção do CDC. Ela participou da reunião via internet, de Atlanta, para onde retornou após acompanhar as primeiras atividades da comitiva do CDC no Brasil e visitar as instalações da Fiocruz.  

“O combate à resistência antimicrobiana é crucial para o CDC Atlanta e para a Organização Mundial da Saúde (OMS). A Fiocruz é um parceiro estratégico nesta área. Essas atividades podem ser sementes para políticas nacionais. Queremos ver como esse projeto pode ser amplificado para a região”, acrescentou Juliette Morgan, diretora do Escritório Regional CDC para América do Sul, que funciona em Brasília. 

Reunião final da visita discutiu os próximos passos do projeto, que tem expectativa de vigência até 2026. Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz

Representando o presidente Mario Moreira que estava em Genebra para a 76ª Assembleia Mundial de Saúde, o assessor especial da Presidência, Rodrigo Correia de Oliveira, observou que a estrutura da Fiocruz a capacita a assumir esse papel.  

“A Fundação está presente em 11 estados, o que a deixa em melhor posição para colaborar com diferentes laboratórios do Ministério da Saúde e mesmo com países ao redor. A resistência antimicrobiana é uma prioridade para a Fiocruz também”, disse Rodrigo. 

“Esse projeto traz um novo legado em vigilância, contribui em como pensar uma política, construir ações para controlar e prevenir. Outro legado é que ele já estabeleceu uma rede. Sabemos o nível de dificuldade. Ele vai servir de base para responder a emergências de saúde. Para a Fiocruz, é um prazer ter essa cooperação com o CDC”, disse a vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas, Maria de Lourdes Aguiar Oliveira. 

A reunião realizada na Fiocruz teve ainda participação de Tania Fonseca, da Coordenação de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Presidência (CVSRL/Fiocruz); Claudio Rocha, chefe substituto do Laboratório de Bacteriologia Aplicada a Saúde Única e Resistência Antimicrobiana; Bruna Ribeiro Sued Karam, pesquisadora do mesmo Laboratório; Marcelo Pillonetto, do Lacen Paraná e coordenador de atividades laboratoriais no projeto; e Heloisa Setta, que atua na parte administrativa do projeto. 

Diversos integrantes do CDC, da Universidade Federal de São Paulo, da Anvisa e de hospitais em Minas Gerais e Brasília participaram de forma online do encontro.

*Com informações de Cristina Azevedo (Agência Fiocruz de Notícias) 

Laboratório do IOC recebeu visita do CDC que acompanhou avanço em projeto de rede nacional
Por: 
jornalismo
Representantes do CDC conheceram as instalações do Laboratório de Bacteriologia Aplicada a Saúde Única e Resistência Antimicrobiana do IOC. Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz

Dois anos após o seu início, o projeto de ‘Fortalecimento do Sistema Brasileiro de Vigilância à Resistência Antimicrobiana’ já conta com uma rede de 25 hospitais-sentinelas e 10 Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens) pelo país.

Entrando, em breve, em seu terceiro ano, a iniciativa deverá reforçar o treinamento para aumentar o controle de qualidade e padronizar a operação nas diferentes regiões para, então, seguir ampliando a rede.  

O balanço fez parte dos resultados e propostas apresentados ao grupo técnico dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos durante a visita que acompanhou os avanços no projeto. 

A iniciativa é liderada pela Fiocruz em parceria com Ministério da Saúde (através da SVSA/DAEVS/CGLAB); Laboratório Central de Saúde Pública do Paraná (Lacen/PR), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).  

Com financiamento do CDC, o projeto tem como objetivo principal apoiar a estruturação da Rede de Monitoramento de Resistência aos Antimicrobianos no Brasil. 

Durante dez dias, integrantes da agência americana percorreram hospitais e laboratórios que fazem parte do projeto em diferentes estados. O roteiro terminou com uma vista de dois dias à Fiocruz.  

Em 18/05, a comitiva conheceu o Laboratório de Bacteriologia Aplicada a Saúde Única e Resistência Antimicrobiana do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que coordena o projeto e atua como um dos centros de referência da rede nacional de vigilância.  

Em 19/05, foi realizada uma reunião com representantes da presidência da Fiocruz e integrantes do projeto na Residência Oficial do campus Manguinhos da Fiocruz. 

Pesquisadora Ana Paula Assef detalhou avanços da iniciativa para estabelecer rede de monitoramento da resistência antimicrobiana no Brasil. Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz

Durante a reunião, a chefe do Laboratório de Bacteriologia Aplicada a Saúde Única e Resistência Antimicrobiana e principal pesquisadora do projeto, Ana Paula Assef, destacou a ampliação da rede de monitoramento da resistência antimicrobiana no país e a melhoria da qualidade dos dados coletados.

As informações sobre bactérias resistentes aos antibióticos recolhidas pelos hospitais-sentinela são enviadas para o BR-GLASS, sistema que integra uma plataforma de vigilância global (Global Antimicrobial Resistance Surveillance System).  

Iniciado com um projeto piloto que incluía cinco hospitais da região Sul, o sistema já contempla informações dos 25 hospitais-sentinelas inseridos no projeto, abrangendo todas as regiões do país.  

“O desenvolvimento desta plataforma nacional é fundamental para entender o perfil de resistência no país e subsidiar a tomada de decisão dos gestores em saúde neste tema. Estão sendo feitos também testes de suscetibilidade dos micróbios para novos medicamentos que estão chegando ao Brasil – um dado importante para apoiar hospitais a decidirem qual o melhor remédio a ser usado”, contou a pesquisadora. 

“Os laboratórios regionais estão recebendo treinamento para implementar a detecção de genes de resistência por PCR em tempo real, num trabalho que tem intensificado os esforços de padronização do controle de qualidade", acrescentou. 

Além de bactérias, fungos resistentes aos tratamentos estão na mira da iniciativa. A intenção é que as informações também venham a ser incluídas no BR-GLASS.  

“Queremos melhorar a identificação e detecção de resistência de Candida nos hospitais, treinar os profissionais para identificar diferentes espécies, principalmente a Candida auris, que é um grande problema atualmente”, informou Ana Paula. 

Parceria estratégica

Integrantes do CDC afirmaram que o Brasil é um parceiro estratégico na América do Sul, que pode, no futuro, prestar assistência aos países vizinhos. 

“Um dos temas que tenho discutido com o nosso escritório em Brasília é como pensar a atuação do Brasil na região. No CDC, recebemos vários pedidos de assistência. O mundo é muito grande. É estratégico ter parceiros que possam estender essa assistência a vizinhos”, comentou Fernanda Lessa, brasileira que chefia o Programa Internacional de Controle de Infecção do CDC. Ela participou da reunião via internet, de Atlanta, para onde retornou após acompanhar as primeiras atividades da comitiva do CDC no Brasil e visitar as instalações da Fiocruz.  

“O combate à resistência antimicrobiana é crucial para o CDC Atlanta e para a Organização Mundial da Saúde (OMS). A Fiocruz é um parceiro estratégico nesta área. Essas atividades podem ser sementes para políticas nacionais. Queremos ver como esse projeto pode ser amplificado para a região”, acrescentou Juliette Morgan, diretora do Escritório Regional CDC para América do Sul, que funciona em Brasília. 

Reunião final da visita discutiu os próximos passos do projeto, que tem expectativa de vigência até 2026. Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz

Representando o presidente Mario Moreira que estava em Genebra para a 76ª Assembleia Mundial de Saúde, o assessor especial da Presidência, Rodrigo Correia de Oliveira, observou que a estrutura da Fiocruz a capacita a assumir esse papel.  

“A Fundação está presente em 11 estados, o que a deixa em melhor posição para colaborar com diferentes laboratórios do Ministério da Saúde e mesmo com países ao redor. A resistência antimicrobiana é uma prioridade para a Fiocruz também”, disse Rodrigo. 

“Esse projeto traz um novo legado em vigilância, contribui em como pensar uma política, construir ações para controlar e prevenir. Outro legado é que ele já estabeleceu uma rede. Sabemos o nível de dificuldade. Ele vai servir de base para responder a emergências de saúde. Para a Fiocruz, é um prazer ter essa cooperação com o CDC”, disse a vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas, Maria de Lourdes Aguiar Oliveira. 

A reunião realizada na Fiocruz teve ainda participação de Tania Fonseca, da Coordenação de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Presidência (CVSRL/Fiocruz); Claudio Rocha, chefe substituto do Laboratório de Bacteriologia Aplicada a Saúde Única e Resistência Antimicrobiana; Bruna Ribeiro Sued Karam, pesquisadora do mesmo Laboratório; Marcelo Pillonetto, do Lacen Paraná e coordenador de atividades laboratoriais no projeto; e Heloisa Setta, que atua na parte administrativa do projeto. 

Diversos integrantes do CDC, da Universidade Federal de São Paulo, da Anvisa e de hospitais em Minas Gerais e Brasília participaram de forma online do encontro.

*Com informações de Cristina Azevedo (Agência Fiocruz de Notícias) 

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)