Tese sobre a dinâmica molecular dos vÃrus influenza H1N1 no Brasil, desenvolvida na Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular, recebeu menção honrosa no Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS
Com foco no vÃrus influenza A (H1N1) pandêmico, causador da pandemia de gripe de 2009, a tese da bióloga Paola Cristina Resende foi destacada com menção honrosa na edição 2016 do Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS, do Ministério da Saúde. Desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o estudo foi orientado pela pesquisadora Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de VÃrus Respiratório e do Sarampo, que atua como referência nacional em influenza para o Ministério da Saúde e para a Organização Mundial de Saúde (OMS). A pesquisa abordou a análise evolutiva dos vÃrus H1N1 desde sua introdução no paÃs em 2009 até 2014, comparando as variações genéticas encontradas com a cepa vacinal, além de verificar mutações associadas à virulência e à resistência ao antiviral oseltamivir. O trabalho foi um dos seis finalistas entre 89 inscritos na categoria ‘DoutoradoÂ’ da premiação, que teve o resultado divulgado na última terça-feira, 13, durante cerimônia realizada em BrasÃlia.
“Esse é um reconhecimento importante para o nosso trabalho, principalmente por se tratar de uma premiação que tem o objetivo de expandir a aplicação da produção cientÃfica em benefÃcio da saúde pública. Alguns resultados da pesquisa já tiveram impacto na elaboração de protocolos que passaram a ser aplicados na vigilância da influenza e espero que a visibilidade trazida pela menção honrosa amplie ainda mais esse alcance”, comemora Paola, que é pesquisadora do Laboratório de VÃrus Respiratório e do Sarampo.
Foto: Divulgação

Paola Resende foi reconhecida pela tese 'Dinâmica molecular dos vÃrus Influenza A (H1N1) pandêmico em cinco anos de circulação no Brasil'
Este foi o terceiro ano consecutivo em que estudos desenvolvidos no IOC foram reconhecidos na premiação. Em 2015, uma tese defendida no Programa de Biologia Celular e Molecular e um artigo com participação de pesquisadores do Instituto receberam menções honrosas. Em 2014, uma tese elaborada na Pós-graduação em Medicina Tropical foi vencedora da categoria doutorado. A mesma edição concedeu menção honrosa a um artigo liderado por cientistas do IOC.
Avanços para a vigilância
A investigação mapeou as transformações no genoma dos vÃrus influenza H1N1 durante os cinco primeiros anos de circulação no Brasil. A análise filogenética identificou nove grupos virais, com substituições ao longo do tempo e ocorrências ocasionais de estratificações geográficas. Segundo Paola, a pesquisa evidenciou acúmulo de mutações que poderiam impactar na eficácia da vacina para a gripe. “É por esse motivo que existe uma vigilância constante dos vÃrus em circulação e as cepas vacinais são atualizadas anualmente”, explica.
A segunda etapa do trabalho contemplou a busca de marcadores genéticos que poderiam indicar maior gravidade da infecção. Relacionando os achados moleculares com dados clÃnicos e epidemiológicos, o estudo identificou que uma alteração em uma região determinada do gene que orienta a produção da proteÃna hemaglutinina – molécula que participa do processo de ligação dos vÃrus influenza à s células hospedeiras – tinha forte associação com quadros graves de infecção e com casos fatais, especialmente em gestantes.
Os primeiros casos de resistência dos vÃrus H1N1 ao antiviral oseltamivir no Brasil foram detectados durante a pesquisa. O sequenciamento do gene que orienta a produção da enzima viral neuraminidase – molécula que está no alvo da ação inibidora do antiviral oseltamivir – indicou a presença de duas mutações que são conhecidas por reduzir a sensibilidade dos patógenos ao fármaco. Uma vez que algumas das amostras resistentes foram relacionadas a pacientes que não tinham sido tratados com oseltamivir, o estudo indica que essas linhagens podem estar se disseminando de forma sustentada no paÃs. Paola ressalta que o percentual de vÃrus resistentes encontrado no Brasil está dentro dos parâmetros internacionais, que varia entre 1% e 2%. “O oseltamivir é um dos únicos antivirais disponÃveis atualmente para tratamento dos casos graves de influenza no paÃs. Por isso, a vigilância da resistência é muito importante”, afirma ela.
Sobre o prêmio
A edição 2016 marcou os 15 anos do Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS. Promovida pelo Ministério da Saúde, a iniciativa tem como objetivo valorizar pesquisas com contribuições para o desenvolvimento das polÃticas públicas de saúde no paÃs. A seleção dos vencedores é realizada em duas etapas, incluindo a avaliação de especialistas ad hoc e da comissão julgadora. Entre os critérios para a premiação estão a possibilidade de aplicação dos resultados, o potencial de inovação, a contribuição para os princÃpios e diretrizes do SUS, a consonância com a PolÃtica Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde e o mérito técnico-cientÃfico. A premiação é dividida em quatro categorias: Especialização, Mestrado, Doutorado e Trabalho CientÃfico Publicado. Em cada categoria, são selecionados um vencedor e até cinco ganhadores de menções honrosas.
Reportagem: MaÃra Menezes Edição: VinÃcius Ferreira 16/12/2016
Tese sobre a dinâmica molecular dos vÃrus influenza H1N1 no Brasil, desenvolvida na Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular, recebeu menção honrosa no Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS
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Com foco no vÃrus influenza A (H1N1) pandêmico, causador da pandemia de gripe de 2009, a tese da bióloga Paola Cristina Resende foi destacada com menção honrosa na edição 2016 do Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS, do Ministério da Saúde. Desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o estudo foi orientado pela pesquisadora Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de VÃrus Respiratório e do Sarampo, que atua como referência nacional em influenza para o Ministério da Saúde e para a Organização Mundial de Saúde (OMS). A pesquisa abordou a análise evolutiva dos vÃrus H1N1 desde sua introdução no paÃs em 2009 até 2014, comparando as variações genéticas encontradas com a cepa vacinal, além de verificar mutações associadas à virulência e à resistência ao antiviral oseltamivir. O trabalho foi um dos seis finalistas entre 89 inscritos na categoria ‘DoutoradoÂ’ da premiação, que teve o resultado divulgado na última terça-feira, 13, durante cerimônia realizada em BrasÃlia.
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“Esse é um reconhecimento importante para o nosso trabalho, principalmente por se tratar de uma premiação que tem o objetivo de expandir a aplicação da produção cientÃfica em benefÃcio da saúde pública. Alguns resultados da pesquisa já tiveram impacto na elaboração de protocolos que passaram a ser aplicados na vigilância da influenza e espero que a visibilidade trazida pela menção honrosa amplie ainda mais esse alcance”, comemora Paola, que é pesquisadora do Laboratório de VÃrus Respiratório e do Sarampo.
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Foto: Divulgação

Paola Resende foi reconhecida pela tese 'Dinâmica molecular dos vÃrus Influenza A (H1N1) pandêmico em cinco anos de circulação no Brasil'
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Este foi o terceiro ano consecutivo em que estudos desenvolvidos no IOC foram reconhecidos na premiação. Em 2015, uma tese defendida no Programa de Biologia Celular e Molecular e um artigo com participação de pesquisadores do Instituto receberam menções honrosas. Em 2014, uma tese elaborada na Pós-graduação em Medicina Tropical foi vencedora da categoria doutorado. A mesma edição concedeu menção honrosa a um artigo liderado por cientistas do IOC.
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Avanços para a vigilância
A investigação mapeou as transformações no genoma dos vÃrus influenza H1N1 durante os cinco primeiros anos de circulação no Brasil. A análise filogenética identificou nove grupos virais, com substituições ao longo do tempo e ocorrências ocasionais de estratificações geográficas. Segundo Paola, a pesquisa evidenciou acúmulo de mutações que poderiam impactar na eficácia da vacina para a gripe. “É por esse motivo que existe uma vigilância constante dos vÃrus em circulação e as cepas vacinais são atualizadas anualmente”, explica.
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A segunda etapa do trabalho contemplou a busca de marcadores genéticos que poderiam indicar maior gravidade da infecção. Relacionando os achados moleculares com dados clÃnicos e epidemiológicos, o estudo identificou que uma alteração em uma região determinada do gene que orienta a produção da proteÃna hemaglutinina – molécula que participa do processo de ligação dos vÃrus influenza à s células hospedeiras – tinha forte associação com quadros graves de infecção e com casos fatais, especialmente em gestantes.
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Os primeiros casos de resistência dos vÃrus H1N1 ao antiviral oseltamivir no Brasil foram detectados durante a pesquisa. O sequenciamento do gene que orienta a produção da enzima viral neuraminidase – molécula que está no alvo da ação inibidora do antiviral oseltamivir – indicou a presença de duas mutações que são conhecidas por reduzir a sensibilidade dos patógenos ao fármaco. Uma vez que algumas das amostras resistentes foram relacionadas a pacientes que não tinham sido tratados com oseltamivir, o estudo indica que essas linhagens podem estar se disseminando de forma sustentada no paÃs. Paola ressalta que o percentual de vÃrus resistentes encontrado no Brasil está dentro dos parâmetros internacionais, que varia entre 1% e 2%. “O oseltamivir é um dos únicos antivirais disponÃveis atualmente para tratamento dos casos graves de influenza no paÃs. Por isso, a vigilância da resistência é muito importante”, afirma ela.
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Sobre o prêmio
A edição 2016 marcou os 15 anos do Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS. Promovida pelo Ministério da Saúde, a iniciativa tem como objetivo valorizar pesquisas com contribuições para o desenvolvimento das polÃticas públicas de saúde no paÃs. A seleção dos vencedores é realizada em duas etapas, incluindo a avaliação de especialistas ad hoc e da comissão julgadora. Entre os critérios para a premiação estão a possibilidade de aplicação dos resultados, o potencial de inovação, a contribuição para os princÃpios e diretrizes do SUS, a consonância com a PolÃtica Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde e o mérito técnico-cientÃfico. A premiação é dividida em quatro categorias: Especialização, Mestrado, Doutorado e Trabalho CientÃfico Publicado. Em cada categoria, são selecionados um vencedor e até cinco ganhadores de menções honrosas.
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Reportagem: MaÃra Menezes Edição: VinÃcius Ferreira 16/12/2016
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)