O Brasil pode ser o primeiro país da América Latina a conseguir o certificado de erradicação do sarampo. A solicitação da declaração e o relatório para comprovação da não transmissão da doença no país há dez anos foram entregues pelo Ministério da Saúde, no último dia 27, durante a 50ª Reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), realizada em Washington (EUA). Por trás desse grande esforço, que envolve uma política continuada de vacinação pública e universal, está o trabalho incansável do Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Referência nacional na vigilância epidemiológica laboratorial do sarampo no país, o laboratório confirma ou descarta casos IgM positivos para sarampo no Brasil, define o diagnóstico de cada um e identifica, por métodos moleculares, a origem do vírus responsável pela infecção. É esse estudo que permite afirmar que as ocorrências no Brasil se limitam a linhagens que circulam no exterior, apontando que o vírus não circula no país e permanece limitado a casos importados.
Segundo a especialista, a detecção de casos esporádicos da doença mostra a eficiência da vigilância epidemiológica na área. “A identificação de poucos casos de sarampo e por diferentes genótipos é uma situação que considero saudável. Isto significa que a vigilância epidemiológica do país está funcionando bem e é capaz de identificar mesmo um número reduzido de casos importados. Há circulação do vírus em diversos países no resto do mundo e por isso vamos sempre registrar casos importados. Com a investigação que realizamos conseguimos mostrar que os vírus responsáveis por estes casos não ocorrem por mais de dois ou três meses, eles se resolvem na própria comunidade onde o caso inicial surgiu. Ou seja, não há transmissibilidade sustentada”, ressalta a pesquisadora Marilda Siqueira, chefe do Laboratório. “O vírus considerado endêmico no Brasil é o do genótipo D6, que circulou na última grande epidemia no país, em 1997. Os casos registrados a partir do ano 2000 foram causados por outros genótipos e estavam relacionados à viagem do paciente ao exterior. Após a identificação, confirmamos que se tratava de genótipos responsáveis por surtos da doença em outros países”, explica.
Gutemberg Brito/IOC
A intensificação das campanhas de vacinação contra a doença foram fundamentais para que sua transmissão fosse interrompida no país
Renata Fontoura
30/09/2010
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O Brasil pode ser o primeiro país da América Latina a conseguir o certificado de erradicação do sarampo. A solicitação da declaração e o relatório para comprovação da não transmissão da doença no país há dez anos foram entregues pelo Ministério da Saúde, no último dia 27, durante a 50ª Reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), realizada em Washington (EUA). Por trás desse grande esforço, que envolve uma política continuada de vacinação pública e universal, está o trabalho incansável do Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Referência nacional na vigilância epidemiológica laboratorial do sarampo no país, o laboratório confirma ou descarta casos IgM positivos para sarampo no Brasil, define o diagnóstico de cada um e identifica, por métodos moleculares, a origem do vírus responsável pela infecção. É esse estudo que permite afirmar que as ocorrências no Brasil se limitam a linhagens que circulam no exterior, apontando que o vírus não circula no país e permanece limitado a casos importados.
Segundo a especialista, a detecção de casos esporádicos da doença mostra a eficiência da vigilância epidemiológica na área. “A identificação de poucos casos de sarampo e por diferentes genótipos é uma situação que considero saudável. Isto significa que a vigilância epidemiológica do país está funcionando bem e é capaz de identificar mesmo um número reduzido de casos importados. Há circulação do vírus em diversos países no resto do mundo e por isso vamos sempre registrar casos importados. Com a investigação que realizamos conseguimos mostrar que os vírus responsáveis por estes casos não ocorrem por mais de dois ou três meses, eles se resolvem na própria comunidade onde o caso inicial surgiu. Ou seja, não há transmissibilidade sustentada”, ressalta a pesquisadora Marilda Siqueira, chefe do Laboratório. “O vírus considerado endêmico no Brasil é o do genótipo D6, que circulou na última grande epidemia no país, em 1997. Os casos registrados a partir do ano 2000 foram causados por outros genótipos e estavam relacionados à viagem do paciente ao exterior. Após a identificação, confirmamos que se tratava de genótipos responsáveis por surtos da doença em outros países”, explica.
Gutemberg Brito/IOC
A intensificação das campanhas de vacinação contra a doença foram fundamentais para que sua transmissão fosse interrompida no país
As campanhas de vacinação periódicas foram fatores determinantes nos esforços para a eliminação do sarampo no país. “A primeira grande campanha de vacinação contra o sarampo foi realizada em 1992. A iniciativa imunizou cerca de 42 milhões de crianças e jovens menores de 15 anos de idade, com cobertura vacinal de 95%. Este foi o ponto de partida para a criação do Programa de Controle e Eliminação do Sarampo”, conta Marilda. “No mesmo ano, houve um compromisso do governo brasileiro em disponibilizar a vacina de maneira homogênea em todo o país. Mais tarde, a tríplice viral foi introduzida, que imuniza contra o sarampo, rubéola e caxumba, foi introduzida gradativamente em todos os estados. Outras campanhas foram realizadas e hoje podemos afirmar que não existe mais transmissão endêmica de sarampo e de rubéola não só no país, como também nas Américas”, afirma. “Apesar dos outros países latino-americanos estarem também sem a circulação endêmica desse vírus, o Brasil foi o primeiro a preparar a documentação para entregar à OPAS”, finaliza a pesquisadora.
Renata Fontoura
30/09/2010
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