Foto: Gutemberg Brito
O exame de sorologia pode ser utilizado na confirmação de casos da doença após o fim dos sintomas
“Sempre prontos para contribuir com respostas rápidas nas emergências de saúde pública no paÃs, estamos considerando essa situação como prioridade. Temos recebido amostras de casos suspeitos de infecção em humanos, além de material relativo a primatas não humanos. Estamos analisando as amostras de forma rápida e com o cuidado necessário, para permitir que as medidas de controle da doença possam ser adotadas imediatamente pelas autoridades”, pontua a virologista Ana Maria Bispo de Filippis, chefe do Laboratório de FlavivÃrus. O diagnóstico
Foto: Gutemberg Brito
O Laboratório de FlavivÃrus foi pioneiro na utilização do método de PCR para diagnóstico da febre amarela no Brasil
Devido ao risco da presença de outros patógenos que possam representar uma ameaça à saúde humana, as amostras de primatas não humanos são processadas em laboratório de nÃvel de biossegurança 3. Nos casos de óbito de humanos ou primatas, o diagnóstico pode adotar testes de histopalogia e imunohistoquÃmica, que usam amostras de tecidos acondicionadas em uma substância chamada formalina. Nessa situação, as amostras são analisadas pelo Serviço de Anatomia Patológica do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz). DesafiosReferência Regional junto ao Ministério da Saúde, Laboratório de FlavivÃrus realizou diagnóstico laboratorial dos primeiros casos no estado do Rio
A confirmação laboratorial dos casos de febre amarela, tanto em pacientes como em primatas, é fundamental não apenas para orientar o tratamento da doença, mas também para a vigilância da circulação do vÃrus e adoção de medidas de controle através da vacinação. Referência Regional para febre amarela junto ao Ministério da Saúde, o Laboratório de FlavivÃrus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) atua regularmente desde a década de 1990 no diagnóstico laboratorial de amostras de pacientes com suspeita da doença provenientes dos estados do Rio de Janeiro, EspÃrito Santo, Minas Gerais e Bahia. Também realiza análises de amostras de primatas desde 2014. Além disso, com o aumento do número de casos suspeitos desde o inÃcio do ano, o laboratório também foi designado pelo Ministério da Saúde para processar amostras do Ceará e Rio Grande do Norte. O Laboratório de FlavivÃrus do IOC atuou na realização dos diagnósticos laboratoriais dos dois primeiros casos de febre amarela em humanos do Estado do Rio de Janeiro, anunciados pela Secretaria de Saúde nesta quarta-feira, 15/03.
Foto: Gutemberg Brito
O exame de sorologia pode ser utilizado na confirmação de casos da doença após o fim dos sintomas
“Sempre prontos para contribuir com respostas rápidas nas emergências de saúde pública no paÃs, estamos considerando essa situação como prioridade. Temos recebido amostras de casos suspeitos de infecção em humanos, além de material relativo a primatas não humanos. Estamos analisando as amostras de forma rápida e com o cuidado necessário, para permitir que as medidas de controle da doença possam ser adotadas imediatamente pelas autoridades”, pontua a virologista Ana Maria Bispo de Filippis, chefe do Laboratório de FlavivÃrus.
O diagnóstico
Considerando que a febre amarela é uma doença grave, mas que é possÃvel prevenir a infecção por meio da vacinação, torna-se necessária uma resposta rápida tanto do diagnóstico laboratorial quanto das medidas de bloqueio. Quando uma amostra chega ao Laboratório, diferentes metodologias podem ser adotadas para confirmar se o caso é de febre amarela. O método escolhido depende do momento da doença em que as amostras são coletadas. Para diagnóstico de casos agudos da febre amarela, até sete dias após o inÃcio dos sintomas, é usada a técnica de PCR em tempo real para a detecção do material genético do vÃrus a partir de fluidos e tecidos (tanto amostras de tecido frescas quanto amostras de tecido embebidas em blocos de parafina). O Laboratório foi o primeiro no Brasil a utilizar métodos moleculares no diagnóstico de febre amarela, no ano 2000 – até então, o método de diagnóstico utilizado no paÃs para confirmação de casos agudos ou óbitos era limitado à técnica de isolamento viral, que tem procedimentos mais demorados, podendo levar em média até 14 dias para liberação do resultado. Outra metodologia adotada para o diagnóstico são os testes sorológicos, que identificam a presença de anticorpos contra o vÃrus produzidos pelo organismo do paciente em resposta à infecção. No caso dos testes sorológicos, eles não são indicados para o diagnóstico da fase aguda da doença, mas apenas a partir do sexto dia após o inÃcio dos sintomas ou após o final dos sintomas, permitindo dizer se o paciente foi infectado anteriormente.
Foto: Gutemberg Brito
O Laboratório de FlavivÃrus foi pioneiro na utilização do método de PCR para diagnóstico da febre amarela no Brasil
Devido ao risco da presença de outros patógenos que possam representar uma ameaça à saúde humana, as amostras de primatas não humanos são processadas em laboratório de nÃvel de biossegurança 3. Nos casos de óbito de humanos ou primatas, o diagnóstico pode adotar testes de histopalogia e imunohistoquÃmica, que usam amostras de tecidos acondicionadas em uma substância chamada formalina. Nessa situação, as amostras são analisadas pelo Serviço de Anatomia Patológica do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz).
Desafios
O fato de o vÃrus da febre amarela pertencer ao mesmo gênero do vÃrus da dengue, conhecido como gênero Flavivirus, representa um desafio a mais para o diagnóstico. Uma vez que os anticorpos produzidos pelo organismo contra os vÃrus da febre amarela, dengue e outros vÃrus do mesmo gênero possuem algumas semelhanças – eles têm alguns sÃtios antigênicos em comum –, os testes sorológicos podem apresentar uma reação cruzada. Isso significa que, durante o exame, anticorpos contra o vÃrus da febre amarela podem reagir com o vÃrus dengue, indicando um resultado falso positivo. Para minimizar esse problema, todas as amostras são testadas em paralelo para os dois vÃrus, tanto o da febre amarela como o da dengue. No caso de resposta imune cruzada, o resultado para febre amarela pode ser confirmado considerando o tÃtulo de anticorpos, que deve ser, pelo menos, três vezes maior para este vÃrus do que para o vÃrus da dengue. Também são levadas em consideração as informações clÃnicas e epidemiológicas do paciente.
Considerando a função de pesquisa desempenhada pelos centros de referência, os pesquisadores do Laboratório de FlavivÃrus também têm a responsabilidade de monitorar os genótipos dos vÃrus da febre amarela circulantes, através do sequenciamento parcial ou total do genoma dos vÃrus detectados durante surtos. “Além de identificar qual o genótipo associado aos casos, analisamos a presença ou não de mudanças no genoma do vÃrus. A caracterização molecular é importante para entender a disseminação e o impacto da doença na população”, explica a virologista.
Reportagem: MaÃra Menezes
Edição: Raquel Aguiar e VinÃcius Ferreira
06/03/2017 - atualizado em 16/03/2017
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)