Integração entre qualidade cinematográfica e informação científica de ponta foi destacada no lançamento do filme ‘Conhecendo os mosquitos Aedes transmissores de arbovírus’

Você sabia que um mosquito Aedes possui olhos compostos com mais de 400 omatídeos detectores de luz que podem perceber movimentos com precisão cinco vezes maior do que os olhos humanos? Já pensou que, ao sugar o sangue de uma pessoa doente, o inseto também é infectado pelo vírus da dengue, Zika ou chikungunya? Consegue imaginar o caminho percorrido pelas partículas virais dentro do mosquito até chegar às glândulas salivares, de onde são expelidas no momento da picada, ocasionando a transmissão de doenças? Essas e outras informações estão no filme ‘Conhecendo os mosquitos Aedes transmissores de arbovírus’, produzido pelo Serviço de Produção e Tratamento de Imagem do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), lançado na última quinta-feira, 30/08, em sessão extraordinária do Centro de Estudos do IOC.

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Chefe do Serviço de Produção e Tratamento de Imagem do IOC, o diretor do filme, Genilton José Vieira, destacou a importância da pesquisa bibliográfica e da colaboração com especialistas para a precisão científica da obra. Ele ressaltou a parceria com o entomologista Ricardo Lourenço de Oliveira, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC, e o virologista Maulori Curié Cabral, chefe do Departamento de Virologia do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na elaboração do roteiro. “Não foi fácil realizar esse filme. Quando comecei a idealizar o projeto, em 2012, ainda não havia Zika ou chikungunya circulando no Brasil. O vídeo tem um componente científico forte e foram necessárias muitas reuniões para termos uma narrativa o mais completa possível”, contou Genilton, que agradeceu ainda a cooperação de pesquisadores de diversos laboratórios do IOC e da Fiocruz, assim como o apoio financeiro do Ministério da Saúde, da Fiocruz, da Generalitat Valenciana e da Universidade Miguel Hernández de Elche, na Espanha.

Foto: Gutemberg Brito

Genilton ressaltou que o filme foi baseado em ampla pesquisa bibliográfica e intensa colaboração com especialistas

A integração entre qualidade cinematográfica e informação científica de ponta foi destacada no debate realizado após a apresentação do filme. O coordenador do Programa Nacional de Controle da Malária, Dengue, Zika e Chikungunya do Ministério da Saúde, Divino Valério Martins, lembrou que mais de 80% dos criadouros de Aedes encontrados no Brasil estão nos domicílios ou nos peridomicílios. “O filme apresenta uma linguagem pedagógica, de fácil entendimento e isso tem um valor muito grande, porque é fundamental levar o conhecimento para a população”, afirmou. A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, considerou que o vídeo trata com sensibilidade um tema que poderia ser árido. “Esse trabalho mostra a importância da divulgação científica de alto nível, fortemente baseada em pesquisa. Salta aos olhos o forte conjunto de parcerias entre pesquisadores e divulgadores da ciência”, pontuou.

Foto: Gutemberg Brito

A relevância do filme para a conscientização sobre o controle do Aedes foi destacada durante debate realizado após a exibição

O diretor do IOC, José Paulo Gagliardi Leite, afirmou que a produção pode contribuir ainda na formação de novos profissionais. “A qualidade do filme é muito boa, tanto das imagens, como do conteúdo científico. Esse filme deve ser visto pelos nossos docentes e discentes e pode ser apresentado em cursos de graduação e de pós-graduação”, disse. Um dos autores do roteiro, o pesquisador Ricardo Lourenço de Oliveira, enfatizou a relevância da estrutura multidisciplinar do IOC e da Fiocruz. “É difícil encontrar outra instituição com tantas especialidades, especialmente no campo da entomologia, e com um Serviço de Produção e Tratamento de Imagem capaz de produzir um material de tão alta qualidade”, declarou.

Por dentro e por fora dos vetores

Com 41 minutos de duração, o vídeo aborda os mosquitos Aedes aegypti, Aedes albopictus e Aedes polynesiensis, transmissores dos vírus dengue, Zika e chikungunya, em diferentes partes do mundo. A obra vai além dos aspectos mais conhecidos sobre a biologia dos vetores. Filmado em alta definição, o vídeo traz imagens que chamam a atenção dos espectadores, como o momento em que o mosquito Aedes adulto emerge da pupa – fase intermediária de desenvolvimento do inseto – e bate as asas pela primeira vez pousado na superfície da água. Usando câmeras de alta velocidade, o filme mostra, em ultra câmera lenta, movimentos rápidos invisíveis a olho nu, incluindo o voo conjunto do macho e da fêmea do A. aegypti durante a cópula. Recursos de modelagem e animação tridimensional combinados com imagens reais também são utilizados para apresentar em detalhes o ciclo de vida dos mosquitos, as características morfológicas externas e internas das diferentes espécies e a estrutura dos vírus, além do desenvolvimento do processo de infecção nos vetores. Com versões em português, espanhol e inglês, a produção conta ainda com trilha sonora original de autoria do compositor espanhol Pepe Bornay.

Para ter acesso à produção, é possível solicitar o DVD entrando em contato com o Serviço de Produção e Tratamento de Imagem do IOC pelo email imagem@ioc.fiocruz.br.

Foto de capa: reprodução do filme ‘Conhecendo os mosquitos Aedes transmissores de arbovírus’
Reportagem: Maíra Menezes
Edição: Vinícius Ferreira
03/09/2018