Os norovÃrus são hoje reconhecidos como a causa mais freqüente de surtos de gastroenterite de origem alimentar e são responsáveis por mais de 85% de todos os surtos de gastroenterite não bacteriana aguda. Em ambientes fechados e de convÃvio intenso de pessoas, tais como lares de idosos, cruzeiros, organizações militares, muitas vezes os norovÃrus são transmitido de pessoa a pessoa, resultando em grandes surtos. A importância de conhecer melhor os genótipos do norovÃrus e de desenvolver metodologias para identificar a origem dos surtos por ele ocasionados foi abordada por Jan Vinjé, Division of Viral Diseases do CDC (Center for Disease Control - USA), durante o I Simpósio Latino Americano de Virologia Ambiental, Organizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no Rio de Janeiro. O pesquisador ressaltou, ainda, a relevância de entender os fatores relacionados a manifestações mais graves de gastroenterite viral e de estabelecer medidas sanitárias que evitem a contaminação humana através de água ou alimentos. O evento foi encerrado nesta sexta-feira, 7 de maio.
Vinjé afirmou que estudos do CDC estimam que cerca de 30 a 50% dos surtos de origem alimentar são atribuÃveis ao norovÃrus e aproximadamente um em cada dez americanos ficarão doentes com gastroenterite causada por norovÃrus a cada ano. Pessoas de todas as idades são suscetÃveis, mas os jovens, idosos e doentes podem sofrer conseqüências mais graves, tais como a desidratação, que requerem atenção médica, esclareceu o pesquisador. Os dados do CDC mostram que os norovÃrus são os principais responsáveis por surtos de gastroenterite de origem alimentar e sozinhos estão associadoa a mais casos do que todas as bactérias juntas, responsáveis por 23% dos surtos, frisou. Em todo o mundo, estima-se que uma criança morra a cada 6 minutos devido à infecção por norovÃrus.
Sobre a origem dos surtos, o norte-americano apresentou diversos estudos recentes, de paÃses como Canadá, Austrália e Dinamarca, relacionados a contaminação de alimentos como ostras, cerejas e framboesas. A origem dos surtos de origem alimentar pode ser uma contaminação na fonte, ou seja, no próprio cultivo dos alimentos, por exemplo através da utilização de água contaminada para irrigação. No entanto, em geral ela está mais relacionada ao manuseio desses alimentos, seja na colheita ou preparação dos mesmos, por pessoas contaminadas e assintomáticas, com as mãos não devidamente higienizadas.
Vinjé destaca as folhas verdes, moluscos e frutas como os principais alimentos associados a surtos de gastroenterite. Estes três grupos representam cerca de 60% dos casos de contaminação. Se forem estabelecidas estratégias de vigilância para identificação de risco de contaminação nesses alimentos, a maioria dos casos de contaminação de origem alimentar poderia ser evitada, acredita. Por isso, acredito que um dos principais focos dos próximos estudos deveria ser o desenvolvimento de detectores rápidos de risco em alimentos, o que ajudaria muito no controle dos surtos associados ao vÃrus.
O pesquisador apresentou recentes estudos que mostram avanços nos testes moleculares para a genotiopagem do vÃrus e rastreamento da origem da contaminação. Entre os mais de 20 genótipos diferentes de norovÃrus, a maioria dos surtos de gastroenterite aguda são causadas pelo genótipo GII.4, responsável por diversas pandemias registradas desde 1990, quando foi identificado pela primeira vez, destacou. Analises genéticas sugerem uma grande evolução do genótipo GII.4 nos últimos 20 anos, com perÃodos de rápida transformação nesse perÃodo, provavelmente induzidos pela imunidade de rebanho.
Para o norte-americano, os resultados encontrados permitem pensar no estabelecimento uma rede de vigilância de norovÃrus. Já existe uma rede estabelecida nos Estados Unidos, com a participação de 16 estados, que realiza a coleta de informações epidemiológicas e a análise filogenética de outros enterovÃrus, afirmou. Podemos pensar na criação de uma rede mundial de vigilância do norovÃrus, que seria muito importante para a identificação de cepas emergentes e o monitoramento da variabilidade genética das novas variantes, em especial de GII.4.
Vinjé também destacou resultados recentes que mostram que os estudos genéticos podem desempenhar um papel importante na susceptibilidade à infecção pelo vÃrus e que os indivÃduos que expressam certos antÃgenos em suas superfÃcies mucosas são mais suscetÃveis à infecção. Estas moléculas podem servir como receptores para o vÃrus nas células, facilitando a infecção, explicou. Pesquisas recentes têm mostrado que estes ligantes também podem ser utilizados em ensaios para concentrar os norovÃrus presentes em alimentos, de forma a facilitar testes de contaminação e para determinar a origem de surtos de gastroenterite associados ao vÃrus.
Embora não exista nenhum tratamento especÃfico contra os norovÃrus, Vinjé acredita que as últimas pesquisas permitem avaliar a eficácia de aplicar novas medidas de sanitarização como forma de melhorar a proteção contra doenças transmitidas por alimentos contaminados. Cuidados maiores com a higiene na manipulação dos alimentos, como a higienização correta das mãos e a utilização desinfetantes adequados antes do manuseio, poderiam impactar a transmissão do norovÃrus e de bactérias responsáveis por surtos de gastroenterite e de outras doenças, finalizou o norte-americano.
07/05/2010
Marcelo Garcia
Os norovÃrus são hoje reconhecidos como a causa mais freqüente de surtos de gastroenterite de origem alimentar e são responsáveis por mais de 85% de todos os surtos de gastroenterite não bacteriana aguda. Em ambientes fechados e de convÃvio intenso de pessoas, tais como lares de idosos, cruzeiros, organizações militares, muitas vezes os norovÃrus são transmitido de pessoa a pessoa, resultando em grandes surtos. A importância de conhecer melhor os genótipos do norovÃrus e de desenvolver metodologias para identificar a origem dos surtos por ele ocasionados foi abordada por Jan Vinjé, Division of Viral Diseases do CDC (Center for Disease Control - USA), durante o I Simpósio Latino Americano de Virologia Ambiental, Organizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no Rio de Janeiro. O pesquisador ressaltou, ainda, a relevância de entender os fatores relacionados a manifestações mais graves de gastroenterite viral e de estabelecer medidas sanitárias que evitem a contaminação humana através de água ou alimentos. O evento foi encerrado nesta sexta-feira, 7 de maio.
Vinjé afirmou que estudos do CDC estimam que cerca de 30 a 50% dos surtos de origem alimentar são atribuÃveis ao norovÃrus e aproximadamente um em cada dez americanos ficarão doentes com gastroenterite causada por norovÃrus a cada ano. Pessoas de todas as idades são suscetÃveis, mas os jovens, idosos e doentes podem sofrer conseqüências mais graves, tais como a desidratação, que requerem atenção médica, esclareceu o pesquisador. Os dados do CDC mostram que os norovÃrus são os principais responsáveis por surtos de gastroenterite de origem alimentar e sozinhos estão associadoa a mais casos do que todas as bactérias juntas, responsáveis por 23% dos surtos, frisou. Em todo o mundo, estima-se que uma criança morra a cada 6 minutos devido à infecção por norovÃrus.
Sobre a origem dos surtos, o norte-americano apresentou diversos estudos recentes, de paÃses como Canadá, Austrália e Dinamarca, relacionados a contaminação de alimentos como ostras, cerejas e framboesas. A origem dos surtos de origem alimentar pode ser uma contaminação na fonte, ou seja, no próprio cultivo dos alimentos, por exemplo através da utilização de água contaminada para irrigação. No entanto, em geral ela está mais relacionada ao manuseio desses alimentos, seja na colheita ou preparação dos mesmos, por pessoas contaminadas e assintomáticas, com as mãos não devidamente higienizadas.
Vinjé destaca as folhas verdes, moluscos e frutas como os principais alimentos associados a surtos de gastroenterite. Estes três grupos representam cerca de 60% dos casos de contaminação. Se forem estabelecidas estratégias de vigilância para identificação de risco de contaminação nesses alimentos, a maioria dos casos de contaminação de origem alimentar poderia ser evitada, acredita. Por isso, acredito que um dos principais focos dos próximos estudos deveria ser o desenvolvimento de detectores rápidos de risco em alimentos, o que ajudaria muito no controle dos surtos associados ao vÃrus.
O pesquisador apresentou recentes estudos que mostram avanços nos testes moleculares para a genotiopagem do vÃrus e rastreamento da origem da contaminação. Entre os mais de 20 genótipos diferentes de norovÃrus, a maioria dos surtos de gastroenterite aguda são causadas pelo genótipo GII.4, responsável por diversas pandemias registradas desde 1990, quando foi identificado pela primeira vez, destacou. Analises genéticas sugerem uma grande evolução do genótipo GII.4 nos últimos 20 anos, com perÃodos de rápida transformação nesse perÃodo, provavelmente induzidos pela imunidade de rebanho.
Para o norte-americano, os resultados encontrados permitem pensar no estabelecimento uma rede de vigilância de norovÃrus. Já existe uma rede estabelecida nos Estados Unidos, com a participação de 16 estados, que realiza a coleta de informações epidemiológicas e a análise filogenética de outros enterovÃrus, afirmou. Podemos pensar na criação de uma rede mundial de vigilância do norovÃrus, que seria muito importante para a identificação de cepas emergentes e o monitoramento da variabilidade genética das novas variantes, em especial de GII.4.
Vinjé também destacou resultados recentes que mostram que os estudos genéticos podem desempenhar um papel importante na susceptibilidade à infecção pelo vÃrus e que os indivÃduos que expressam certos antÃgenos em suas superfÃcies mucosas são mais suscetÃveis à infecção. Estas moléculas podem servir como receptores para o vÃrus nas células, facilitando a infecção, explicou. Pesquisas recentes têm mostrado que estes ligantes também podem ser utilizados em ensaios para concentrar os norovÃrus presentes em alimentos, de forma a facilitar testes de contaminação e para determinar a origem de surtos de gastroenterite associados ao vÃrus.
Embora não exista nenhum tratamento especÃfico contra os norovÃrus, Vinjé acredita que as últimas pesquisas permitem avaliar a eficácia de aplicar novas medidas de sanitarização como forma de melhorar a proteção contra doenças transmitidas por alimentos contaminados. Cuidados maiores com a higiene na manipulação dos alimentos, como a higienização correta das mãos e a utilização desinfetantes adequados antes do manuseio, poderiam impactar a transmissão do norovÃrus e de bactérias responsáveis por surtos de gastroenterite e de outras doenças, finalizou o norte-americano.
07/05/2010
Marcelo Garcia
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)