O aumento do número de casos humanos de febre amarela silvestre tem sido acompanhado por outra triste estatística: a mortandade de macacos, vítimas de violência e envenenamentos.
Além de ser crime ambiental, matar esses animais prejudica - e muito - o controle da doença. O desaparecimento desses mamíferos provoca um desequilíbrio ambiental e leva os mosquitos transmissores do gênero Haemagogus e Sabethes, que habitam o alto das árvores e têm preferência por picar macacos, a voar mais baixo e procurar uma fonte alternativa de alimentação.
"Com isso, pessoas que adentram as matas para atividades de trabalho e lazer ficam mais sujeitas a picadas", explica o veterinário e entomologista Ricardo Lourenço, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
Assista e compartilhe a videorreportagem sobre a importância dos macacos no combate à febre amarela:
Sensíveis ao vírus da febre amarela, os primatas também são vítimas da doença: eles adoecem e, frequentemente, morrem.
O óbito de macacos em determinada área é um dos principais indícios de circulação do vírus em regiões de matas e florestas, servindo como um alerta para as autoridades de saúde adotarem medidas de prevenção, com a vacinação dos moradores da região.
"Os macacos podem ser considerados verdadeiros sentinelas para o sistema de vigilância em saúde", enfatiza Ricardo, acrescentando que a única forma de transmissão do vírus é pela picada de mosquitos - não há transmissão diretamente a partir dos macacos.
Os macacos que habitam a América do Sul costumam adoecer e morrer em curto período de tempo após a infecção pelo vírus da febre amarela. Ricardo explica que o contato das espécies de primatas sul-americanos com o vírus é relativamente recente, datando de pouco mais de 400 anos.
"Esse é o período em que se imagina que o vírus da febre amarela chegou ao continente americano vindo da África", explica Lourenço.
Ele relata que o vírus chegou à América do Sul em ambientes urbanos, trazido por pessoas infectadas. Depois de uma série de epidemias em ambientes urbanos, foi estabelecido o ciclo silvestre de transmissão do vírus.
"Já na África, os macacos evoluíram junto com o vírus da febre amarela e, por isso, são mais resistentes a ele", destaca. A sensibilidade dos primatas ao vírus varia entre as espécies.
"Os bugios ou guaribas, como são conhecidos na Amazônia, são extremamente sensíveis. É provável que quase todos morram quando infectados. Os saguis também são muito sensíveis. Já os macacos-prego até chegam a adoecer, mas dificilmente chegam a óbito com a doença", enumera o especialista.
O pesquisador reforça que o combate à febre amarela envolve duas medidas principais: a vacinação de pessoas nas áreas de risco para transmissão do vírus, para evitar a propagação do patógeno, e o combate a criadouros do mosquito Aedes aegypti, minimizando o risco de uma potencial reurbanização da febre amarela - o último registro da transmissão urbana no país ocorreu no Acre, em 1942.
O aumento do número de casos humanos de febre amarela silvestre tem sido acompanhado por outra triste estatística: a mortandade de macacos, vítimas de violência e envenenamentos.
Além de ser crime ambiental, matar esses animais prejudica - e muito - o controle da doença. O desaparecimento desses mamíferos provoca um desequilíbrio ambiental e leva os mosquitos transmissores do gênero Haemagogus e Sabethes, que habitam o alto das árvores e têm preferência por picar macacos, a voar mais baixo e procurar uma fonte alternativa de alimentação.
"Com isso, pessoas que adentram as matas para atividades de trabalho e lazer ficam mais sujeitas a picadas", explica o veterinário e entomologista Ricardo Lourenço, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
Assista e compartilhe a videorreportagem sobre a importância dos macacos no combate à febre amarela:
Sensíveis ao vírus da febre amarela, os primatas também são vítimas da doença: eles adoecem e, frequentemente, morrem.
O óbito de macacos em determinada área é um dos principais indícios de circulação do vírus em regiões de matas e florestas, servindo como um alerta para as autoridades de saúde adotarem medidas de prevenção, com a vacinação dos moradores da região.
"Os macacos podem ser considerados verdadeiros sentinelas para o sistema de vigilância em saúde", enfatiza Ricardo, acrescentando que a única forma de transmissão do vírus é pela picada de mosquitos - não há transmissão diretamente a partir dos macacos.
Os macacos que habitam a América do Sul costumam adoecer e morrer em curto período de tempo após a infecção pelo vírus da febre amarela. Ricardo explica que o contato das espécies de primatas sul-americanos com o vírus é relativamente recente, datando de pouco mais de 400 anos.
"Esse é o período em que se imagina que o vírus da febre amarela chegou ao continente americano vindo da África", explica Lourenço.
Ele relata que o vírus chegou à América do Sul em ambientes urbanos, trazido por pessoas infectadas. Depois de uma série de epidemias em ambientes urbanos, foi estabelecido o ciclo silvestre de transmissão do vírus.
"Já na África, os macacos evoluíram junto com o vírus da febre amarela e, por isso, são mais resistentes a ele", destaca. A sensibilidade dos primatas ao vírus varia entre as espécies.
"Os bugios ou guaribas, como são conhecidos na Amazônia, são extremamente sensíveis. É provável que quase todos morram quando infectados. Os saguis também são muito sensíveis. Já os macacos-prego até chegam a adoecer, mas dificilmente chegam a óbito com a doença", enumera o especialista.
O pesquisador reforça que o combate à febre amarela envolve duas medidas principais: a vacinação de pessoas nas áreas de risco para transmissão do vírus, para evitar a propagação do patógeno, e o combate a criadouros do mosquito Aedes aegypti, minimizando o risco de uma potencial reurbanização da febre amarela - o último registro da transmissão urbana no país ocorreu no Acre, em 1942.
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)