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Perspectivas sobre o futuro da Pós-graduação no Brasil

Critérios de avaliação dos programas, saúde mental do estudante e reconhecimento dos trabalhos apresentados na Jornada Jovens Talentos foram destaques do último dia da Semana da Pós-graduação
Por Lucas Rocha18/09/2019 - Atualizado em 15/10/2019

A importância de priorizar o ensino como estratégia para o desenvolvimento da ciência brasileira foi a mensagem principal das falas de pesquisadores, docentes e estudantes que participaram, entre os dias 09 e 13 de setembro, da Semana da Pós-graduação Stricto sensu do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). O último dia de atividades contou com discussões sobre os modelos de avaliação da Capes e a valorização das relações interpessoais e da saúde mental do estudante.

Também marcaram o encerramento uma roda de conversa dos alunos com a Vice-direção de Ensino, Informação e Comunicação do IOC, a plenária final de construção da carta do XI Fórum Discente do Instituto e o reconhecimento dos trabalhos apresentados na Jornada Jovens Talentos. Ao longo da semana, foram apresentados cerca de 50 trabalhos, nas categorias oral e pôster, sobre temas de importância para a saúde pública, como alimentação e nutrição, vírus Zika, chikungunya, HIV, leishmanioses, hepatites e parasitoses intestinais.

Avaliação da Capes

O desempenho dos programas de pós-graduação no Brasil é avaliado de acordo com um conjunto de fatores, que inclui, entre outros quesitos, a produção científica, o impacto social e a internacionalização. Em uma edição especial do Centro de Estudos do IOC, foram discutidas perspectivas sobre os modelos de avaliação do Sistema Nacional de Pós-graduação utilizados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Participaram do encontro a chefe do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do IOC e coordenadora da Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde do IOC, Tania Araújo-Jorge, o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG), Gabriel Colombo, e o diretor de Políticas Educacionais da ANPG, Rafael Souza.

Implantado pela Capes em 1976, o Sistema de Avaliação da Pós-graduação é conduzido por comissões de consultores vinculados a instituições de ensino das diferentes regiões do país. O processo inclui a avaliação dos programas credenciados, como critério de permanência, e de propostas de cursos novos. A avaliação em regime quadrienal indica a qualidade do desempenho e a posição relativa de cada programa no contexto de sua respectiva área. Os resultados desses indicadores, expressos em notas de 1 a 7, servem de base para deliberações dos órgãos governamentais em relação ao investimento em pesquisa e na pós-graduação.Atualmente, grupos de trabalho estudam formas de aprimorar o sistema de avaliação. Nos encontros, são discutidos temas como autoavaliação, internacionalização e ficha de avaliação. “O novo modelo multidimensional propõe a avaliação do desempenho dos programas a partir de cinco quesitos principais: ensino e aprendizagem, internacionalização, produção de conhecimento, inovação e transferência de conhecimento, e impacto e relevância para a sociedade”, explicou Tania, que atuou como coordenadora da Área de Pós-Graduação em Ensino na Capes entre 2013 e 2018. Segundo a pesquisadora, o novo sistema, previsto para ser implementado a partir de 2021, sugere que a avaliação tenha como foco o escopo de cada programa, considerando evoluções no desempenho com base nas metas propostas e objetivos alcançados.

A pesquisadora Tania Araújo-Jorge destacou a importância do investimento na ciência para o desenvolvimento do país (Foto: Gutemberg Brito)

Na avaliação do diretor de Políticas Educacionais da ANPG, Rafael Souza, o novo modelo apresenta “mais continuidades do que novidades”. Segundo Souza, os princípios e diretrizes de avaliação dos programas são classificatórios e comparam áreas que são diferentes. Em relação aos parâmetros utilizados, ele questiona a adoção de padrões internacionais e sugere a adaptação dos referenciais de avaliação à realidade da pesquisa científica desenvolvida no país. “O Brasil tem uma imensa floresta úmida tropical, sendo o país que, com larga distância, produz e descreve o maior número de espécies do mundo. A publicação de uma nova espécie, por exemplo, algo importante para o conhecimento da biodiversidade no Brasil, não é tão valorizado em outros centros. Ao importar padrões internacionais, por vezes, há um prejuízo na avaliação da ciência que é praticada aqui em vista dos interesses nacionais”, explicou.

Rafael Souza (à esq.) e Gabriel Colombo (à dir.), ambos da ANPG, apontaram problemas de precarização no trabalho do estudante de pós-graduação e a necessidade de revisão dos valores das bolsas (Foto: Gutemberg Brito)

Já o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da ANPG, Gabriel Colombo, chamou atenção para os desafios do desenvolvimento científico frente ao contexto do bloqueio de bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado. No dia 02/09, o governo informou o corte de 5.613 bolsas da Capes previstas para o restante de 2018. No entanto, em anúncio realizado no dia 11/09, a Capes informou que vai disponibilizar, em 2019 e 2020, 3.182 novas bolsas deste montante, contemplando programas com notas 5, 6 e 7. Colombo também apresentou dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que mostram quedas consecutivas na verba destinada ao pagamento de bolsas desde 2016. Além da ampliação no investimento e número de bolsas ofertadas, ele defende o reajuste nos valores de acordo com a inflação. “Temos uma desvalorização contínua das bolsas de pós-graduação. O último reajuste foi feito em 2013. Se a correção, considerando os últimos seis anos, fosse feita pelo IPCA [Índice de Preços ao Consumidor Amplo], teríamos um valor de R$ 2.082 para bolsas de mestrado e de R$ 3.054 para bolsas de doutorado”, explicou.

Espaço aberto ao diálogo

Entre prazos apertados, cobranças e falta de perspectivas sobre a absorção pelo mercado de trabalho, a saúde mental dos estudantes de pós-graduação pode ficar em segundo plano. O assunto foi amplamente discutido na mesa redonda ‘Valorização das Relações Interpessoais e Saúde Mental’, que contou com a participação da vice-diretora de Desenvolvimento Institucional e Gestão do IOC, Wania Santiago, da coordenadora técnica do Centro de Apoio ao Discente (CAD/Fiocruz), Márcia Mello da Silveira, e da representante discente Andreza Salvio Lemos.

Diálogo também foi a palavra-chave de uma mesa-redonda que contou com o vice-diretor de Ensino, Informação e Comunicação do IOC, Marcelo Alves Pinto, e o representante discente Ícaro Rodrigues. O encontro abriu espaço para a discussão de demandas e proposição de sugestões em prol de melhorias para o desenvolvimento da área de Ensino no Instituto. As questões discutidas pelos estudantes no debate e ao longo da semana forneceram subsídios para a elaboração da Carta do XI Fórum Discente do IOC entregue à Diretoria.

Reconhecimento

No encerramento das atividades, 13 estudantes foram agraciados com menção honrosa pela qualidade dos estudos apresentados na Jornada Jovens Talentos.

Cerca de 50 trabalhos foram apresentados no evento, nas categorias oral e pôster (Foto: Gutemberg Brito. Arte: Jefferson Mendes)

Confira os homenageados:

Apresentação oral:
Audrien Alves Andrade de Souza – doutorado em Biologia Celular e Molecular
Barbara Simonson Gonçalves – mestrado em Biologia Celular e Molecular
Karine Lino Rodrigues – mestrado em Biologia Celular e Molecular
Luciana Ferreira de Araújo – doutorado em Medicina Tropical
Pamela Mosquera Atehortua – mestrado em Medicina Tropical
Tairine Monteiro de Barros – mestrado em Medicina Tropical

Sessão de pôster:
Aline Ferreira Gonçalves – mestrado em Saúde Pública na ENSP/Fiocruz
Aline Monteiro da Silva – doutorado em Medicina Tropical
Ana Beatriz Pais Borsoi – doutorado em Biodiversidade e Saúde
Georgianna Silva dos Santos – doutorado em Ensino em Biociências e Saúde
Mayla Abrahim Costa – doutorado em Biologia Computacional e Sistemas
Natália Spitz Toledo Dias – doutorado em Biologia Parasitária
Raquel Rangel Silvares – egressa do mestrado em Biologia Celular e Molecular

Critérios de avaliação dos programas, saúde mental do estudante e reconhecimento dos trabalhos apresentados na Jornada Jovens Talentos foram destaques do último dia da Semana da Pós-graduação
Por: 
lucas

A importância de priorizar o ensino como estratégia para o desenvolvimento da ciência brasileira foi a mensagem principal das falas de pesquisadores, docentes e estudantes que participaram, entre os dias 09 e 13 de setembro, da Semana da Pós-graduação Stricto sensu do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). O último dia de atividades contou com discussões sobre os modelos de avaliação da Capes e a valorização das relações interpessoais e da saúde mental do estudante.

Também marcaram o encerramento uma roda de conversa dos alunos com a Vice-direção de Ensino, Informação e Comunicação do IOC, a plenária final de construção da carta do XI Fórum Discente do Instituto e o reconhecimento dos trabalhos apresentados na Jornada Jovens Talentos. Ao longo da semana, foram apresentados cerca de 50 trabalhos, nas categorias oral e pôster, sobre temas de importância para a saúde pública, como alimentação e nutrição, vírus Zika, chikungunya, HIV, leishmanioses, hepatites e parasitoses intestinais.

Avaliação da Capes

O desempenho dos programas de pós-graduação no Brasil é avaliado de acordo com um conjunto de fatores, que inclui, entre outros quesitos, a produção científica, o impacto social e a internacionalização. Em uma edição especial do Centro de Estudos do IOC, foram discutidas perspectivas sobre os modelos de avaliação do Sistema Nacional de Pós-graduação utilizados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Participaram do encontro a chefe do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do IOC e coordenadora da Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde do IOC, Tania Araújo-Jorge, o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG), Gabriel Colombo, e o diretor de Políticas Educacionais da ANPG, Rafael Souza.

Implantado pela Capes em 1976, o Sistema de Avaliação da Pós-graduação é conduzido por comissões de consultores vinculados a instituições de ensino das diferentes regiões do país. O processo inclui a avaliação dos programas credenciados, como critério de permanência, e de propostas de cursos novos. A avaliação em regime quadrienal indica a qualidade do desempenho e a posição relativa de cada programa no contexto de sua respectiva área. Os resultados desses indicadores, expressos em notas de 1 a 7, servem de base para deliberações dos órgãos governamentais em relação ao investimento em pesquisa e na pós-graduação.Atualmente, grupos de trabalho estudam formas de aprimorar o sistema de avaliação. Nos encontros, são discutidos temas como autoavaliação, internacionalização e ficha de avaliação. “O novo modelo multidimensional propõe a avaliação do desempenho dos programas a partir de cinco quesitos principais: ensino e aprendizagem, internacionalização, produção de conhecimento, inovação e transferência de conhecimento, e impacto e relevância para a sociedade”, explicou Tania, que atuou como coordenadora da Área de Pós-Graduação em Ensino na Capes entre 2013 e 2018. Segundo a pesquisadora, o novo sistema, previsto para ser implementado a partir de 2021, sugere que a avaliação tenha como foco o escopo de cada programa, considerando evoluções no desempenho com base nas metas propostas e objetivos alcançados.

A pesquisadora Tania Araújo-Jorge destacou a importância do investimento na ciência para o desenvolvimento do país (Foto: Gutemberg Brito)

Na avaliação do diretor de Políticas Educacionais da ANPG, Rafael Souza, o novo modelo apresenta “mais continuidades do que novidades”. Segundo Souza, os princípios e diretrizes de avaliação dos programas são classificatórios e comparam áreas que são diferentes. Em relação aos parâmetros utilizados, ele questiona a adoção de padrões internacionais e sugere a adaptação dos referenciais de avaliação à realidade da pesquisa científica desenvolvida no país. “O Brasil tem uma imensa floresta úmida tropical, sendo o país que, com larga distância, produz e descreve o maior número de espécies do mundo. A publicação de uma nova espécie, por exemplo, algo importante para o conhecimento da biodiversidade no Brasil, não é tão valorizado em outros centros. Ao importar padrões internacionais, por vezes, há um prejuízo na avaliação da ciência que é praticada aqui em vista dos interesses nacionais”, explicou.

Rafael Souza (à esq.) e Gabriel Colombo (à dir.), ambos da ANPG, apontaram problemas de precarização no trabalho do estudante de pós-graduação e a necessidade de revisão dos valores das bolsas (Foto: Gutemberg Brito)

Já o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da ANPG, Gabriel Colombo, chamou atenção para os desafios do desenvolvimento científico frente ao contexto do bloqueio de bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado. No dia 02/09, o governo informou o corte de 5.613 bolsas da Capes previstas para o restante de 2018. No entanto, em anúncio realizado no dia 11/09, a Capes informou que vai disponibilizar, em 2019 e 2020, 3.182 novas bolsas deste montante, contemplando programas com notas 5, 6 e 7. Colombo também apresentou dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que mostram quedas consecutivas na verba destinada ao pagamento de bolsas desde 2016. Além da ampliação no investimento e número de bolsas ofertadas, ele defende o reajuste nos valores de acordo com a inflação. “Temos uma desvalorização contínua das bolsas de pós-graduação. O último reajuste foi feito em 2013. Se a correção, considerando os últimos seis anos, fosse feita pelo IPCA [Índice de Preços ao Consumidor Amplo], teríamos um valor de R$ 2.082 para bolsas de mestrado e de R$ 3.054 para bolsas de doutorado”, explicou.

Espaço aberto ao diálogo

Entre prazos apertados, cobranças e falta de perspectivas sobre a absorção pelo mercado de trabalho, a saúde mental dos estudantes de pós-graduação pode ficar em segundo plano. O assunto foi amplamente discutido na mesa redonda ‘Valorização das Relações Interpessoais e Saúde Mental’, que contou com a participação da vice-diretora de Desenvolvimento Institucional e Gestão do IOC, Wania Santiago, da coordenadora técnica do Centro de Apoio ao Discente (CAD/Fiocruz), Márcia Mello da Silveira, e da representante discente Andreza Salvio Lemos.

Diálogo também foi a palavra-chave de uma mesa-redonda que contou com o vice-diretor de Ensino, Informação e Comunicação do IOC, Marcelo Alves Pinto, e o representante discente Ícaro Rodrigues. O encontro abriu espaço para a discussão de demandas e proposição de sugestões em prol de melhorias para o desenvolvimento da área de Ensino no Instituto. As questões discutidas pelos estudantes no debate e ao longo da semana forneceram subsídios para a elaboração da Carta do XI Fórum Discente do IOC entregue à Diretoria.

Reconhecimento

No encerramento das atividades, 13 estudantes foram agraciados com menção honrosa pela qualidade dos estudos apresentados na Jornada Jovens Talentos.

Cerca de 50 trabalhos foram apresentados no evento, nas categorias oral e pôster (Foto: Gutemberg Brito. Arte: Jefferson Mendes)

Confira os homenageados:

Apresentação oral:
Audrien Alves Andrade de Souza – doutorado em Biologia Celular e Molecular
Barbara Simonson Gonçalves – mestrado em Biologia Celular e Molecular
Karine Lino Rodrigues – mestrado em Biologia Celular e Molecular
Luciana Ferreira de Araújo – doutorado em Medicina Tropical
Pamela Mosquera Atehortua – mestrado em Medicina Tropical
Tairine Monteiro de Barros – mestrado em Medicina Tropical

Sessão de pôster:
Aline Ferreira Gonçalves – mestrado em Saúde Pública na ENSP/Fiocruz
Aline Monteiro da Silva – doutorado em Medicina Tropical
Ana Beatriz Pais Borsoi – doutorado em Biodiversidade e Saúde
Georgianna Silva dos Santos – doutorado em Ensino em Biociências e Saúde
Mayla Abrahim Costa – doutorado em Biologia Computacional e Sistemas
Natália Spitz Toledo Dias – doutorado em Biologia Parasitária
Raquel Rangel Silvares – egressa do mestrado em Biologia Celular e Molecular

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)