Portuguese English Spanish
Interface
Adjust the interface to make it easier to use for different conditions.
This renders the document in high contrast mode.
This renders the document as white on black
This can help those with trouble processing rapid screen movements.
This loads a font easier to read for people with dyslexia.

vw_cabecalho_novo

Busca Avançada
Você está aqui: Notícias » Especial Encontro Simuliidae e Chironomidae: Controle e conservação de insetos é tema do segundo dia de evento

Especial Encontro Simuliidae e Chironomidae: Controle e conservação de insetos é tema do segundo dia de evento

Controle e conservação de simulídeos e quironomídeos foram os principais temas
Por Jornalismo IOC26/09/2007 - Atualizado em 28/09/2022

No dia 20, segundo dia de evento, o controle e conservação de simulídeos e quironomídeos foram os principais temas. Na parte da manhã, três pesquisadores discutiram a ecologia destas famílias. A mesa redonda – mediada pelo doutorando Ronaldo Figueiró, do Laboratório de Simulídeos e Oncocercose do IOC e da UFRJ – contou com a participação dos pesquisadores Carlos Coutinho (Instituto Butantan/SP), Gilberto Rodrigues (UFRGS) e Fábio Roque (USP Ribeirão Preto).

 

Ronaldo Figueiró (à esquerda), Carlos Coutinho, Fábio Roque e Gilberto Rodrigues discutiram aspectos ecológicos dos simulídeos e quironomídeos. Foto: Gutemberg Brito

O pesquisador do Instituto Butantan, Carlos Coutinho, destacou em sua fala o impacto do controle de simulídeos em uma área que abrange quatro municípios do litoral norte de São Paulo, apontando avanços e dificuldades. Coutinho destacou as dificuldades para averiguar resultados do controle e caracterizou a ecologia local e suas especificidades.

Para contextualizar as ações realizadas em São Paulo, Coutinho fez uma ampla abordagem do tema, traçando as ferramentas utilizadas mundial no controle dos simulídeos, como as técnicas de remoção de substratos (feita até os anos 1940), a utilização do pesticida Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) – cujo impacto era notavelmente agressivo para o meio ambiente – e, mais recentemente, o organofosforado Temephos (dos anos 1970 até hoje), que desenvolve uma resistência cruzada no ambiente.

Dos anos 1980 para cá, explicou o pesquisador, começou a ser utilizado o biolarvicida Bacillus thuringiensis israelensis (Bti) – um grupo de bactérias utilizadas no controle biológico dos simulídeos e quironomídeos, entre outros mosquitos.

Ele traçou um panorama do uso destas ferramentas no Brasil, desde os anos 1950, lembrando que até hoje os resíduos de DDT podem ser encontrados em alguns lugares, apesar da droga ter sido abandonada na década de 1970.

“Temos que lembrar que controlar inseto não é matar inseto. Trata-se de proteger a população humana”, ressaltou.

Ele destacou que o biolarvicida é mais caro que os larvicidas químicos.

“Só o programa de controle que é aplicado em quatro municípios do litoral norte de São Paulo consome 59 mil dólares por mês, o que causa uma pressão política muito grande para que o programa acabe”, afirmou.

O pesquisador Gilberto Rodrigues, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), destacou elementos da ecologia terrestre e aquática daquele Estado.

“Sistemas aquáticos são corredores naturais com rica e diversa biota”, afirmou.

Ele lembrou que estes são ecossistemas únicos, por possuírem fluxo contínuo de águas, aporte e transporte de material alóctone (proveniente de outro local), entre outros aspectos.

“Estes elementos influenciam a diversidade local, a biomassa e a produtividade dos rios”, destacou.

O objetivo dos estudos desenvolvidos por Gilberto e sua equipe é entender os padrões das comunidades de mosquitos ao longo dos rios e na mata ciliar (formação vegetal localizada nas margens dos córregos, lagos, represas e nascentes). Entre as espécies pesquisadas, estão os quironomídeos.

O pesquisador Fábio Roque, da USP de Ribeirão Preto, abordou a conservação da biodiversidade e a criação de uma agenda para o estudo de quironomídeos.

Fábio destacou a ausência dos quironomídeos e dos simulídeos nas listas internacionais de biodiversidade. “Será este o quadro real?”, questionou.

Fábio lembrou que, nos anos 1980, surgiu a Biologia da Conservação, que reunia diversas disciplinas distintas e promovia uma interface entre várias áreas do conhecimento.

Segundo o pesquisador, os insetos são grande parte da biodiversidade no mundo – ainda pouco explorados e com estimativas grosseiras.

“São muito importantes para a biomassa e para o fluxo de energia do planeta. Os insetos são importantes, pois os processos ecológicos são quantificáveis e até valoráveis”, lembrou.

Outra questão notável é a econômica, como o exemplo das perdas com a produção de maracujá no Estado de São Paulo.

Entre os principais problemas apontados pelo pesquisador estão o mau uso do solo, as espécies invasoras, a fragmentação e perda de habitat e consequentes impactos sinergéticos, a poluição de áreas de conservação e as mudanças climáticas.

Ao final da apresentação, o pesquisador Fábio Roque destacou o trabalho de dois projetos que tratam do assunto – o Projeto Biota e um projeto recente na Amazônia envolvendo instituições de todo o país. E concluiu, provocando a construção ética da conservação baseada puramente na construção humana: “Os insetos não têm o direito à vida. Nós é que não temos o direito de extinguí-los”.

 

Foto: Renata Fontoura e Gustavo Barreto

Controle e conservação de simulídeos e quironomídeos foram os principais temas
Por: 
jornalismo

No dia 20, segundo dia de evento, o controle e conservação de simulídeos e quironomídeos foram os principais temas. Na parte da manhã, três pesquisadores discutiram a ecologia destas famílias. A mesa redonda – mediada pelo doutorando Ronaldo Figueiró, do Laboratório de Simulídeos e Oncocercose do IOC e da UFRJ – contou com a participação dos pesquisadores Carlos Coutinho (Instituto Butantan/SP), Gilberto Rodrigues (UFRGS) e Fábio Roque (USP Ribeirão Preto).

 

Ronaldo Figueiró (à esquerda), Carlos Coutinho, Fábio Roque e Gilberto Rodrigues discutiram aspectos ecológicos dos simulídeos e quironomídeos. Foto: Gutemberg Brito

O pesquisador do Instituto Butantan, Carlos Coutinho, destacou em sua fala o impacto do controle de simulídeos em uma área que abrange quatro municípios do litoral norte de São Paulo, apontando avanços e dificuldades. Coutinho destacou as dificuldades para averiguar resultados do controle e caracterizou a ecologia local e suas especificidades.

Para contextualizar as ações realizadas em São Paulo, Coutinho fez uma ampla abordagem do tema, traçando as ferramentas utilizadas mundial no controle dos simulídeos, como as técnicas de remoção de substratos (feita até os anos 1940), a utilização do pesticida Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) – cujo impacto era notavelmente agressivo para o meio ambiente – e, mais recentemente, o organofosforado Temephos (dos anos 1970 até hoje), que desenvolve uma resistência cruzada no ambiente.

Dos anos 1980 para cá, explicou o pesquisador, começou a ser utilizado o biolarvicida Bacillus thuringiensis israelensis (Bti) – um grupo de bactérias utilizadas no controle biológico dos simulídeos e quironomídeos, entre outros mosquitos.

Ele traçou um panorama do uso destas ferramentas no Brasil, desde os anos 1950, lembrando que até hoje os resíduos de DDT podem ser encontrados em alguns lugares, apesar da droga ter sido abandonada na década de 1970.

“Temos que lembrar que controlar inseto não é matar inseto. Trata-se de proteger a população humana”, ressaltou.

Ele destacou que o biolarvicida é mais caro que os larvicidas químicos.

“Só o programa de controle que é aplicado em quatro municípios do litoral norte de São Paulo consome 59 mil dólares por mês, o que causa uma pressão política muito grande para que o programa acabe”, afirmou.

O pesquisador Gilberto Rodrigues, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), destacou elementos da ecologia terrestre e aquática daquele Estado.

“Sistemas aquáticos são corredores naturais com rica e diversa biota”, afirmou.

Ele lembrou que estes são ecossistemas únicos, por possuírem fluxo contínuo de águas, aporte e transporte de material alóctone (proveniente de outro local), entre outros aspectos.

“Estes elementos influenciam a diversidade local, a biomassa e a produtividade dos rios”, destacou.

O objetivo dos estudos desenvolvidos por Gilberto e sua equipe é entender os padrões das comunidades de mosquitos ao longo dos rios e na mata ciliar (formação vegetal localizada nas margens dos córregos, lagos, represas e nascentes). Entre as espécies pesquisadas, estão os quironomídeos.

O pesquisador Fábio Roque, da USP de Ribeirão Preto, abordou a conservação da biodiversidade e a criação de uma agenda para o estudo de quironomídeos.

Fábio destacou a ausência dos quironomídeos e dos simulídeos nas listas internacionais de biodiversidade. “Será este o quadro real?”, questionou.

Fábio lembrou que, nos anos 1980, surgiu a Biologia da Conservação, que reunia diversas disciplinas distintas e promovia uma interface entre várias áreas do conhecimento.

Segundo o pesquisador, os insetos são grande parte da biodiversidade no mundo – ainda pouco explorados e com estimativas grosseiras.

“São muito importantes para a biomassa e para o fluxo de energia do planeta. Os insetos são importantes, pois os processos ecológicos são quantificáveis e até valoráveis”, lembrou.

Outra questão notável é a econômica, como o exemplo das perdas com a produção de maracujá no Estado de São Paulo.

Entre os principais problemas apontados pelo pesquisador estão o mau uso do solo, as espécies invasoras, a fragmentação e perda de habitat e consequentes impactos sinergéticos, a poluição de áreas de conservação e as mudanças climáticas.

Ao final da apresentação, o pesquisador Fábio Roque destacou o trabalho de dois projetos que tratam do assunto – o Projeto Biota e um projeto recente na Amazônia envolvendo instituições de todo o país. E concluiu, provocando a construção ética da conservação baseada puramente na construção humana: “Os insetos não têm o direito à vida. Nós é que não temos o direito de extinguí-los”.

 

Foto: Renata Fontoura e Gustavo Barreto

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)