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Especial Ciência e Criança: A brincadeira e o lúdico na divulgação da ciência

A inserção da ciência em atividades para crianças guiou os debates
Por Jornalismo IOC27/09/2007 - Atualizado em 29/09/2022

A importância da divulgação científica e o seu padrão atual no Brasil foram temas de debate durante a mesa redonda "Brincando com a Ciência", realizada no dia 25 de setembro durante o seminário "Ciência & criança: a divulgação científica para o público infanto-juvenil". "O lúdico, a literatura infantil e a arte na divulgação científica para crianças e jovens" foi o tema da palestra da pesquisa Virgínia Schall, do Laboratório de Educação em Saúde do Centro de Pesquisas René Rachou (LABES/CPqRR), unidade da Fiocruz em Minas Gerais. A questão de fundo, Virgínia explicou, reside em investigar qual a melhor maneira de falar sobre ciência e saúde para crianças e adolescentes no ensino formal e não formal.

A importância da literatura no aprendizado escolar foi ressaltado por Virginia Schall. Foto: Gutemberg Brito

A pesquisadora avalia que a escola se constitui como um ambiente com potencial riquíssimo de encontro humano. Citando Rubem Alves, no entanto, Virgínia afirmou que "o saber da escola que não responde aos sonhos será logo esquecido".

“Monteiro Lobato nos lembrava que o livro, como o temos, tortura as pobres crianças e, no entanto, poderia diverti-las”, destacou.

Virgínia comentou as experiências do seu grupo de pesquisa, como uma iniciativa literária, entre 1983 e 1986, com a criação de personagens que tivessem identificação com as crianças. Surgiu assim o livro O Feitiço da Lagoa. Ela lembra que poucas crianças lembram o nome do livro, mas muitas sabem até hoje quem é Maneco, o protagonista da história que divulga informações sobre a esquistossomose no Brasil e no mundo.

“Este tipo de iniciativa tem um resultado significativamente superior aos materiais tradicionais quanto à construção de novos conhecimentos contextualizados. Isso mostra a força do personagem e a identificação deste com as crianças”, argumentou.

O professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Marcos Pires Leodoro, apresentou a palestra "Brincando com a Ciência: Utilização de Brinquedos na Divulgação Científica". Marcos dedica-se ao tema desde os anos 1980 e explicou que, para haver sucesso neste tipo de iniciativa, é preciso contextualizar a divulgação científica, fazê-la presente para o público, sem, no entanto, ceder ao que classificou como "efeito de vitrine" (espetacularização) da divulgação científica.

“É importante criar uma interatividade reflexiva do cidadão com o ambiente tecnocientífico e aproveitar o potencial lúdico do brinquedo. A atividade lúdica, que é a brincadeira e o faz-de-conta, não se restringe à ação, mas também à manipulação simbólica”, resumiu. O pesquisador da UFSCar demonstrou exemplos práticos de desconstrução da ciência, a partir da “engenharia reversa”, e da resignificação do olhar das crianças para os objetos, por meio da técnica de bricolagem.

A pesquisa Denise Oliveira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), analisou a ciência nos desenhos animados na palestra "Conhecimento, ciência e escola: representações em desenhos animados". O estudo apresentado avaliava criticamente quatro desenhos animados, sendo dois de caráter destacadamente comercial e dois de caráter educativo.

Denise ressaltou que é importante resgatar a ciência como um fato social, culturalmente constituído, e a partir daí analisar o conteúdo para as crianças nos desenhos. Ela criticou a lógica comercial, enxergando poucos espaços preocupados com a formação do público infantil.

"Mesmo em espaços educativos em momentos como o Dia das Crianças e os meses anteriores a esta data, é possível observar as inserções publicitárias. É notável que estas muitas vezes entram em contradição significativa com os conteúdos educativos", explicou a pesquisadora, citando como exemplo o anúncio de brinquedos com caráter fortemente violento.

"Os meios de comunicação são ricos espaços de formação do público infanto-juvenil. A questão é: para que formam? Que conteúdos culturais estão passando para as crianças?", questionou.

 

Reportagem: Gustavo Barreto

A inserção da ciência em atividades para crianças guiou os debates
Por: 
jornalismo

A importância da divulgação científica e o seu padrão atual no Brasil foram temas de debate durante a mesa redonda "Brincando com a Ciência", realizada no dia 25 de setembro durante o seminário "Ciência & criança: a divulgação científica para o público infanto-juvenil". "O lúdico, a literatura infantil e a arte na divulgação científica para crianças e jovens" foi o tema da palestra da pesquisa Virgínia Schall, do Laboratório de Educação em Saúde do Centro de Pesquisas René Rachou (LABES/CPqRR), unidade da Fiocruz em Minas Gerais. A questão de fundo, Virgínia explicou, reside em investigar qual a melhor maneira de falar sobre ciência e saúde para crianças e adolescentes no ensino formal e não formal.

A importância da literatura no aprendizado escolar foi ressaltado por Virginia Schall. Foto: Gutemberg Brito

A pesquisadora avalia que a escola se constitui como um ambiente com potencial riquíssimo de encontro humano. Citando Rubem Alves, no entanto, Virgínia afirmou que "o saber da escola que não responde aos sonhos será logo esquecido".

“Monteiro Lobato nos lembrava que o livro, como o temos, tortura as pobres crianças e, no entanto, poderia diverti-las”, destacou.

Virgínia comentou as experiências do seu grupo de pesquisa, como uma iniciativa literária, entre 1983 e 1986, com a criação de personagens que tivessem identificação com as crianças. Surgiu assim o livro O Feitiço da Lagoa. Ela lembra que poucas crianças lembram o nome do livro, mas muitas sabem até hoje quem é Maneco, o protagonista da história que divulga informações sobre a esquistossomose no Brasil e no mundo.

“Este tipo de iniciativa tem um resultado significativamente superior aos materiais tradicionais quanto à construção de novos conhecimentos contextualizados. Isso mostra a força do personagem e a identificação deste com as crianças”, argumentou.

O professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Marcos Pires Leodoro, apresentou a palestra "Brincando com a Ciência: Utilização de Brinquedos na Divulgação Científica". Marcos dedica-se ao tema desde os anos 1980 e explicou que, para haver sucesso neste tipo de iniciativa, é preciso contextualizar a divulgação científica, fazê-la presente para o público, sem, no entanto, ceder ao que classificou como "efeito de vitrine" (espetacularização) da divulgação científica.

“É importante criar uma interatividade reflexiva do cidadão com o ambiente tecnocientífico e aproveitar o potencial lúdico do brinquedo. A atividade lúdica, que é a brincadeira e o faz-de-conta, não se restringe à ação, mas também à manipulação simbólica”, resumiu. O pesquisador da UFSCar demonstrou exemplos práticos de desconstrução da ciência, a partir da “engenharia reversa”, e da resignificação do olhar das crianças para os objetos, por meio da técnica de bricolagem.

A pesquisa Denise Oliveira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), analisou a ciência nos desenhos animados na palestra "Conhecimento, ciência e escola: representações em desenhos animados". O estudo apresentado avaliava criticamente quatro desenhos animados, sendo dois de caráter destacadamente comercial e dois de caráter educativo.

Denise ressaltou que é importante resgatar a ciência como um fato social, culturalmente constituído, e a partir daí analisar o conteúdo para as crianças nos desenhos. Ela criticou a lógica comercial, enxergando poucos espaços preocupados com a formação do público infantil.

"Mesmo em espaços educativos em momentos como o Dia das Crianças e os meses anteriores a esta data, é possível observar as inserções publicitárias. É notável que estas muitas vezes entram em contradição significativa com os conteúdos educativos", explicou a pesquisadora, citando como exemplo o anúncio de brinquedos com caráter fortemente violento.

"Os meios de comunicação são ricos espaços de formação do público infanto-juvenil. A questão é: para que formam? Que conteúdos culturais estão passando para as crianças?", questionou.

 

Reportagem: Gustavo Barreto

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)