Portuguese English Spanish
Interface
Adjust the interface to make it easier to use for different conditions.
This renders the document in high contrast mode.
This renders the document as white on black
This can help those with trouble processing rapid screen movements.
This loads a font easier to read for people with dyslexia.
Busca Avançada
Você está aqui: Notícias » Especial Ciência e Criança: O interesse como chave para a divulgação científica entre o público infanto-juvenil

Especial Ciência e Criança: O interesse como chave para a divulgação científica entre o público infanto-juvenil

Palestras discutiram estratégias para a difusão do conhecimento científico entre crianças e pré-adolescentes
Por Jornalismo IOC27/09/2007 - Atualizado em 29/09/2022

No dia 26 de setembro, o seminário "Ciência e Criança: a divulgação científica para o público infanto-juvenil" contou com a participação de profissionais do Canadá, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Em meio às diferentes vivências, uma unanimidade: a principal estratégia para a difusão do conhecimento científico entre crianças e pré-adolescentes é o estímulo do interesse e da curiosidade do público por temas científicos.
 
A diretora do Community Outreach do centro de ciências Telus World of Science, no Canadá, Pauline Finn, apresentou a experiência animadora da instituição, comprometida com a missão de fazer o conhecimento científico ultrapassar as paredes de museus e centros de ciência. Para isso, além de salas de exibição que trabalham temas como física, ciências naturais e sustentabilidade e de uma galeria itinerante, o centro de ciências Telus World of Science oferece programas de extensão gratuitos, voltados para crianças, adolescentes e profissionais de educação que desejam aprimorar técnicas para a difusão do conhecimento científico. O objetivo é expandir o acesso da população de Vancouver, onde a instituição está localizada, às atividades desenvolvidas, levando-as a municípios longínquos e a comunidades sem acesso a museus.

Pauline Finn mostrou ao público as atividades desenvolvidas pelo TELUS World of Science, no Canadá, como os programas de extensão que procuram levar o conhecimento científico para fora de museus e centros de ciência. Foto: Gutemberg Brito

São oito modalidades de programas: Science world on the road, que desenvolve atividades para alunos do jardim de infância ao Ensino Fundamental; "Super science club", que desde 2001 envolve estudantes em atividades científicas após o horário escolar; "Scientist and innovators in the schools", que promove o encontro entre cientistas e turmas escolares para trabalhar temas não contemplados em sala de aula e mostrar aos alunos que pesquisadores também são pessoas comuns; "Opening the door", que busca estimular o interesse de alunos do Ensino Médio por temas específicos de ciência; "Engaging science", direcionado a professores que desejam aprender a ensinar ciência de forma prática, interativa e mais interessante aos alunos; "Big science for little hands", que procura despertar a curiosidade por temas científicos entre crianças pequenas; "Non-competitive science fair program", que incentiva e orienta feiras de ciência a produzirem atividades complementares que contribuam coletivamente para o despertar do interesse do público infantil sobre temas científicos; e "Community science celebration", que convida a comunidade local a celebrar a ciência, através de atividades interativas.
 
A mesa-redonda "Engajando crianças em temas de ciência", coordenada por Maria Paulo Bonatto, do Museu da Vida/Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), deu continuidade à discussão sobre a necessidade de se provocar o interesse e a curiosidade do público infanto-juvenil sobre o conhecimento científico através de atividades diversas.

Luisa Massarani, também do Museu da Vida, destacou a importância de das voz às crianças no processo de divulgação científica, tornando-as atores sociais centrais no momento de conceber uma atividade. Para ilustrar uma experiência neste sentido e também valorizar e resgatar a história da divulgação científica no Brasil, ela discutiu a experiência de Maria Julieta Osmastroni, que escreveu artigos de divulgação científica para crianças na Folhinha de São Paulo a partir de discussões realizadas com varias crianças.

Maria Teresa de Jesus Gouveia, do Núcleo de Educação Ambiental do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, trouxe a experiência das Conferências Nacionais Infanto-Juvenis pelo Meio Ambiente, realizadas em 2003 e 2006 com o objetivo de integrar crianças e adolescentes na discussão sobre a sustentabilidade do planeta, divulgando acordos internacionais assinados pelo Brasil com compromissos que influenciam a vida cotidiana e criando uma rede de juventude pela sustentabilidade.

A imunologista Débora d’Ávila Reis, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), incrementou o debate com a apresentação do programa de rádio Universidade das crianças, produzido e veiculado pela Rádio UFMG Educativa como estratégia de divulgação científica para o público infanto-juvenil através de linguagem que incorpora analogias e dispensa o cientificismo.

O mote para a realização dos programas são perguntas elaboradas por crianças – “por que o piolho fica na cabeça e não na barba?”; “passarinho chora?”;“por que não nascemos sabendo?”– para que o conhecimento científico divulgado pela iniciativa esteja afinado ao interesse do público.

Para garantir esta interação, a equipe do programa é formada, também, por jovens: crianças de 9 a 11 anos do Centro Pedagógico da UFMG perguntam, pesquisadores da Universidade respondem e jovens capacitados para comunicar através do rádio redigem os textos para divulgação das respostas.

Finalizando a mesa-redonda, Yurij Castelfranchi, da Universidade de Campinas (Unicamp), ressaltou a necessidade de se conhecer melhor o público que se pretende atingir – através da escuta e da convivência – antes de elaborar ações de divulgação científica. Sob esta perspectiva, apresentou os resultados de uma pesquisa italiana que procurou compreender o imaginário de crianças sobre a ciência e os cientistas.

Para isso, os cientistas convidaram os alvos do estudo a formular histórias com três personagens – uma criança, um cientista e uma criatura fantástica – e a representá-los graficamente. Além de conotações míticas que reforçam o estereótipo do cientista maluco, a análise semiótica dos desenhos identificou entre as percepções ilustradas dimensões éticas e sociais da ciência, entendida também como produtora de conhecimento, e não só de magia e tecnologia.

Em seguida, o biólogo Nélio Bizzo, da Universidade de São Paulo (USP), encerrou o ciclo de debates com a palestra "A percepção das crianças sobre a evolução", na qual destacou que os padrões de pensamento das crianças devem ser levados em consideração por iniciativas de divulgação do conhecimento científico.

 

Reportagem: Bel Levy

Palestras discutiram estratégias para a difusão do conhecimento científico entre crianças e pré-adolescentes
Por: 
jornalismo

No dia 26 de setembro, o seminário "Ciência e Criança: a divulgação científica para o público infanto-juvenil" contou com a participação de profissionais do Canadá, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Em meio às diferentes vivências, uma unanimidade: a principal estratégia para a difusão do conhecimento científico entre crianças e pré-adolescentes é o estímulo do interesse e da curiosidade do público por temas científicos.
 
A diretora do Community Outreach do centro de ciências Telus World of Science, no Canadá, Pauline Finn, apresentou a experiência animadora da instituição, comprometida com a missão de fazer o conhecimento científico ultrapassar as paredes de museus e centros de ciência. Para isso, além de salas de exibição que trabalham temas como física, ciências naturais e sustentabilidade e de uma galeria itinerante, o centro de ciências Telus World of Science oferece programas de extensão gratuitos, voltados para crianças, adolescentes e profissionais de educação que desejam aprimorar técnicas para a difusão do conhecimento científico. O objetivo é expandir o acesso da população de Vancouver, onde a instituição está localizada, às atividades desenvolvidas, levando-as a municípios longínquos e a comunidades sem acesso a museus.

Pauline Finn mostrou ao público as atividades desenvolvidas pelo TELUS World of Science, no Canadá, como os programas de extensão que procuram levar o conhecimento científico para fora de museus e centros de ciência. Foto: Gutemberg Brito

São oito modalidades de programas: Science world on the road, que desenvolve atividades para alunos do jardim de infância ao Ensino Fundamental; "Super science club", que desde 2001 envolve estudantes em atividades científicas após o horário escolar; "Scientist and innovators in the schools", que promove o encontro entre cientistas e turmas escolares para trabalhar temas não contemplados em sala de aula e mostrar aos alunos que pesquisadores também são pessoas comuns; "Opening the door", que busca estimular o interesse de alunos do Ensino Médio por temas específicos de ciência; "Engaging science", direcionado a professores que desejam aprender a ensinar ciência de forma prática, interativa e mais interessante aos alunos; "Big science for little hands", que procura despertar a curiosidade por temas científicos entre crianças pequenas; "Non-competitive science fair program", que incentiva e orienta feiras de ciência a produzirem atividades complementares que contribuam coletivamente para o despertar do interesse do público infantil sobre temas científicos; e "Community science celebration", que convida a comunidade local a celebrar a ciência, através de atividades interativas.
 
A mesa-redonda "Engajando crianças em temas de ciência", coordenada por Maria Paulo Bonatto, do Museu da Vida/Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), deu continuidade à discussão sobre a necessidade de se provocar o interesse e a curiosidade do público infanto-juvenil sobre o conhecimento científico através de atividades diversas.

Luisa Massarani, também do Museu da Vida, destacou a importância de das voz às crianças no processo de divulgação científica, tornando-as atores sociais centrais no momento de conceber uma atividade. Para ilustrar uma experiência neste sentido e também valorizar e resgatar a história da divulgação científica no Brasil, ela discutiu a experiência de Maria Julieta Osmastroni, que escreveu artigos de divulgação científica para crianças na Folhinha de São Paulo a partir de discussões realizadas com varias crianças.

Maria Teresa de Jesus Gouveia, do Núcleo de Educação Ambiental do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, trouxe a experiência das Conferências Nacionais Infanto-Juvenis pelo Meio Ambiente, realizadas em 2003 e 2006 com o objetivo de integrar crianças e adolescentes na discussão sobre a sustentabilidade do planeta, divulgando acordos internacionais assinados pelo Brasil com compromissos que influenciam a vida cotidiana e criando uma rede de juventude pela sustentabilidade.

A imunologista Débora d’Ávila Reis, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), incrementou o debate com a apresentação do programa de rádio Universidade das crianças, produzido e veiculado pela Rádio UFMG Educativa como estratégia de divulgação científica para o público infanto-juvenil através de linguagem que incorpora analogias e dispensa o cientificismo.

O mote para a realização dos programas são perguntas elaboradas por crianças – “por que o piolho fica na cabeça e não na barba?”; “passarinho chora?”;“por que não nascemos sabendo?”– para que o conhecimento científico divulgado pela iniciativa esteja afinado ao interesse do público.

Para garantir esta interação, a equipe do programa é formada, também, por jovens: crianças de 9 a 11 anos do Centro Pedagógico da UFMG perguntam, pesquisadores da Universidade respondem e jovens capacitados para comunicar através do rádio redigem os textos para divulgação das respostas.

Finalizando a mesa-redonda, Yurij Castelfranchi, da Universidade de Campinas (Unicamp), ressaltou a necessidade de se conhecer melhor o público que se pretende atingir – através da escuta e da convivência – antes de elaborar ações de divulgação científica. Sob esta perspectiva, apresentou os resultados de uma pesquisa italiana que procurou compreender o imaginário de crianças sobre a ciência e os cientistas.

Para isso, os cientistas convidaram os alvos do estudo a formular histórias com três personagens – uma criança, um cientista e uma criatura fantástica – e a representá-los graficamente. Além de conotações míticas que reforçam o estereótipo do cientista maluco, a análise semiótica dos desenhos identificou entre as percepções ilustradas dimensões éticas e sociais da ciência, entendida também como produtora de conhecimento, e não só de magia e tecnologia.

Em seguida, o biólogo Nélio Bizzo, da Universidade de São Paulo (USP), encerrou o ciclo de debates com a palestra "A percepção das crianças sobre a evolução", na qual destacou que os padrões de pensamento das crianças devem ser levados em consideração por iniciativas de divulgação do conhecimento científico.

 

Reportagem: Bel Levy

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)