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Fiocruz vai analisar a intercambialidade de vacinas da Covid-19

Intensidade da resposta imune e segurança das combinações de imunizantes serão analisados por pesquisadores da Fundação nas cinco regiões do Brasil
Por Maíra Menezes20/10/2021 - Atualizado em 09/10/2023

Um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) busca avaliar os efeitos da imunização com combinações das vacinas CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer, que são aplicadas no Brasil. O trabalho é financiado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (Decit/MS) e abrange as cinco regiões do país.

A coordenadora do projeto e pesquisadora do Laboratório de Imunofarmacologia do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Adriana Vallochi, afirma que estudos recentes têm mostrado uma resposta imune mais intensa com a combinação de diferentes vacinas da Covid-19. Neste contexto, a investigação pode contribuir para o planejamento do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

“Já temos um cenário de alta ocorrência de intercambialidade das vacinas no Brasil. Considerando ainda a miscigenação da população brasileira, é importante realizar uma investigação ampla da resposta imune para esclarecer como as combinações dos imunizantes induzem proteção e a duração da imunidade. Essas informações podem contribuir para estabelecer esquemas mais efetivos de vacinação”, destaca Adriana.

Ao todo, seis unidades da Fiocruz atuam na pesquisa. Com coordenação nacional do IOC, o projeto é desenvolvido em parceria com Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), Fiocruz Rondônia, Fiocruz Mato Grosso do Sul, Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia) e Instituto Carlos Chagas (Fiocruz Paraná). 

A fase inicial do projeto contou com apoio da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, da direção do IOC e do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). No IOC, participam os Laboratórios de Imunofarmacologia, de Biotecnologia e Fisiologia de Infecções Virais e de Pesquisas sobre o Timo. 

Objetivos da pesquisa

Os principais objetivos da pesquisa são avaliar a imunogenicidade – capacidade de estimular a resposta imune – e a segurança das combinações das vacinas. Para isso, serão acompanhados 2.500 voluntários, divididos em 27 grupos, contemplando diferentes combinações das vacinas CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer. Além disso, haverá um grupo controle, com amostras de pessoas não vacinadas. 

A evolução da resposta imune será acompanhada por, no mínimo, um ano, com entrevistas e coletas de amostras em dois momentos: no ato do recrutamento e após seis meses. Serão registrados os efeitos adversos após a vacinação e os casos de infecção pelo SARS-CoV-2. Além disso, os pesquisadores vão analisar a produção de anticorpos e a resposta imune celular contra o novo coronavírus. 

“Existem dois mecanismos que podem ser induzidos pelas vacinas: a produção de anticorpos, que neutralizam o vírus, impedindo a sua entrada nas células, e a atuação de linfócitos, que reconhecem e destroem as células infectadas. Embora seja complexo analisar a resposta imune celular, é fundamental investigar os dois tipos de reação imunológica, pois mesmo pessoas com baixos títulos de anticorpos podem estar protegidas contra a infecção”, explica Adriana.

Além de caracterizar o perfil de resposta imune e a duração da imunidade induzida por diferentes esquemas vacinais, os pesquisadores buscarão descobrir moléculas que possam ser utilizadas como biomarcadores de proteção. 

Também investigarão se características genéticas dos indivíduos influenciam na resposta às vacinas. Considerando os casos de infecção, a pesquisa deve identificar ainda as variantes virais envolvidas, contribuindo para avaliar a efetividade dos imunizantes contra diferentes linhagens do novo coronavírus.

Casos de vacinação trocada

Um erro na imunização em Rondônia foi o ponto de partida do projeto. Em fevereiro de 2021, profissionais de saúde de Porto Velho, que haviam recebido a primeira dose da CoronaVac, foram vacinados com a segunda dose da AstraZeneca. Logo após o episódio, pesquisadores da Fiocruz Rondônia, IOC e IFF iniciaram estudos para investigar as consequências da vacinação trocada.

Foram coletadas amostras de 120 voluntários para avaliar a produção de anticorpos específicos contra o SARS-CoV-2, a capacidade de soroneutralização viral (que indica a inativação do patógeno pelos anticorpos) e a produção de citocinas (moléculas que participam da resposta imune). Análises preliminares indicam que os participantes que receberam duas doses com intercambialidade apresentaram uma resposta imune mais robusta do que os que receberam duas doses da mesma vacina. Os dados devem ser submetidos para publicação numa revista científica após a conclusão das análises. 

Após este episódio, os cientistas identificaram grande quantidade de registros de intercambialidade na Rede Nacional de Dados em Saúde, com cerca de 16 mil casos notificados no país até abril de 2021. Por isso, a proposta de uma investigação nacional foi apresentada ao Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde. Atualmente, o recrutamento de voluntários está em andamento nas cinco regiões do Brasil. Veja como participar.

“Como pesquisadores, queremos contribuir para o enfrentamento dessa emergência de saúde pública”, diz Adriana.

Intensidade da resposta imune e segurança das combinações de imunizantes serão analisados por pesquisadores da Fundação nas cinco regiões do Brasil
Por: 
maira

Um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) busca avaliar os efeitos da imunização com combinações das vacinas CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer, que são aplicadas no Brasil. O trabalho é financiado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (Decit/MS) e abrange as cinco regiões do país.

A coordenadora do projeto e pesquisadora do Laboratório de Imunofarmacologia do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Adriana Vallochi, afirma que estudos recentes têm mostrado uma resposta imune mais intensa com a combinação de diferentes vacinas da Covid-19. Neste contexto, a investigação pode contribuir para o planejamento do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

“Já temos um cenário de alta ocorrência de intercambialidade das vacinas no Brasil. Considerando ainda a miscigenação da população brasileira, é importante realizar uma investigação ampla da resposta imune para esclarecer como as combinações dos imunizantes induzem proteção e a duração da imunidade. Essas informações podem contribuir para estabelecer esquemas mais efetivos de vacinação”, destaca Adriana.

Ao todo, seis unidades da Fiocruz atuam na pesquisa. Com coordenação nacional do IOC, o projeto é desenvolvido em parceria com Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), Fiocruz Rondônia, Fiocruz Mato Grosso do Sul, Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia) e Instituto Carlos Chagas (Fiocruz Paraná). 

A fase inicial do projeto contou com apoio da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, da direção do IOC e do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). No IOC, participam os Laboratórios de Imunofarmacologia, de Biotecnologia e Fisiologia de Infecções Virais e de Pesquisas sobre o Timo. 

Objetivos da pesquisa

Os principais objetivos da pesquisa são avaliar a imunogenicidade – capacidade de estimular a resposta imune – e a segurança das combinações das vacinas. Para isso, serão acompanhados 2.500 voluntários, divididos em 27 grupos, contemplando diferentes combinações das vacinas CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer. Além disso, haverá um grupo controle, com amostras de pessoas não vacinadas. 

A evolução da resposta imune será acompanhada por, no mínimo, um ano, com entrevistas e coletas de amostras em dois momentos: no ato do recrutamento e após seis meses. Serão registrados os efeitos adversos após a vacinação e os casos de infecção pelo SARS-CoV-2. Além disso, os pesquisadores vão analisar a produção de anticorpos e a resposta imune celular contra o novo coronavírus. 

“Existem dois mecanismos que podem ser induzidos pelas vacinas: a produção de anticorpos, que neutralizam o vírus, impedindo a sua entrada nas células, e a atuação de linfócitos, que reconhecem e destroem as células infectadas. Embora seja complexo analisar a resposta imune celular, é fundamental investigar os dois tipos de reação imunológica, pois mesmo pessoas com baixos títulos de anticorpos podem estar protegidas contra a infecção”, explica Adriana.

Além de caracterizar o perfil de resposta imune e a duração da imunidade induzida por diferentes esquemas vacinais, os pesquisadores buscarão descobrir moléculas que possam ser utilizadas como biomarcadores de proteção. 

Também investigarão se características genéticas dos indivíduos influenciam na resposta às vacinas. Considerando os casos de infecção, a pesquisa deve identificar ainda as variantes virais envolvidas, contribuindo para avaliar a efetividade dos imunizantes contra diferentes linhagens do novo coronavírus.

Casos de vacinação trocada

Um erro na imunização em Rondônia foi o ponto de partida do projeto. Em fevereiro de 2021, profissionais de saúde de Porto Velho, que haviam recebido a primeira dose da CoronaVac, foram vacinados com a segunda dose da AstraZeneca. Logo após o episódio, pesquisadores da Fiocruz Rondônia, IOC e IFF iniciaram estudos para investigar as consequências da vacinação trocada.

Foram coletadas amostras de 120 voluntários para avaliar a produção de anticorpos específicos contra o SARS-CoV-2, a capacidade de soroneutralização viral (que indica a inativação do patógeno pelos anticorpos) e a produção de citocinas (moléculas que participam da resposta imune). Análises preliminares indicam que os participantes que receberam duas doses com intercambialidade apresentaram uma resposta imune mais robusta do que os que receberam duas doses da mesma vacina. Os dados devem ser submetidos para publicação numa revista científica após a conclusão das análises. 

Após este episódio, os cientistas identificaram grande quantidade de registros de intercambialidade na Rede Nacional de Dados em Saúde, com cerca de 16 mil casos notificados no país até abril de 2021. Por isso, a proposta de uma investigação nacional foi apresentada ao Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde. Atualmente, o recrutamento de voluntários está em andamento nas cinco regiões do Brasil. Veja como participar.

“Como pesquisadores, queremos contribuir para o enfrentamento dessa emergência de saúde pública”, diz Adriana.

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)