Portuguese English Spanish
Interface
Adjust the interface to make it easier to use for different conditions.
This renders the document in high contrast mode.
This renders the document as white on black
This can help those with trouble processing rapid screen movements.
This loads a font easier to read for people with dyslexia.

vw_cabecalho_novo

Busca Avançada
Você está aqui: Notícias » Recomendações para acabar com a Covid-19 como ameaça à saúde pública

Recomendações para acabar com a Covid-19 como ameaça à saúde pública

Em artigo na ‘Nature’, 386 especialistas listam 57 medidas de consenso para combater a doença. Diretora do IOC é uma das autoras
Por Maíra Menezes07/11/2022 - Atualizado em 24/04/2023

Um artigo publicado na revista 'Nature' apresenta uma lista de 57 recomendações com alto grau de consenso entre especialistas para acabar com a ameaça à saúde pública causada pela Covid-19. O trabalho foi elaborado por um painel composto por 386 cientistas de 112 países.

Liderado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), o estudo conta com a participação de dez cientistas brasileiros, sendo seis da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A diretora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Tania Cremonini de Araujo-Jorge, é uma das autoras da pesquisa.

Divididas em seis áreas, as recomendações destacam a importância de desenvolver uma comunicação efetiva; fortalecer os sistemas de saúde; enfatizar a vacinação, mas não exclusivamente; promover medidas de prevenção; expandir os tratamentos e combater as desigualdades. 

Ameaça persistente e perigosa

Os cientistas listam uma série de fatores que fazem com que a Covid-19 permaneça como uma ameaça persistente e perigosa. Entre outros dados, os pesquisadores destacam que o SARS-CoV-2 provocou mais de 630 milhões de casos e mais de 6,5 milhões de mortes até outubro de 2022.

O vírus também prejudicou o atendimento de outras doenças e causa desafios devido à Covid-19 de longa duração. Além disso, o patógeno vem acumulando mutações, o que pode fazer com que, eventualmente, ele consiga escapar da resposta imune provocada pelas vacinas e por infecções anteriores. 

Segundo os cientistas, “apesar dos notáveis avanços científicos e médicos, a resposta do mundo à Covid-19 foi prejudicada por fatores políticos, sociais e comportamentais mais amplos, como informações falsas, hesitação em se vacinar, coordenação global inconsistente e distribuição desigual de equipamentos, vacinas e tratamentos”.

União contra a pandemia

Neste contexto, entre as recomendações com maior grau de consenso entre os especialistas estão: estratégias que envolvam toda a sociedade e todo o governo no enfrentamento da pandemia; a adoção de uma abordagem “vacinas mais”, que emprega medidas de saúde pública e apoio financeiro para complementar a vacinação; e a melhoria da comunicação para reconstruir a confiança do público e envolver as comunidades na gestão das respostas.

Para chegar às recomendações, os pesquisadores utilizaram a metodologia Delphi, que busca obter consenso sobre respostas para questões de pesquisa complexas. O painel de especialistas teve composição multidisciplinar, com diversidade geográfica e participação de especialistas acadêmicos, de instituições de saúde, governos, organizações não governamentais e outros.

Seguindo a metodologia, as declarações e recomendações foram submetidas a diversas rodadas de avaliação até alcançar um grau de consenso elevado. Das 57 recomendações, 51 tiveram 95% ou mais de aprovação e apenas seis apresentaram divergência superior a 5%. 

Além das recomendações, o artigo traz 41 declarações que expressam consensos sobre o estado atual e os desafios no enfrentamento da pandemia. 

Para os especialistas, “as declarações e recomendações de consenso resultantes podem servir como uma base sólida para a tomada de decisões para acabar com o Covid-19 como uma ameaça à saúde pública e permitir uma retomada mais durável das atividades sociais, culturais, religiosas, políticas, de saúde, econômicas e educativas, com menor ônus para as populações vulneráveis”.

Confira abaixo as 10 principais recomendações e acesse o artigo (em inglês) para ler a lista completa de recomendações e declarações.

1 – Área: Sistemas de saúde. Recomendação:  A preparação e o planejamento de resposta à pandemia devem adotar uma abordagem de toda a sociedade, que inclua várias disciplinas, setores e atores (por exemplo, negócios, sociedade civil, engenharia, comunidades religiosas, modelagem matemática, militares, mídia e psicologia). 

2 – Área: Comunicação. Recomendação: Líderes comunitários, especialistas científicos e autoridades de saúde pública devem colaborar para desenvolver mensagens de saúde pública que construam e aumentem a confiança individual e comunitária e usem os meios preferidos de acesso e comunicação para diferentes populações.

3 – Área: Prevenção. Recomendação: Todos os países devem adotar uma abordagem “vacinas mais”, que inclua uma combinação de vacinação contra a Covid-19, medidas de prevenção, tratamento e incentivos financeiros.

4 – Área: Iniquidades pandêmicas. Recomendação: A preparação e a resposta à pandemia devem abordar as iniquidades sociais e de saúde pré-existentes.

5 – Área: Comunicação. Recomendação: As autoridades de saúde pública devem fazer parcerias com indivíduos e organizações confiáveis em suas comunidades para fornecer informações precisas e acessíveis sobre a pandemia e informar as mudanças de comportamento. 

6 – Área: Vacinação. Recomendação: O financiamento governamental, filantrópico e da indústria deve incluir um foco no desenvolvimento de vacinas que forneçam proteção duradoura contra diversas variantes do SARS-CoV-2. 1

7 – Área: Comunicação. Recomendação: Os profissionais e autoridades de saúde pública devem combater proativamente informações falsas com base em mensagens claras, diretas e culturalmente responsivas, livres de jargões científicos desnecessários. 

8 – Área: Sistemas de saúde. Recomendação: As estratégias de preparação e resposta devem adotar abordagens de todo o governo (por exemplo, coordenação multiministerial) para identificar, revisar e abordar a resiliência nos sistemas de saúde. 

9 – Área: Iniquidades pandêmicas. Recomendação: As organizações globais de comércio e saúde devem se coordenar com os países para negociar a transferência de tecnologias que permitam aos fabricantes de países de baixa e média renda desenvolver vacinas, testes e terapêuticas de qualidade garantida e acessíveis.

10 – Área: Tratamento e cuidados. Recomendação: Promover a colaboração multissetorial para acelerar o desenvolvimento de novas terapias para todas as fases da Covid-19 (por exemplo, ambulatório, hospitalização e Covid longa).

Em artigo na ‘Nature’, 386 especialistas listam 57 medidas de consenso para combater a doença. Diretora do IOC é uma das autoras
Por: 
maira

Um artigo publicado na revista 'Nature' apresenta uma lista de 57 recomendações com alto grau de consenso entre especialistas para acabar com a ameaça à saúde pública causada pela Covid-19. O trabalho foi elaborado por um painel composto por 386 cientistas de 112 países.

Liderado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), o estudo conta com a participação de dez cientistas brasileiros, sendo seis da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A diretora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Tania Cremonini de Araujo-Jorge, é uma das autoras da pesquisa.

Divididas em seis áreas, as recomendações destacam a importância de desenvolver uma comunicação efetiva; fortalecer os sistemas de saúde; enfatizar a vacinação, mas não exclusivamente; promover medidas de prevenção; expandir os tratamentos e combater as desigualdades. 

Ameaça persistente e perigosa

Os cientistas listam uma série de fatores que fazem com que a Covid-19 permaneça como uma ameaça persistente e perigosa. Entre outros dados, os pesquisadores destacam que o SARS-CoV-2 provocou mais de 630 milhões de casos e mais de 6,5 milhões de mortes até outubro de 2022.

O vírus também prejudicou o atendimento de outras doenças e causa desafios devido à Covid-19 de longa duração. Além disso, o patógeno vem acumulando mutações, o que pode fazer com que, eventualmente, ele consiga escapar da resposta imune provocada pelas vacinas e por infecções anteriores. 

Segundo os cientistas, “apesar dos notáveis avanços científicos e médicos, a resposta do mundo à Covid-19 foi prejudicada por fatores políticos, sociais e comportamentais mais amplos, como informações falsas, hesitação em se vacinar, coordenação global inconsistente e distribuição desigual de equipamentos, vacinas e tratamentos”.

União contra a pandemia

Neste contexto, entre as recomendações com maior grau de consenso entre os especialistas estão: estratégias que envolvam toda a sociedade e todo o governo no enfrentamento da pandemia; a adoção de uma abordagem “vacinas mais”, que emprega medidas de saúde pública e apoio financeiro para complementar a vacinação; e a melhoria da comunicação para reconstruir a confiança do público e envolver as comunidades na gestão das respostas.

Para chegar às recomendações, os pesquisadores utilizaram a metodologia Delphi, que busca obter consenso sobre respostas para questões de pesquisa complexas. O painel de especialistas teve composição multidisciplinar, com diversidade geográfica e participação de especialistas acadêmicos, de instituições de saúde, governos, organizações não governamentais e outros.

Seguindo a metodologia, as declarações e recomendações foram submetidas a diversas rodadas de avaliação até alcançar um grau de consenso elevado. Das 57 recomendações, 51 tiveram 95% ou mais de aprovação e apenas seis apresentaram divergência superior a 5%. 

Além das recomendações, o artigo traz 41 declarações que expressam consensos sobre o estado atual e os desafios no enfrentamento da pandemia. 

Para os especialistas, “as declarações e recomendações de consenso resultantes podem servir como uma base sólida para a tomada de decisões para acabar com o Covid-19 como uma ameaça à saúde pública e permitir uma retomada mais durável das atividades sociais, culturais, religiosas, políticas, de saúde, econômicas e educativas, com menor ônus para as populações vulneráveis”.

Confira abaixo as 10 principais recomendações e acesse o artigo (em inglês) para ler a lista completa de recomendações e declarações.

1 – Área: Sistemas de saúde. Recomendação:  A preparação e o planejamento de resposta à pandemia devem adotar uma abordagem de toda a sociedade, que inclua várias disciplinas, setores e atores (por exemplo, negócios, sociedade civil, engenharia, comunidades religiosas, modelagem matemática, militares, mídia e psicologia). 

2 – Área: Comunicação. Recomendação: Líderes comunitários, especialistas científicos e autoridades de saúde pública devem colaborar para desenvolver mensagens de saúde pública que construam e aumentem a confiança individual e comunitária e usem os meios preferidos de acesso e comunicação para diferentes populações.

3 – Área: Prevenção. Recomendação: Todos os países devem adotar uma abordagem “vacinas mais”, que inclua uma combinação de vacinação contra a Covid-19, medidas de prevenção, tratamento e incentivos financeiros.

4 – Área: Iniquidades pandêmicas. Recomendação: A preparação e a resposta à pandemia devem abordar as iniquidades sociais e de saúde pré-existentes.

5 – Área: Comunicação. Recomendação: As autoridades de saúde pública devem fazer parcerias com indivíduos e organizações confiáveis em suas comunidades para fornecer informações precisas e acessíveis sobre a pandemia e informar as mudanças de comportamento. 

6 – Área: Vacinação. Recomendação: O financiamento governamental, filantrópico e da indústria deve incluir um foco no desenvolvimento de vacinas que forneçam proteção duradoura contra diversas variantes do SARS-CoV-2. 1

7 – Área: Comunicação. Recomendação: Os profissionais e autoridades de saúde pública devem combater proativamente informações falsas com base em mensagens claras, diretas e culturalmente responsivas, livres de jargões científicos desnecessários. 

8 – Área: Sistemas de saúde. Recomendação: As estratégias de preparação e resposta devem adotar abordagens de todo o governo (por exemplo, coordenação multiministerial) para identificar, revisar e abordar a resiliência nos sistemas de saúde. 

9 – Área: Iniquidades pandêmicas. Recomendação: As organizações globais de comércio e saúde devem se coordenar com os países para negociar a transferência de tecnologias que permitam aos fabricantes de países de baixa e média renda desenvolver vacinas, testes e terapêuticas de qualidade garantida e acessíveis.

10 – Área: Tratamento e cuidados. Recomendação: Promover a colaboração multissetorial para acelerar o desenvolvimento de novas terapias para todas as fases da Covid-19 (por exemplo, ambulatório, hospitalização e Covid longa).

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)