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Monitoramento biológico da água: lições norte-americanas

Pesquisador de Agência de Proteção Ambiental dos EUA defende colaboração com o IOC e papel fundamental da Fiocruz na criação de programa nacional
Por Jornalismo IOC19/08/2010 - Atualizado em 10/12/2019

Umas das principais referências internacionais em monitoramento biológico da qualidade das águas, Robert Hughes é pesquisador da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês) e professor da Oregon State University. O especialista é um dos responsáveis pelo projeto EMAP (Programa de Avaliação e Monitoramento Ambiental), que desde 2007 tem monitorado a qualidade das águas de todo o território norte-americano utilizando diversos indicadores biológicos. Em conferência apresentada no Centro de Estudos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), em 20 de agosto, o pesquisador destacou os desafios e as vantagens da realização de um monitoramento ambiental desse tipo e defendeu a necessidade da integração das iniciativas existentes em território brasileiro para o desenvolvimento de um sistema integrado nacional. Hughes abordou possíveis colaborações com o IOC e destacou o papel da Fiocruz como agente fundamental para o sucesso da iniciativa de integração.  

Rodrigo Méxas

O pesquisador do DEA defende o protagonismo da Fiocruz no estabelecimento de um programa nacional de monitoramento das águas baseados em critérios biológicos   

O especialista apresentou os desafios do desenvolvimento de programas de monitoramento ambiental a partir de indicadores biológicos e químicos. “Para uma avaliação da real condição das águas de uma região, é necessário que o monitoramento seja realizado em pontos aleatórios, não apenas em áreas urbanas ou em áreas conservadas. Só assim é possível determinar qual porcentagem da cobertura hídrica geral – rios, lagos, estuários e demais reservatórios naturais – está em boas ou más condições, quais devem ser preservado e quais é preciso recuperar”, defendeu. “Antes disso, precisamos determinar quais os indicadores e qual metodologia é a mais adequada, além de estabelecer um planejamento de longo prazo, com a definição dos corpos d’água a serem analisados a cada ano e uma reanálise desses pontos após períodos determinados”, explicou.

O EMAP vem realizando pesquisas que abrangem todo o território dos Estados Unidos desde 2007. Os pesquisadores analisam o estado da água em pelo menos mil localidades por ano, levando em consideração uma série de indicadores: peixes, macroinvertebrados (como moluscos e insetos), algas e pássaros, além de realizar análises físico-químicas e das condições físicas do habitat de cada área. “Em 2007, analisamos a água de lagos e reservatórios. Em 2008, de rios vadeáveis [aqueles que podem ser atravessados a pé] e em 2009 de rios navegáveis. Este ano, nosso objetivo são os estuários e no próximo analisaremos áreas alagadas. Em 2012, reiniciaremos o ciclo, voltando a observar os lagos e reservatórios”, enumerou. “Dessa forma, conseguimos realizar um estudo em escala nacional, utilizando sempre a mesma metodologia e por um período continuado de tempo, o que é imprescindível para orientar a tomada de decisão.”

Brasil no caminho certo

Hughes acredita que o Brasil está no caminho certo para o desenvolvimento de um programa de biomonitoramento das águas de abrangência nacional. Para ele, o país conta com iniciativas e pesquisas muitas vezes melhores do que as desenvolvidas nos Estados Unidos e na Europa. O grande desafio, no entanto, é a integração dos grupos que atualmente realizam a análise biológica das águas em território brasileiro.

“Somando todos os grupos, mais de 500 áreas são analisadas hoje no Brasil. No entanto, é preciso que eles adotem as mesmas metodologias e troquem informações, para que se forme uma verdadeira rede nacional. Além disso, há uma enorme concentração de análises no Sul e Sudeste do país. É preciso expandir a atuação destes grupos e incentivar o desenvolvimento de iniciativas em outras regiões”, indicou.

Rodrigo Méxas

Para o pesquisador do IOC Daniel Buss aprender com a experiência dos EUA e da Europa pode ser fundamental para unir os grupos de pesquisa brasileiros, estabelecer metodologias e indicadores unificados e criar política pública sobre o tema  

Parceria e atuação nacional da Fiocruz

O pesquisador norte-americano veio ao Brasil a convite do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental do IOC, com o objetivo de trocar conhecimentos e desenvolver parcerias e colaborações entre Brasil e Estados Unidos na área. Na avaliação de Hughes, a Fiocruz, por sua liderança no campo da saúde e sua projeção nacional, deve assumir o papel de agregar as iniciativas isoladas atualmente em curso no país e adotar participação ativa na formulação de uma política nacional. “O Brasil não está longe de ter capacidade para desenvolver um programa nacional de monitoramento e a Fiocruz tem um importante papel a desempenhar nesse contexto”, afirmou.  

Os pesquisadores Daniel Buss e Darcílio Baptista, que lideram esta linha de pesquisas no laboratório do IOC, coordenam projetos de pesquisa para o monitoramento biológico das águas nas bacias hidrográficas que banham o Estado do Rio de Janeiro e em 32 municípios cujos rios deságuam no reservatório de Itaipu Binacional e no baixo Rio Iguaçu, no Paraná. “É muito importante aprender com experiências como as da EPA, para integrarmos nossos esforços e conseguirmos respaldo governamental, em todas as esferas, para desenvolver um projeto deste porte”, destacou Buss. “Acredito que a Fiocruz tem um importante compromisso a cumprir, não só no protagonismo e estímulo à cooperação entre os grupos que realizam trabalhos semelhantes em outras regiões do Brasil, mas também nas parcerias que estabeleceu com os órgãos ambientais e outros atores sociais, como as comunidades que vêm trabalhando conosco em programas de monitoramento biológico participativo.”

24/08/2010

Marcelo Garcia

.

Pesquisador de Agência de Proteção Ambiental dos EUA defende colaboração com o IOC e papel fundamental da Fiocruz na criação de programa nacional
Por: 
jornalismo

Umas das principais referências internacionais em monitoramento biológico da qualidade das águas, Robert Hughes é pesquisador da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês) e professor da Oregon State University. O especialista é um dos responsáveis pelo projeto EMAP (Programa de Avaliação e Monitoramento Ambiental), que desde 2007 tem monitorado a qualidade das águas de todo o território norte-americano utilizando diversos indicadores biológicos. Em conferência apresentada no Centro de Estudos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), em 20 de agosto, o pesquisador destacou os desafios e as vantagens da realização de um monitoramento ambiental desse tipo e defendeu a necessidade da integração das iniciativas existentes em território brasileiro para o desenvolvimento de um sistema integrado nacional. Hughes abordou possíveis colaborações com o IOC e destacou o papel da Fiocruz como agente fundamental para o sucesso da iniciativa de integração.  

Rodrigo Méxas

O pesquisador do DEA defende o protagonismo da Fiocruz no estabelecimento de um programa nacional de monitoramento das águas baseados em critérios biológicos   

O especialista apresentou os desafios do desenvolvimento de programas de monitoramento ambiental a partir de indicadores biológicos e químicos. “Para uma avaliação da real condição das águas de uma região, é necessário que o monitoramento seja realizado em pontos aleatórios, não apenas em áreas urbanas ou em áreas conservadas. Só assim é possível determinar qual porcentagem da cobertura hídrica geral – rios, lagos, estuários e demais reservatórios naturais – está em boas ou más condições, quais devem ser preservado e quais é preciso recuperar”, defendeu. “Antes disso, precisamos determinar quais os indicadores e qual metodologia é a mais adequada, além de estabelecer um planejamento de longo prazo, com a definição dos corpos d’água a serem analisados a cada ano e uma reanálise desses pontos após períodos determinados”, explicou.

O EMAP vem realizando pesquisas que abrangem todo o território dos Estados Unidos desde 2007. Os pesquisadores analisam o estado da água em pelo menos mil localidades por ano, levando em consideração uma série de indicadores: peixes, macroinvertebrados (como moluscos e insetos), algas e pássaros, além de realizar análises físico-químicas e das condições físicas do habitat de cada área. “Em 2007, analisamos a água de lagos e reservatórios. Em 2008, de rios vadeáveis [aqueles que podem ser atravessados a pé] e em 2009 de rios navegáveis. Este ano, nosso objetivo são os estuários e no próximo analisaremos áreas alagadas. Em 2012, reiniciaremos o ciclo, voltando a observar os lagos e reservatórios”, enumerou. “Dessa forma, conseguimos realizar um estudo em escala nacional, utilizando sempre a mesma metodologia e por um período continuado de tempo, o que é imprescindível para orientar a tomada de decisão.”

Brasil no caminho certo

Hughes acredita que o Brasil está no caminho certo para o desenvolvimento de um programa de biomonitoramento das águas de abrangência nacional. Para ele, o país conta com iniciativas e pesquisas muitas vezes melhores do que as desenvolvidas nos Estados Unidos e na Europa. O grande desafio, no entanto, é a integração dos grupos que atualmente realizam a análise biológica das águas em território brasileiro.

“Somando todos os grupos, mais de 500 áreas são analisadas hoje no Brasil. No entanto, é preciso que eles adotem as mesmas metodologias e troquem informações, para que se forme uma verdadeira rede nacional. Além disso, há uma enorme concentração de análises no Sul e Sudeste do país. É preciso expandir a atuação destes grupos e incentivar o desenvolvimento de iniciativas em outras regiões”, indicou.

Rodrigo Méxas

Para o pesquisador do IOC Daniel Buss aprender com a experiência dos EUA e da Europa pode ser fundamental para unir os grupos de pesquisa brasileiros, estabelecer metodologias e indicadores unificados e criar política pública sobre o tema  

Parceria e atuação nacional da Fiocruz

O pesquisador norte-americano veio ao Brasil a convite do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental do IOC, com o objetivo de trocar conhecimentos e desenvolver parcerias e colaborações entre Brasil e Estados Unidos na área. Na avaliação de Hughes, a Fiocruz, por sua liderança no campo da saúde e sua projeção nacional, deve assumir o papel de agregar as iniciativas isoladas atualmente em curso no país e adotar participação ativa na formulação de uma política nacional. “O Brasil não está longe de ter capacidade para desenvolver um programa nacional de monitoramento e a Fiocruz tem um importante papel a desempenhar nesse contexto”, afirmou.  

Os pesquisadores Daniel Buss e Darcílio Baptista, que lideram esta linha de pesquisas no laboratório do IOC, coordenam projetos de pesquisa para o monitoramento biológico das águas nas bacias hidrográficas que banham o Estado do Rio de Janeiro e em 32 municípios cujos rios deságuam no reservatório de Itaipu Binacional e no baixo Rio Iguaçu, no Paraná. “É muito importante aprender com experiências como as da EPA, para integrarmos nossos esforços e conseguirmos respaldo governamental, em todas as esferas, para desenvolver um projeto deste porte”, destacou Buss. “Acredito que a Fiocruz tem um importante compromisso a cumprir, não só no protagonismo e estímulo à cooperação entre os grupos que realizam trabalhos semelhantes em outras regiões do Brasil, mas também nas parcerias que estabeleceu com os órgãos ambientais e outros atores sociais, como as comunidades que vêm trabalhando conosco em programas de monitoramento biológico participativo.”

24/08/2010

Marcelo Garcia

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Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)