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Fiocruz e parceiros internacionais avançam na ciência aberta em fronteiras da Amazônia

Projeto Mosaic promoveu diálogo com comunidades e instituições fronteiriças em busca de soluções colaborativas para enfrentar impactos climáticos e ambientais na saúde
Por Maíra Menezes12/12/2025 - Atualizado em 17/12/2025
Lideranças da comunidade multiétnica Tiwa, na Colômbia, conversam com pesquisadores do projeto Mosaic sobre parceria para construir sistemas de informação. Foto: Josué Damacena

Desenvolver ferramentas de informação para apoiar comunidades e instituições em áreas de fronteira a enfrentarem impactos das mudanças do clima e do meio ambiente na saúde e no bem-viver.  

Este é o objetivo do projeto internacional Mosaic, sigla em inglês que se refere ao título ‘Aplicação multilocal da ciência aberta na criação de ambientes saudáveis envolvendo comunidades locais’.  

Em novembro, pesquisadores da Fiocruz e de instituições científicas da América do Sul, Europa e África que integram a iniciativa deram mais um passo para avanço da pesquisa em fronteiras amazônicas. 


Ponte Binacional liga Oiapoque, no Amapá, e Saint George de l'Oyapck, na Guiana Francesa. Foto: Josué Damacena

Entre os dias 17 e 21, os cientistas estiveram no Oiapoque, no Amapá, na fronteira entre Brasil e Guiana Francesa. De 24 a 28, a equipe trabalhou em Leticia, na Colômbia, na tríplice fronteira com Brasil e Peru.  

Marcando o segundo ano de desenvolvimento da pesquisa nestes territórios, os pesquisadores promoveram atividades com foco na ciência aberta, com o objetivo de desenvolver soluções em parceria com comunidades locais.  

Nas duas regiões, foram realizados eventos com participação de lideranças indígenas, gestores e profissionais de saúde pública, saúde indígena, meio ambiente e educação, pesquisadores e representantes de organizações não governamentais. 

Cientistas do projeto Mosaic e representantes de instituições brasileiras e colombianas em encontro na Universidade Nacional da Colômbia (Unal). Foto: Josué Damacena

Além disso, no Oiapoque, os cientistas visitaram associações indígenas, bairros construídos recentemente a partir de ocupações em áreas de mata e uma entidade que atua na cooperação em saúde na fronteira.

Em Leticia, foram feitas visitas a comunidades indígenas e um parque nacional natural, com os quais o projeto Mosaic deve colaborar em iniciativas estratégicas, contribuindo para um novo modelo de sistema de saúde indígena da Colômbia e a conservação ambiental. 

Visita ao bairro Independência, no Oiapoque, que começou a ser construído há dois anos em área municipal anteriormente ocupada pela mata. Foto: Josué Damacena

A importância da missão para construir sistemas de informação úteis e acessíveis para comunidades e instituições nas fronteiras é destacada pelos cientistas.

“Estas atividades tiveram objetivo de escuta, para entender quais são as preocupações das pessoas e as dificuldades em lidar com as mudanças climáticas, incluindo eventos extremos. Isso é necessário para criar plataformas de dados importantes para as comunidades, para que elas possam agir localmente para prevenir e se adaptar a essas mudanças, que estão cada vez mais aceleradas” afirma Paulo Peiter, pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e da Plataforma Internacional de Ciência Tecnologia e Inovação em Saúde (PICTIS/Fiocruz), um dos líderes do Mosaic na área de ciência compartilhada com interessados locais. 

“Ciência aberta não é só acesso aos dados científicos, mas também coprodução de conhecimento. As comunidades localmente conhecem o ambiente, mas estes conhecimentos não estão necessariamente integrados aos conhecimentos científicos. Por outro lado, os dados científicos podem ser muito úteis localmente, mas nem todos têm acesso a eles. O projeto Mosaic tem como ambição integrar estes conhecimentos e realmente compartilhar dados entre todos os atores interessados”, ressalta Emmanuel Roux, pesquisador do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), da França, e coordenador geral do Mosaic. 

Adilaudo dos Santos, Maria Anika Valente e Valdene Narciso Felicio apresentaram ações de conservação e pesquisas realizadas como agentes ambientais indígenas (Agamin) no Oiapoque. Foto: Josué Damacena

Os pesquisadores também salientam a relevância das ações para desenvolver estratégias sólidas de integração de dados nas fronteiras. 

“Normalmente, os trabalhos de pesquisa, as ações de saúde e as políticas públicas de dados não atravessam as fronteiras, mas os problemas ambientais, os parasitas, os vetores, as pessoas e os animais fazem isso. Então, o projeto Mosaic tem essa incumbência de construir sistemas de informação que atravessem as fronteiras, que as populações locais possam utilizar para lutar contra mudanças climáticas e degradação ambiental”, aponta Martha Mutis, pesquisadora do IOC/Fiocruz e da PICTIS/Fiocruz, uma das líderes da pesquisa na área de disseminação e aplicação de resultados. 

Mais de 20 pesquisadores do Brasil, Colômbia, França e Quênia participaram das atividades. Ao lado de pesquisadores do IOC/Fiocruz, PICTIS/Fiocruz e IRD, integraram o grupo profissionais do Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia); Universidade de Brasília (UNB); Universidade Nacional da Colômbia (UNAL); Centro Hospitalar Universitário da Guiana Francesa (CHU), Universidade D’Artois (UA), da França; e Centro de Conservação Africano (ACC), do Quênia. 

Calendário sobre eventos climáticos, ambientais e de saúde registrados na tríplice fronteira produzido por representantes de instituições do Brasil e Colômbia em atividade participativa. Foto: Josué Damacena

Iniciado em 2024, o Mosaic tem duração prevista até 2027. Além das duas áreas de fronteira na Amazônia, a pesquisa contempla a fronteira do Quênia com a Tanzânia, no Leste da África. A iniciativa une 15 instituições científicas de sete países.

Coordenado pelo IRD, o projeto é financiado pela União Europeia. Trata-se do primeiro projeto selecionado em edital europeu de fomento à pesquisa com participação da PICTIS, centro de pesquisa estabelecido em colaboração entre Fiocruz, por meio do IOC, e Universidade de Aveiro, em Portugal.  

A missão internacional contou com apoio financeiro dos projetos LMI Sentinela, custeado pelo IRD, e Inovec, com financiamento europeu. As atividades na tríplice fronteira ocorreram também no âmbito do projeto de pesquisa Fefaccion, financiado pela embaixada da França no Brasil.

Cofira nas reportagens os avanços da pesquisa em cada uma das áreas de fronteira.

Encontro do projeto Mosaic no Oiapoque chamou atenção para problemas que atingem especialmente os povos tradicionais
Atividades do projeto Mosaic em Leticia ressaltaram potencial da integração de dados científicos e saberes tradicionais
Projeto Mosaic promoveu diálogo com comunidades e instituições fronteiriças em busca de soluções colaborativas para enfrentar impactos climáticos e ambientais na saúde
Por: 
maira
Lideranças da comunidade multiétnica Tiwa, na Colômbia, conversam com pesquisadores do projeto Mosaic sobre parceria para construir sistemas de informação. Foto: Josué Damacena

Desenvolver ferramentas de informação para apoiar comunidades e instituições em áreas de fronteira a enfrentarem impactos das mudanças do clima e do meio ambiente na saúde e no bem-viver.  

Este é o objetivo do projeto internacional Mosaic, sigla em inglês que se refere ao título ‘Aplicação multilocal da ciência aberta na criação de ambientes saudáveis envolvendo comunidades locais’.  

Em novembro, pesquisadores da Fiocruz e de instituições científicas da América do Sul, Europa e África que integram a iniciativa deram mais um passo para avanço da pesquisa em fronteiras amazônicas. 


Ponte Binacional liga Oiapoque, no Amapá, e Saint George de l'Oyapck, na Guiana Francesa. Foto: Josué Damacena

Entre os dias 17 e 21, os cientistas estiveram no Oiapoque, no Amapá, na fronteira entre Brasil e Guiana Francesa. De 24 a 28, a equipe trabalhou em Leticia, na Colômbia, na tríplice fronteira com Brasil e Peru.  

Marcando o segundo ano de desenvolvimento da pesquisa nestes territórios, os pesquisadores promoveram atividades com foco na ciência aberta, com o objetivo de desenvolver soluções em parceria com comunidades locais.  

Nas duas regiões, foram realizados eventos com participação de lideranças indígenas, gestores e profissionais de saúde pública, saúde indígena, meio ambiente e educação, pesquisadores e representantes de organizações não governamentais. 

Cientistas do projeto Mosaic e representantes de instituições brasileiras e colombianas em encontro na Universidade Nacional da Colômbia (Unal). Foto: Josué Damacena

Além disso, no Oiapoque, os cientistas visitaram associações indígenas, bairros construídos recentemente a partir de ocupações em áreas de mata e uma entidade que atua na cooperação em saúde na fronteira.

Em Leticia, foram feitas visitas a comunidades indígenas e um parque nacional natural, com os quais o projeto Mosaic deve colaborar em iniciativas estratégicas, contribuindo para um novo modelo de sistema de saúde indígena da Colômbia e a conservação ambiental. 

Visita ao bairro Independência, no Oiapoque, que começou a ser construído há dois anos em área municipal anteriormente ocupada pela mata. Foto: Josué Damacena

A importância da missão para construir sistemas de informação úteis e acessíveis para comunidades e instituições nas fronteiras é destacada pelos cientistas.

“Estas atividades tiveram objetivo de escuta, para entender quais são as preocupações das pessoas e as dificuldades em lidar com as mudanças climáticas, incluindo eventos extremos. Isso é necessário para criar plataformas de dados importantes para as comunidades, para que elas possam agir localmente para prevenir e se adaptar a essas mudanças, que estão cada vez mais aceleradas” afirma Paulo Peiter, pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e da Plataforma Internacional de Ciência Tecnologia e Inovação em Saúde (PICTIS/Fiocruz), um dos líderes do Mosaic na área de ciência compartilhada com interessados locais. 

“Ciência aberta não é só acesso aos dados científicos, mas também coprodução de conhecimento. As comunidades localmente conhecem o ambiente, mas estes conhecimentos não estão necessariamente integrados aos conhecimentos científicos. Por outro lado, os dados científicos podem ser muito úteis localmente, mas nem todos têm acesso a eles. O projeto Mosaic tem como ambição integrar estes conhecimentos e realmente compartilhar dados entre todos os atores interessados”, ressalta Emmanuel Roux, pesquisador do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), da França, e coordenador geral do Mosaic. 

Adilaudo dos Santos, Maria Anika Valente e Valdene Narciso Felicio apresentaram ações de conservação e pesquisas realizadas como agentes ambientais indígenas (Agamin) no Oiapoque. Foto: Josué Damacena

Os pesquisadores também salientam a relevância das ações para desenvolver estratégias sólidas de integração de dados nas fronteiras. 

“Normalmente, os trabalhos de pesquisa, as ações de saúde e as políticas públicas de dados não atravessam as fronteiras, mas os problemas ambientais, os parasitas, os vetores, as pessoas e os animais fazem isso. Então, o projeto Mosaic tem essa incumbência de construir sistemas de informação que atravessem as fronteiras, que as populações locais possam utilizar para lutar contra mudanças climáticas e degradação ambiental”, aponta Martha Mutis, pesquisadora do IOC/Fiocruz e da PICTIS/Fiocruz, uma das líderes da pesquisa na área de disseminação e aplicação de resultados. 

Mais de 20 pesquisadores do Brasil, Colômbia, França e Quênia participaram das atividades. Ao lado de pesquisadores do IOC/Fiocruz, PICTIS/Fiocruz e IRD, integraram o grupo profissionais do Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia); Universidade de Brasília (UNB); Universidade Nacional da Colômbia (UNAL); Centro Hospitalar Universitário da Guiana Francesa (CHU), Universidade D’Artois (UA), da França; e Centro de Conservação Africano (ACC), do Quênia. 

Calendário sobre eventos climáticos, ambientais e de saúde registrados na tríplice fronteira produzido por representantes de instituições do Brasil e Colômbia em atividade participativa. Foto: Josué Damacena

Iniciado em 2024, o Mosaic tem duração prevista até 2027. Além das duas áreas de fronteira na Amazônia, a pesquisa contempla a fronteira do Quênia com a Tanzânia, no Leste da África. A iniciativa une 15 instituições científicas de sete países.

Coordenado pelo IRD, o projeto é financiado pela União Europeia. Trata-se do primeiro projeto selecionado em edital europeu de fomento à pesquisa com participação da PICTIS, centro de pesquisa estabelecido em colaboração entre Fiocruz, por meio do IOC, e Universidade de Aveiro, em Portugal.  

A missão internacional contou com apoio financeiro dos projetos LMI Sentinela, custeado pelo IRD, e Inovec, com financiamento europeu. As atividades na tríplice fronteira ocorreram também no âmbito do projeto de pesquisa Fefaccion, financiado pela embaixada da França no Brasil.

Cofira nas reportagens os avanços da pesquisa em cada uma das áreas de fronteira.

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)